EU MESMO ME COBRO O SUFICIENTE

EU MESMO ME COBRO O SUFICIENTE


Conheço pessoas que tem tudo para serem livres e independentes. Mas se cobram tanto que estão presas em si mesmas. O mundo corporativo nem precisa mais aumentar a pressão, essas pessoas já se cobram o suficiente. Esse fenômeno é bastante comum e pode ser atribuído a vários fatores interconectados. Por que isso tudo está acontecendo?

A sociedade moderna, especialmente no mundo corporativo, valoriza muito a produtividade e o sucesso. As pessoas são frequentemente avaliadas com base em suas realizações e desempenho, o que pode levar a uma autoexigência excessiva.

Com a prevalência das redes sociais, as pessoas estão constantemente expostas às realizações e aos sucessos dos outros. Isso pode criar uma pressão para alcançar o mesmo nível de sucesso, levando à autocobrança.

Muitas vezes, as pessoas têm padrões internos muito altos e acreditam que precisam ser perfeitas ou alcançar certos objetivos para serem consideradas bem-sucedidas. Isso pode gerar uma pressão interna constante.

Ansiedade, perfeccionismo e medo do fracasso são fatores psicológicos que contribuem para a autoexigência. Pessoas que lutam com esses problemas tendem a se cobrar mais para evitar sentimentos de inadequação ou fracasso.

As empresas podem, direta ou indiretamente, incentivar uma cultura de alta pressão e competição. Mesmo que a empresa não aumente explicitamente a pressão, a cultura organizacional pode levar os indivíduos a sentirem que precisam se esforçar constantemente para se destacar.

Muitas pessoas buscam validação externa para se sentirem valiosas e dignas. Isso pode levar a um ciclo de autoexigência, onde elas sentem que precisam constantemente provar seu valor através do desempenho e das realizações.

A falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional pode levar à exaustão e ao burnout. As pessoas podem sentir que precisam estar sempre disponíveis e produtivas, mesmo fora do horário de trabalho.

Essa combinação de fatores cria um ambiente onde a autoexigência é exacerbada, muitas vezes resultando em estresse, ansiedade e burnout. É importante promover uma cultura de autocuidado, equilíbrio e compaixão consigo mesmo para ajudar a mitigar esses efeitos.

Fico me questionando por que, mesmo quando essas pessoas percebem que isso está acontecendo não conseguem sair desse hábito insano? Entendo que existem várias razões pelas quais as pessoas têm dificuldade em romper com o hábito da autoexigência excessiva, mesmo quando percebem que ele está prejudicando seu bem-estar, vou trazer alguns para juntos avaliarmos possíveis caminhos:

Crenças Internas Profundas: Muitas vezes, a autoexigência está enraizada em crenças profundas sobre valor próprio e sucesso. Essas crenças podem ter sido formadas ao longo da vida e são difíceis de mudar.

Reforço Social: Mesmo que a autoexigência cause sofrimento, ela frequentemente traz recompensas externas, como reconhecimento, promoções e sucesso profissional. Esse reforço pode dificultar a mudança de comportamento.

Medo do Fracasso: O medo de falhar ou ser visto como incompetente pode ser tão grande que a ideia de reduzir a autoexigência parece arriscada. As pessoas podem temer que, ao relaxar seus padrões, perderão a aprovação e o respeito dos outros.

Identidade Pessoal: Para muitas pessoas, seu senso de identidade está ligado ao seu desempenho e realizações. Mudar esse comportamento pode ser percebido como uma ameaça à sua identidade pessoal.

Hábitos Enraizados: A autoexigência pode se tornar um hábito tão enraizado que as pessoas nem percebem quando estão se cobrando demais. Mudança de hábitos requer tempo, esforço e autoconsciência constante.

Ambiente e Cultura: Se o ambiente ao redor continua a valorizar e recompensar a alta performance e a produtividade, pode ser difícil para o indivíduo se desvencilhar dessa pressão. A cultura organizacional e social pode perpetuar a autoexigência.

Pressão Interna e Externa: A combinação de pressão interna (autoimposta) e externa (expectativas sociais e profissionais) cria um ciclo difícil de quebrar. Mesmo quando a pressão externa diminui, a pressão interna pode continuar a ser uma força poderosa.

Superar a autoexigência excessiva geralmente requer um trabalho profundo de autoconhecimento e, muitas vezes, o apoio de um profissional, como um psicólogo ou coach. Práticas como terapia, mindfulness e meditação podem ajudar as pessoas a desenvolverem novas maneiras de pensar e se relacionar com suas próprias expectativas e realizações.

Fabio Abate

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