ESTUDANTE

   Hoje 11 de agosto é o dia do estudante. Somos todos estudantes. Na verdade todo dia é dia do estudante.  A vida inteira.

   Quando se fala em estudante vem logo na nossa mente, a nossa vida enquanto estudante, com um certo saudosismo, as nossas lutas, dificuldades, alegria e sonhos deste tempo. Vem na memória o nosso tempo de criança e da juventude, enquanto estudante. Na verdade somos eternos estudantes. A escola é sempre o ponto de referência.

   Lembro quando tive contato pela primeira vez com o estudo formal. Foi lá na escolinha rural Isolda Reunida Getúlio Vargas, que ficava na área rural da cidade de Marialva-PR. Lembro bem!

   Foi uma alegria. Primeiro por encontrar muitos amigos e novas amizades surgirem naturalmente, amigos da mesma idade minha. Depois por encontrar as professoras que viraram uma referência para mim e são ainda até hoje e por fim a curiosidade e alegria de ter contato com outro tipo de conhecimento, que ia muito além do conhecimento natural e familiar que eu tinha.

   Tudo isso me encantou e chamou muita a minha a atenção. Mas tudo era muito precário ainda, mas era o começo, o começo de minha vida como estudante, que não parou mais até hoje, não vai parar, vai continuar por muito tempo ainda. Como esquecer este tempo bom!

   Foi ali que aprendi as primeiras letras, a ler e escrever e a fazer algumas contas. Foi o começo de tudo. Marcou muito, não tem como esquecer.

   Depois, quando minha família mudou-se para a cidade de Maringá, no ano de 1974, fui estudar Colégio Estadual João XXIII, que ficava perto da minha casa. Depois fui estudar numa extensão Colégio João XXIII, que ficava perto do antigo aeroporto de Maringá , o Colégio chamava-se  Campos Sales. Lembro bem. Eu era um menino vindo do sítio, com apenas 13 anos de idade. O Colégio João XXIII, para mim, era enorme. Aos poucos fui fazendo amizades com professores e colegas da minha idade.

   Estudei até a quinta série neste colégio. Cheguei a estudar a noite quando fui para o Campos Sales, pois já tinha começado a trabalhar em um açougue durante o dia.

   Depois minha família mudou-se para o bairro Jardim Alvorada, na cidade de Maringá. Matriculei-me no Colégio Estadual Unidade Polo. Também um colégio enorme. Ali terminei o ensino fundamental e os dois primeiros anos do ensino médio. Estudei neste colégio até aos 17 anos. Trabalhava durante o dia todo e estudava a noite. Foi um período muito bom. Lembro com muita saudade.

   Depois estudei um ano no Colégio Dr. Gastão Vidigal no período noturno.  Recordo que saia do trabalho  e ia direto para o colégio estudar, com minha bicicleta, muitas vezes sem janta. Estudei também, um tempo, no Colégio Paraná.

   Foi assim minha vida de estudante. Foi assim que cursei o ensino fundamental e médio. Com todas as dificuldades de um estudante comum. Com dificuldades, mas com alegrias e sonhos. Nunca pensei em desistir, Tinha muito claro a importância do estudo para minha vida. Boas lembranças de um estudante.

   De tudo isso que passei, na minha vida de estudante, o que mais marcou, foi o convívio no ambiente escolar, com colegas e professores.

   Depois fui estudar em Curitiba, onde fiz minha graduação. Passei no vestibular e matriculei-me na PUC-PR, no curso de filosofia. Acredito que foi para mim os anos mais intensos e produtivos da minha vida estudantil. Estava mais maduro com meus 20 anos. Além de ter uma participação ativa na vida estudantil  e em todos os debates e estudos que ocorriam na universidade e em outros locais da cidade de Curitiba. Participei muito do movimento estudantil. Em algumas oportunidades como dirigente. Fui eleito pelos alunos do meu curso para dirigir o Centro Acadêmico de Filosofia e participei do DCE(Diretório Acadêmico dos Estudantes) da PUC-PR.

   Era o início dos anos oitenta. Estávamos sentindo sinais que o Regime Militar que governava o Brasil estava preste a chegar ao fim. Era o fim de mais de vinte anos de Ditadura Militar no Brasil. Que de fato ocorreu no ano de 1985, com a saída do último general do poder. Vivíamos um ambiente de extrema politização, todos se envolviam. Imagina os estudantes! Era o sonho de um pais livre, com  liberdade política e individuais, de redemocratização, de justiça social, começar uma nova fase, com esperança de que seria muito melhor. Participei ativamente deste momento como estudante e cidadão.

    Aprendi muito. Amadureci muito. Era a práxis. Teoria e prática juntas. Era a minha vida de estudante, minha e de todos os estudantes da época.

  Depois no ano de 1985 voltei para a cidade de Maringá. Fui lecionar. Mas não deixei nunca de ser estudante. Logo fui participar como estudante do curso de Pós-Graduação na Universidade Estadual de Maringá. Era o curso de História Social do Trabalho.

   É um pouco da minha vida de estudante, em busca do conhecimento. Mas que nunca parou e não vai parar nunca de ser estudante.

   A construção do conhecimento vem do esforço do estudante, da postura permanente de estudante, vem do estudo, da nossa pratica, da nossa intuição, da nossa vida, do mundo. Mas sem dedicação e estudo, sem ser estudante, fica mais difícil chegar ao conhecimento.

   Com diz Teilhard de Chardin a respeito do conhecimento: " A paisagem se decifra e se ilumina. Esse é o privilégio do conhecimento humano. Vê-se." Ser estudante é uma atitude. Chega-se ao conhecimento. Vale a pena.

   Devemos ser estudantes, sempre estudantes.

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