Estudo polêmico
Estudo polêmico. Discordância de sexo entre paciente e cirurgião pode influenciar nos desfechos pós-operatórios?
ARTIGO DA SEMANA
Será que o sexo do cirurgião (masculino ou feminino) poderia influenciar nos desfechos pós-cirúrgicos dos pacientes? Um estudo científico recente (e polêmico) publicado na última semana pela revista JAMA Surgery revela que a discordância de sexo cirurgião-paciente pode ter alguma influência.
Pesquisadores canadenses conduziram um estudo de coorte retrospectivo, com pacientes submetidos a diferentes procedimentos cirúrgicos no período entre 2007 e 2019. Eles avaliaram desfechos pós-operatórios (que incluíam morte, complicações e reinternações) após 30 dias da cirurgia, comparando pacientes que realizaram o procedimento cirúrgico por médicos do mesmo sexo com aqueles que realizaram a cirurgia com um cirurgião do sexo oposto.
No total, foram avaliados 1.320.108 pacientes tratados por 2.937 cirurgiões, estratificados nos seguintes grupos:
| 602.560 pacientes concordantes quanto ao sexo:
| 717.548 pacientes discordantes quanto ao sexo:
Resultados:
14,9% dos pacientes (189.390) apresentaram 1 ou mais resultados pós-operatórios adversos nos casos de discordância de sexo: 22.931 (1,7%) morreram, 88.132 (6,7%) foram readmitidos e 114.421 (8,7%) tiveram complicações significativas nos 30 dias após a cirurgia. Assim, a discordância de sexo entre o cirurgião e o paciente foi associada a um aumento significativo da probabilidade de resultados pós-operatórios adversos.
E sabe qual o grupo impulsionado com os piores resultados? Pacientes do sexo feminino tratados por médicos do sexo masculino (o que não aconteceu entre pacientes do sexo masculino tratados por médicos do sexo feminino).
Em resumo, os resultados demonstraram que pacientes tratados por cirurgiãs podem ter melhores resultados pós-operatórios do que aqueles tratadas por cirurgiões do sexo masculino.
Mas é claro... é preciso muita cautela na interpretação desses dados e evitar qualquer tipo de julgamento prévio!
Embora o mecanismo ainda não tenha sido elucidado, alguns estudiosos sugerem que possa existir um pior relacionamento, particularmente entre médicos do sexo masculino e pacientes do sexo feminino, o que impactaria negativamente sobre as medidas do processo. Por exemplo: alguns estudos anteriores atribuem uma subestimação da gravidade dos sintomas em pacientes do sexo feminino, principalmente entre os médicos do sexo masculino, no que tange ao relato sobre nível de dor e adesão a protocolos de cuidados preventivos (como a triagem de câncer).
Apesar de não medidos, é preciso considerar que fatores socioculturais, viés inconsciente e estilos de comunicação podem ser potencialmente importantes. É provável que a relação médico-paciente possa ser fortalecida por uma identidade compartilhada, que pode ser motivada não apenas pelo sexo, mas também pela raça e etnia ou outras crenças e valores pessoais.
Compreender as causas subjacentes a essas observações oferece o potencial para melhorar o atendimento a todos os pacientes. Esse estudo, certamente, cria possibilidades de discussão na tentativa de encontrar os principais fatores associados a esses desfechos negativos e assim, permite discutir intervenções para reduzir complicações pós-cirúrgicas modificáveis.
| Redação do The DNA | Paulo Marcelo De Andrade Lima, PhD em Ciências
Principais manchetes
Sabe aquele conhecido que usa e abusa de vitamina D? Ele pode estar em perigo!
O relato. O British Medical Journal (BMJ) publicou o relato de caso de um homem de 50 anos que foi ao hospital com sintomas gastrointestinais, cãibras, zumbido, boca seca, polidipsia e perda de 12,7 kg de peso em 3 meses. Ao final do exame físico, os sinais vitais eram normais, ele estava caquético e tinha dor abdominal difusa leve. Os sintomas começaram há 3 meses e 1 mês após o início do uso de vitaminas em superdose.
Quais são os sinais e sintomas de intoxicação por vitamina D?
The DNA explica. As manifestações derivam principalmente da hipercalcemia, uma vez que a vitamina D, quando ativada, promove absorção de cálcio e reabsorção óssea. Os sintomas que podem ser encontrados são:
Na investigação complementar do caso apresentado no BMJ, os médicos solicitaram exames laboratoriais, parasitológico de fezes e exames de imagem (para exclusão de complicações, como a nefrocalcinose).
Tá! E o que você deve fazer se um caso desse aparecer no seu plantão? Calma, The DNA news esclarece:
Deve-se descontinuar a vitamina D, realizar hidratação, estabelecer uma dieta pobre em cálcio e prescrever esteróides. É possível também realizar terapia com bisfosfonatos.
