Estresse tóxico na primeira infância
Foto extraída do site: https://cnj.dj.emp.br/
Uma criança maltratada nas fases iniciais de sua vida pode sofrer, mais tarde, de transtornos comportamentais muitas vezes irreversíveis. Daí a necessidade de pensar a primeira infância de maneira a fortalecer os vínculos parentais de maneira saudável para o bom desenvolvimento integral dessa criança. Esse descuido associado à violência, ao abuso e ao abandono afetam diretamente na saúde física e emocional além de causar estragos na atividade cerebral.
Hoje, no Brasil, já temos várias legislações, e o Marco Legal da Primeira Infância, Lei 13.257/2016, uma das mais recentes, fortificam a necessidade de se implementar ações e programas que realmente façam a diferença na vida de muitas crianças que vivem em situação de vulnerabilidade a partir do seio familiar. Mais afinal de contas o que seria o estresse tóxico aqui mencionado? Então, o estresse tóxico é uma resposta fisiológica a uma ação não esperada, que pode ser de medo ou de necessidade da criança, e quando desencadeada provoca mudanças químicas no corpo que afetam os sistemas imunológico, endócrino e neurológico.
Como vivemos em um país onde a desigualdade é grande, muitas famílias devido a condições adversas de privações e escassez, podem repassar a essas crianças seus desconfortos entre membros da família e suas situações de vida e assim as expõem a abusos emocionais ou físicos elevando assim a carga estresse, e nesse caso tóxico, porque é algo negativo que poderá repercutir por toda a vida dessa criança. Um exemplo de estresse tóxico é a separação de uma mãe de sua criança nos anos iniciais de vida. Essa separação que muitas vezes são causadas pela necessidade, dessa mãe, de sair para trabalhar visto que muitas vezes ela é a provedora da família, a criança que fica aos cuidados de outras pessoas, familiares ou não, adultos ou não, sente o impacto imediato do estresse causado pela ausência dessa acolhida do responsável principal por ela. Assim diante do estresse causado e prolongado tanto o corpo como o cérebro ficam em constante estado de alerta que prejudicam o desenvolvimento saudável dessa criança.
Existe muito a se fazer mais sabemos que muito já foi feito juntamente com as medidas legislativas que garantem a interferência do Estado em ações e programas que favorecem e capacitam famílias, instituições e sociedades do quão importante é cuidar dessa primeira etapa de vida. Um exemplo de melhoria trazida pela legislação é o aumento da licença paternidade e maternidade, que ajuda o casal a participar por mais tempo dos primeiros dias de vida da criança. A ciência já tem comprovado, com os vários estudos, que os investimentos com a primeira infância é positivo para todos os envolvidos, em todas as esferas e classes sociais. A possibilidade de diminuir os casos de estresse tóxico é alcançável a começar pelo apoio às famílias, para que entendam seu papel e o quão importante é estabelecer relações seguras e estáveis a partir do âmbito familiar e assim sucessivamente.
Escrito por Lucinete de Sousa Lima - Graduada em Letras Espanhol e Letras Francês pela Universidade de Brasília - UnB e aluna da Pós-graduação na modalidade Mestrado Profissional em Educação pela Universidade de Brasília – UnB com seu foco de pesquisa voltado para política pública na primeira infância, especificamente a Lei 13.257/2016, conhecida como Marco Legal da Primeira Infância, lucinetes@hotmail.com.
Professor
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