Estrelas além do tempo: como as mulheres da NASA nos ensinam a ser a melhor versão de nós mesmas
Outro dia, voltando do trabalho, decidi zapear no telecine e acabei me deparando com Estrelas além do Tempo. Já sabia do Oscar, do quanto as atrizes são feras e como o roteiro com contexto racial era forte e do drama ao retratar a corrida espacial entre União Soviética e Estados Unidos e tudo mais, mas não imaginava que por trás de tudo isso ainda iria encontrar lições maravilhosas sobre liderança, trabalho em equipe, e autoconfiança, tão importantes para qualquer empreendedor/intraempreendor ou se preferir, agente de inovação/transformação.
Primeiro que as três arrasam em determinação, coragem e força de vontade. Em alguns momentos dá vontade de você entrar na tela e estapear os colegas machistas e racistas que as destratam no dia a dia, mas aí você percebe claramente que o ditado se encaixa muito bem: “o que ELES falam sobre você, diz mais a respeito DELES do que de você. ”
E é isso mesmo o que acontece quando o personagem Paul Stafford (Jim Parsons), ator e intérprete do maravilhoso Sheldon Cooper de The Big Bang Theory, despreza o trabalho de Katherine Johnson (Taraji P. Henson), não passando informações fundamentais para que ela possa fazer corretamente suas análises matemáticas para colocar o primeiro homem norte-americano no espaço. Puro medo, insegurança, além, é claro, do preconceito não só racial, mas de gênero, pelo fato de ser uma MULHER e NEGRA na NASA, em 1960.
Não fosse só esse tapa na cara, o filme retrata a luta de uma outra personagem Mary Jackson (Janelle Monáe) que sonha em ser engenheira da NASA, tem conhecimento técnico para isso, tem o apoio de suas lideranças, mas o sistema faz com que cada vez que ela busque uma oportunidade, a régua suba a ponto de torná-la inelegível, além disso, ela vive o dilema entre o equilíbrio esposa/mãe/profissional, quando o próprio marido a desestimula de concorrer a posição porque acredita que seu lugar é em casa, com a família, criando os filhos. (Não, essa história não acaba em divórcio porque, felizmente, o personagem se redime no meio do filme) e passa a ser um grande incentivador da carreira de sua mulher.
E a terceira e mais maravilhosa personagem do filme Dorothy Vaughn (Octavia Spencer), que despensa apresentações. Quem assistiu Histórias Cruzadas certamente ganhou uma nova atriz para admirar. Em Estrelas além do tempo ela não deixa por menos. Supervisora informal de uma área da NASA, ela está na luta pela tão sonhada promoção, que não veio formalmente, apenas nas responsabilidades de organizar o departamento e liderar um time inteiro pela influência, e não pela autoridade, que como a própria chefe dela faz questão de ressaltar: não será concedida.
Você pode estar se perguntando, mas e o que isso tem a ver com empreendedorismo/inovação ou intraempreendedorismo?
A questão é a mudança de postura e comportamento das três personagens que passam a primeira parte do filme reclamando de como são injustiçadas, da falta de oportunidades e como tudo isso faz elas terem uma vontade imensa de desistir e ocupar o papel que a sociedade as impôs: donas de casa/mães, sem estudo ou aspirações profissionais. Quando elas se dão conta de que o sonho é delas e de mais ninguém, automaticamente passam a enfrentar todos os desafios buscando com flexibilidade uma saída para cada uma das situações.
Quando elas se dão conta de o sonho é delas e de mais ninguém, automaticamente passam a enfrentar todos os desafios buscando com flexibilidade uma saída em cada uma das situações.
A maravilhosa, Dorothy Vaughn (Octavia Spencer), por exemplo, rouba um livro de uma biblioteca pública (na época esse livro só estava disponível na seção reservada aos brancos) para aprender sobre os computadores da IBM que passariam não só a tornar o seu trabalho como o de toda sua equipe obsoleta. Ela aprendeu tão bem, que substituiu o time de suporte da empresa, operando a máquina quando ninguém mais sabia fazê-lo, e ensinando todo o seu time a fazer o mesmo. No fim, acabou não só virando supervisora do seu departamento, mas de toda uma divisão de mulheres (brancas e negras) vencendo as barreiras do preconceito. Uma lição de vida para quem não aceita o status quo, mas ri e passa por cima dele por uma crença e uma fé inabalável em sua competência e no potencial de seu time.
Cada uma das três personagens atua como uma representação de um momento na fase do empreendedor, 1) a descrença que sofremos quando queremos inovar ou desafiar o status quo, 1) a criação de obstáculos cada vez mais intransponíveis, que nos levam ao limite de nossa sanidade para fazer acontecer diante de processos morosos e a falta de vontade dos demais envolvidos, e, por último, 3) a superação que vem aliada a uma fé inabalável e a crença em si mesmo, que faz você tirar das entranhas forças para seguir adiante e motivar aqueles que acreditam em você e depositam no seu trabalho a esperança para um futuro melhor.
Katherine, Mary e Dorothy vivem dentro de você
Qualquer um que trabalhe com inovação seja em sua própria empresa, ou em projetos para marcas ou grandes companhias, certamente vive as agruras que as três personagens vivem. Isso não deve ser motivo para você desistir, ao contrário, use como combustível para seu foguete, ou de catalizador para seus sonhos, se preferir, mas saiba também que isso é inerente ao processo de mudança. Se você aceita a missão de transformar (pois isso está no seu DNA), assim como o desafio de mostrar para o mundo que é possível fazer melhor de um jeito diferente, por favor, aprenda: desistir não é uma opção. Agradar 100% também não.
Portanto, aqui vai um conselho muito generoso que serve para você que está pensando em chutar o pau da barraca por causa de como os outros te tratam, você minha amiga, que tem esse perfil, vai encontrar problemas em qualquer lugar porque você é a origem da transformação que, consequentemente, é a causa do “problema”. Mudança gera desconforto. Ponto final. E se servir de consolo, posso dizer que, com o tempo, você conseguirá mostrar o seu valor, e trazer pessoas importantes para seu time, seja ele sua equipe, seus parceiros, colegas ou fornecedores que compartilham de valores como os seus.
Acredite, seu avião vai decolar, seu projeto vai sair do papel, e ainda assim, muita gente vai dizer: que você não mereceu, que não estava preparado, que deu sorte, que o que você está fazendo nem é tão legal assim, que o mercado não responde, que o produto não é bom, que a concorrência vai inovar logo e fazer melhor, que seus apoiadores estão todos errados, que seu time não tem capacidade, que você não dá conta, e que uma hora alguém vai dar um jeito de te frear, nem que seja a vida, cobrando a função social que ELES acham que foi designada a você, mulher. Para todas essas horas: lembre-se: o que eles dizem de você, diz muito mais sobre ELES, do que sobre você.
Performance = Potencial - interferência.
TAKE YOUR PASSION AND MAKE IT HAPPEN.
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6 aMadeline Freitas
Técnico de Apoio Universitário, Técnico de Biblioteca.
6 aO filme é maravilhoso! E nós temos a Jaqueline Lyra, brasileira há 20 anos trabalha na NASA e foi responsável por levar o primeiro robô a Marte.
Gerente de Eficiência Operacional | Gerente de Qualidade e Processos | Gerente de Qualidade | Gerente de Processos | Gerente de Operações
6 aEsse filme é ótimo!