Fique atento.
Há relatos na literatura que a hipervitaminose D é mais provável de ocorrer em mulheres, crianças, atletas e populações cirúrgicas.
Menina de 13 anos teve remissão total da Leucemia com terapia genética
Uma nova esperança. Menina de 13 anos teve remissão total da Leucemia após tratamento com células modificadas geneticamente. Alyssa recebeu o diagnóstico da doença em 2021 e tentou todos os tratamentos convencionais para o câncer, incluindo quimioterapia e transplante de medula óssea.
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Em maio de 2022, a menina se tornou a primeira paciente a receber células modificadas geneticamente de um doador saudável. Como? Foi realizada uma edição de base em células T do doador. As novas células T se tornaram capazes de caçar e “matar” as células T cancerígenas de Alyssa.
Ok, legal! Mas não respondeu como. Calma, The DNA news explica para você. Ao todo foram realizadas 4 edições de base, cada uma com seu propósito.
1ª - Desativou o mecanismo de direcionamento das células T para que não atacassem o corpo de Alyssa.
2ª - Removeu uma marcação química, chamada CD7, que está em todas as células T.
3ª - Foi uma capa invisível que impedia que as células fossem mortas por uma droga quimioterápica.
4ª - O estágio final da modificação genética instruiu as células T a rastrear qualquer coisa com a marcação CD7 para que destruísse todas as células T de seu corpo — incluindo as cancerígenas.
Com o sucesso da terapia, Alyssa receberá um segundo transplante de medula óssea para a reconstrução de seu sistema imunológico. Alyssa é apenas a primeira de 10 pessoas a receber o tratamento como parte de um ensaio clínico.
Hospitalizações por Covid e gripe aumentam à medida que os feriados se aproximam, enquanto RSV recua em alguns estados
Final de ano chegando e o mês de dezembro parece o mês mais curto do ano. Festa, alegria, presentes e... internações . O número de hospitalizações por Covid e gripe estão aumentando nos EUA.
Os hospitais estão enfrentando a ameaça simultânea de Covid, gripe e vírus sincicial respiratório RSV. Grande justificativa para essa tríplice ameaça é o relaxamento com o uso de máscaras e distanciamento social.
As autoridades de saúde pública disseram que muitas pessoas provavelmente estão mais vulneráveis à gripe e ao RSV neste ano porque não foram infectadas nos últimos dois anos, o que significa que sua imunidade é menor.
A taxa de hospitalização por gripe permanece no nível mais alto para esta época do ano em uma década. As hospitalizações de pessoas com Covid aumentaram cerca de 14%, e mais de 50% dos hospitalizados com Covid têm 70 anos ou mais, segundo matéria da CNBC.
O que acontece nos EUA necessariamente acontecerá no Brasil ? Estamos diante de uma nova onda?
Não necessariamente. Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alexandre Naime Barbosa, em entrevista para a CNN Brasil, não há nova onda, mas, sim, um aumento esperado devido a uma variante mais transmissível da Ômicron.
É importante lembrar que, apesar das datas festivas na maioria dos países no mundo, os EUA estão no inverno, período em que as pessoas se mantêm em locais fechados — o que propicia a contaminação viral.
Giro de notícias
American Journal of Preventive Medicine. Consumo de ultraprocessados está ligado a 57 mil mortes prematuras em 2019 no Brasil
Redução da ingestão pela metade poderia evitar 51% desses óbitos, aponta estudo do núcleo de pesquisas em nutrição e saúde da USP.
The Washington Post. O que é a síndrome da pessoa rígida? Celine Dion anunciou que foi diagnosticada com essa condição neurológica incurável
A cantora Celine Dion anunciou que foi diagnosticada com um raro distúrbio neurológico chamado “síndrome da pessoa rígida”, uma doença neurológica incurável que afeta o sistema nervoso, especificamente o cérebro e a medula espinal.
A equipe técnica de Lula discute ampliar o uso da rede privada para acabar com fila do SUS e quer plano emergencial contra falta de medicamentos.
Image Challenge
Uma mulher de 81 anos com história de cirrose relacionada ao vírus da hepatite C e carcinoma hepatocelular, tratada 9 dias antes com quimioembolização transarterial com o uso de esferas eluidoras de doxorrubicina, apresentou lesões cutâneas dolorosas e com piora progressiva no abdome . A biópsia de pele revelou necrose epidérmica e oclusão de pequenos vasos na derme reticular. Qual é a causa mais provável da necrose epidérmica?
a) Embolia aérea
b) Embolia Bacteriana
c) Embolia com esferas de eluição de drogas
d) Embolia Colesterol
e) Embolia Tumoral
Até amanhã
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