Funções executivas na infância
Você já ouviu falar sobre a funções executivas na infância? Então, elas são entendidas como habilidades cognitivas essenciais para controlar pensamentos, emoções e as ações do indivíduo, diante das desordens, da irreflexão e da abstração.
O papel das funções executivas, quando falamos da infância, é de suma importância para o melhor desenvolvimento dos passos seguintes do indivíduo para que, na idade adulta, ele possa encontrar formas mais favoráveis de se comportar durante sua evolução.
Um aspecto relevante a ser levado em consideração é, mais uma vez, a questão do ambiente em que essa criança vive, pois ao tratarmos das categorias que envolvem as funções executivas, o espaço físico vem a estabelecer uma dimensão indispensável para o desenvolvimento do “autocontrole”, da “boa memória” e da “flexibilidade cognitiva” que são as três categorias de competências das funções executivas.
O fato é que, quando falamos de um país onde a pobreza é maioria, é difícil não acreditar que essas funções executivas possa ser deficientes uma vez que é na fase inicial da vida que as crianças funcionam como antenas e ficam sensíveis às experiências, que podem ser boa ou ruins, e que poderão ser prejudicial para as etapas seguintes. E, sequencialmente, ainda é possível afirmar que os efeitos desse repertório existencial inicial pode acarretar diversos outros problemas tais como diagnósticos equivocados de transtornos de aprendizagem, de transtornos de personalidade e ainda de TDAH.
Por outro lado é possível vislumbrar ainda que, mesmo as crianças oriundas de um ambiente escasso de recursos físicos, ou seja, vivendo em uma casa sem condições de abrigar adequadamente uma família, podemos encontrar uma estrutura familiar equilibrada psicologicamente que busca executar uma relação positiva e reforçadora no seio familiar ao ponto de proteger e educar os filhos de tal maneira que as funções executivas fluem ao seu nível mais elevado.
Dessa maneira, para que seja possível o incremento dessas habilidades é preciso pensamos na sociedade em que vivemos e principalmente qual ambiente familiar esta criança está inserida para que os estímulos possam ocorrer logo nas fases iniciais. Adicionalmente a capacidade de agir com o pensamento, de manter a concentração, de consolidar informações na mente e estabelecer relação entre temas diversos e ainda a melhor adaptabilidade às mudanças que ocorrem no dia a dia é inevitável a necessidade de uma família em condições psicológicas e econômicas que possam ser capazes de favorecer um ambiente aberto à propagação do desenvolvimento físico, intelectual e emocional.
Por fim, uma pergunta surge a partir das explicações acima: se não podemos mudar o ambiente de muitas famílias, o que poderia ser feito para estimular as funções executivas na primeira infância, de 0 a 6 anos, para que as etapas seguintes tivessem uma resposta positiva que se propagasse por toda a vida? São muitas as respostas e iniciativas nessa área, e acredito que cada um contribuindo com o seu melhor isso possa ser possível.
Lucinete de Sousa Lima, é licenciada em Letras/Francês e Letras/Espanhol pela Universidade de Brasília-UnB, e mestranda em Educação Profissional também pela UnB.