Esvazie sua mala.
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Esvazie sua mala.

Um amigo e sua namorada estão organizando uma viagem para Europa para a qual cada um levará apenas uma mochila. O principal objetivo da viagem será pedalarem todo o caminho de Santiago de Compostela, o que, além de limitá-los a essas duas mochilas, também exige que elas sejam o mais leve possível, uma vez que as carregarão em suas costas por centenas de quilômetros. Conversando com eles há poucos dias, sua namorada disse algo que ficou comigo: em suas palavras, ela disse que quando preparamos nossas malas, colocamos nelas nossos medos. Isso explica o fato de algumas pessoas levaram muitos agasalhos, outras muitos medicamentos, outras muita maquiagem, e assim por diante: cada um carrega o que tem mais medo, seja medo de passar frio, de ficar doente ou de parecer mais feio do que acredita que é.

Pensando no que ela disse, que me pareceu muito acertado, tentei ampliar o conceito e tenho chegado à conclusão de que a mesma ideia é muito verdadeira para outros aspectos de nossas vidas: sempre carregamos nossos medos conosco, não só em nossas malas, mas dentro de nós. Sempre que nos preparamos para algum evento, nossa preparação passa por tais medos. Se pensarmos em nossos líderes, por exemplo, em todos que tivemos diretamente lidando conosco, ou com os quais tivemos ou temos algum tipo de relacionamento (mesmo que seja apenas observando), podemos identificar os medos que cada um carrega.

Tirando o foco dos outros e trazendo para nós, nos convido a uma auto-observação: o que colocamos em nossas malas, ou, se preferem, como nos preparamos para os eventos de nossa vida? Pense no que você carrega quando sai de casa para o trabalho, quando se prepara para uma reunião com seus superiores, quando a reunião é com seus subordinados, quando é com fornecedores, quando é com clientes; se possível estenda a ideia e as perguntas para sua vida pessoal e pense também no que você carrega quando volta para casa, quando visita sua família, quando pensa em sua carreira, ou em mudar o rumo de sua vida e siga com esse questionamento ou análise para todas demais situações que você quiser.

Você pode pensar que não carrega medo algum em nenhuma dessas situações que listei acima. Eu duvido. Se preferir não chamar de medo, pode chamar do que quiser, mas você se prepara para tais momentos, na maioria das vezes, pelo que tenho concluído, baseado nesse sentimento, tenha o nome que você quiser dar: precaução, receio ou fobia, como profissionais da área de psicologia normalmente chamam. Não quero aqui desqualificar ninguém por isso, justamente por acreditar que todos temos nossos medos de estimação, que carregamos mesmo quando só levamos um quase nada de bagagem conosco.

Lembro de duas viagens longas que fiz para as quais me obriguei a levar um quase nada de roupas e bugigangas e tento me recordar de como o fiz. Concluo que não sabia o que estava fazendo naqueles momentos, mas o que provavelmente fiz é o que aconselho a todos: deixei medos para trás. Certamente não deixei todos, mas certamente também não tinha espaço para alguns e estes foram abandonados, por opção ou por falta da mesma. De qualquer forma, o que posso lhes dizer é que viajei mais leve e recomendo a experiência. Não senti falta de nenhum dos medos abandonados, juro. Dar-se conta de que você precisa de menos do que pensa e que os medos ficam apenas dentro de sua cabeça traz paz, conforto e nos dá auto-confiança. quiçá, auto-conhecimento.

Pense sobre você: você viajaria por um mês levando apenas uma mala? E se fosse por dois meses? Se estiver fácil, pense se a viagem durasse todo um ano, ou se fosse ainda mais longa, se fosse uma viagem para sempre: você caberia com todos seus medos em uma mala? Espero que sim. Se não, meu conselho é se fazer caber, deixar para trás o que você justifica como sendo essencial, ou uma questão de segurança ou ainda de bom senso, mas que não passa de apenas um medo: você não precisa dele. Fique pronto para viajar e só levar você mesmo, que é tudo que você precisa.

Gilkea Maciel

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7 a

Creio que por intuição, desde que comecei a viajar em 1988 eu levo apenas uma mala média. Já viajei pelo mundo, faltando apenas a Austrália e Nova Zelândia. Estava na Tailândia certa vez e percebi uma companheira que transportava uma mala do maior tamanho, mas que se vestia horrivelmente mal.

dra Marlene Souza

MTC / acupuntura/medicina ortomolecular/naturopatia / homeopatia clínica e tratamento homeopata TEA / medicina funcional integrativa

7 a

Quem nos ?? Quem ?? Um dia seremos tão iluminados para fazer uma viagem qualquer que seja , levando apenas nos ???? Aí aí ..muito bom !!!

Pura verdade....quando meu filho era bebe fui viajar um fim de semana e preparei 3 malas. No meio da viagem descobri que esqueci todas em casa. Nenhuma me fez falta. Menos eh mais.

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