Inovação não é coisa de millenials é coisa de gente empreendedora e isso não tem idade

Há cerca de um mês, tive a honra de participar do 85º Congresso Mundial da Indústria de Eventos, em São Petesburgo, na Rússia e trocar experiências durante quatro dias com lideranças deste mercado vindas de todos os cantos do planeta para discutir disrupção e o futuro da indústria de eventos no mundo justamente na era da transformação digital.

Durante uma das palestras, uma pergunta me chamou a atenção e decidi escrever esse artigo baseado no que respondi para a audiência ali presente. A pergunta era, se no futuro, millenials ou não, nós seríamos levados a ter uma atitude mais tradicional ou convencional - assim como os profissionais das antigas gerações têm hoje - na hora de liderar negócios e tomar decisões.

A pergunta me chamou a atenção porque um dos membros da audiência disse que em uma palestra que ele ministrou em algum evento sobre a indústria para os jovens, a resposta de um dos millenials entrevistados foi justamente a de que, sim, talvez quando ele fosse “mais velho”, tivesse casa, carro, contas para pagar e um cachorro, talvez sim, ele pensasse de uma maneira mais convencional.

Para mim, inovação, não está relacionada a idade, às contas a pagar, ao seu financiamento bancário ou às responsabilidades que você tem, seja um casamento, um cachorro ou filhos para criar. Inovação está diretamente ligada a maneira como você enxerga o mundo e o propósito que tem na vida. Por exemplo: Você quer criar algo em sua vida? Apenas experimentar a vida ou deixar um legado para as próximas gerações? 

Quero dizer, ao mesmo tempo em que você pode encontrar pessoas jovens com uma mentalidade convencional (por exemplo, “Eu vim para o mundo para conquistar algo e desfrutar dos benefícios disso porque eu mereço), um pensamento muito ligado a “cultura do ter”, você também pode encontrar pessoas muito experientes que mantêm suas mentes no futuro e acreditam que vieram ao mundo para deixar um legado para as próximas gerações, porque acreditam na “cultura do ser”, acima de qualquer coisa.

Ter ou ser, eis a questão?

Sem dúvida, eu acredito na cultura do ser. Em deixar este mundão de meu Deus, melhor do que o encontrei. Ensinar e compartilhar experiências, ajudando a criar projetos, produtos e oportunidades que serão lembrados pelos demais porque causaram um grande impacto nas futuras gerações. É, portanto, muito mais uma mentalidade ligada ao seu propósito de vida, seus valores e às experiências que teve do que, é claro, a sua data de nascimento. 

Tem muita gente jovem por aí, que não se desafia a arriscar algo novo, ou mudar de emprego, ou criar um modelo de negócio porque seus valores estão relacionados à segurança em vez do desafio. E tudo bem. O mundo precisa de diferentes tipos de pessoas, para diferentes tipos de desafios e projetos. Ao mesmo tempo, você encontra pessoas mais maduras com uma incrível capacidade de se reinventar a cada dia para manter seus negócios competitivos no futuro para as próximas gerações, e que apostam suas fichas em se tornar a melhor versão de si mesmas aprendendo e reaprendendo a cada dia. 

Eu realmente acredito que o que nós realmente amamos na mentalidade dos millenials está muito mais ligada a alguns poucos exemplos, do que a toda uma geração. Alguns millenials que foram excepcionais o bastante para desafiar seus mercados, negócios consolidados, e uma cultura estabelecida por pensar diferente durante sua juventude. Por causa desses millenials excepcionais como Mark Zuckerberg (Facebook) e David Karp (Tumblr), toda uma geração se tornou símbolo de que jovens também podem comandar os negócios e o mundo. Nunca isso foi tão escancarado e discutido como em nossa geração. Que bom! É uma evolução impulsionada, sim, pela tecnologia e pelos novos modos de consumo, mas que deu voz a todo um conjunto de pessoas que sempre quis ser ouvido e por gerações padecia da falta de oportunidade.

Para mim, porém, inovação não tem nada a ver com isso. É sobre ser empreendedor e ter espírito empreendedor, algo que sempre o fará enxergar o mundo não como ele é, mas como ele poderia ser. Quero dizer, como esse mundo poderia ser melhor se fizéssemos uma melhoria aqui e outra ali. Inquietos que pensam dessa forma nunca terão seu mindset envelhecido. E mais, saberão trabalhar em equipe, “mentorar” jovens profissionais, trazer gente nova para seu time, e ser um líder inspirador, o que é bom para profissionais de qualquer idade.  

“Uma mente que se abre para uma nova ideia nunca retorna a seu tamanho original”. 

Uma vez empreendedor, sempre empreendedor. Isso significa que você pode ter 62 anos (como um de meus alunos de marketing digital) e, mesmo assim, ser considerado um millenial também, porque tem mentalidade inovadora, humildade para voltar para a sala de aula aprender o que precisa, e se juntar aos demais colegas para construir e compartilhar algo novo. Isso não envelhece e isso é para sempre. Como diria Albert Einstein: “Uma mente que se abre para uma nova ideia nunca retorna a seu tamanho original”.