Existe stress ideal?
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Existe stress ideal?

As pessoas estão cada vez mais estressadas.

Mesmo antes da pandemia, o Brasil já era considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo.

Os impactos, incertezas e medos gerados pela COVID-19 vieram colocar ainda mais luz no tema saúde mental. O problema é grave e só vem escalando...

As causas para o aumento do stress são inúmeras. Vivemos num mundo cada dia mais caracterizado pela incerteza e por mudanças cada vez mais rápidas.

Certeza é uma das necessidades do nosso cérebro. Queremos saber o que vai acontecer. Buscamos controlar tudo, até o que é incontrolável.

Mudar envolve se adaptar ao novo e o desconhecido sempre nos gera medos e pré-ocupações.

A sensação de não ter certeza, de não ter controle, de não saber o que virá depois...tudo isso aumenta o nosso “termômetro do stress”.

As consequências desse aumento de stress também são muitas – mais suicídios, mais síndrome de burnout, pessoas, famílias, relações e ambientes de trabalho cada vez mais estressantes.

Em situações intensas de stress, vivenciamos um fenômeno conhecido como “visão de túnel”. É como se a gente não conseguisse pensar em outra coisa, focando toda a nossa atenção exclusivamente no problema, na ameaça, na preocupação, no fato gerador de stress.  Nesse estado, não conseguimos ver nem a “luz no fim do túnel”...

Mas, calma existe solução para lidar com tanto stress!

Precisamos aprender a gerenciar o nosso próprio stress e para isso existem 2 rotas:

1.Tratamento: quando o stress já está num nível elevado, a pessoa precisa de intervenção. Se você estiver sentindo sua imunidade cair e as coisas que você adorava fazer estão perdendo o sentido, corra, peça ajuda!  

2.Prevenção: essa é a melhor rota - podemos navegar nessa direção quando a pessoa consegue perceber a necessidade de cuidar melhor de si e da sua qualidade de vida.

Vamos explorar essa segunda rota e navegar juntos por ela?

Você vai precisar levar 3 coisas: sua curiosidade, compaixão e coragem. Essa navegação começa por dentro - a gestão do stress é feita “de dentro pra fora”.

Não tem fórmula mágica, mas tem estratégias, ferramentas e bússola!

Stress é uma reação automática do nosso organismo tentando se adaptar a algo, portanto, ele não pode ser eliminado das nossas vidas.

Stress faz parte da vida! Porém, é preciso compreender a diferença entre stress “bom” e stress “ruim”.

Stress negativo é o stress em excesso. É quando a gente ultrapassa os nossos limites, talvez por não conhecer ou por não respeitar.  

Stress positivo é o stress em sua fase inicial do “alerta”. É quando o nosso organismo produz adrenalina, aumentando até a nossa produtividade. Porém, mesmo sendo positivo, não é sustentável. Ninguém consegue ficar estado de alerta por muito tempo...

E sim, existe o stress ideal! Ele representa o nosso ponto de equilíbrio:

  • É quando a gente aprende a gerenciar a fase de alerta, conseguindo “calibrar” entre “estar alerta e sair do alerta”.
  • É quando a gente reconhece os eventos estressores (internos e externos) e cria estratégias para lidar com eles, colocando energia no que pode mudar ou influenciar.
  • É quando a gente consegue “ouvir”, a tempo, os sinais de stress no nosso corpo, as vozes da nossa mente e o que as nossas emoções estão nos “dizendo”.
  • É quando o nosso organismo aprende a se adaptar as situações desafiadoras, sabendo encontrar o seu equilíbrio.

Cada um possui o seu ponto. Tem pessoas que que passam por grandes adversidades com maior resiliência, sem que o seu nível de stress aumente tanto. Há outras que se estressam excessivamente frente a pequenos eventos, fazendo-os parecerem grandes catástrofes.

A bússola aponta para dentro de você. É nessa direção que você deve navegar...

E pra te ajudar, vou compartilhar uma solução. São 3 passos que podem contribuir para que você encontre o seu ponto de equilíbrio, sempre que precisar:

Passo 1: Identifique suas principais fontes EXTERNAS de stress:

Exemplos de mudanças na vida que podem gerar alto stress: mudanças no trabalho, de residência, dificuldades financeiras, casamento, gravidez, doenças, separação  ambiente de trabalho e líderes tóxicos etc.

Passo 2: Identifique suas principais fontes INTERNAS de stress:

Simmm, o stress pode estar dentro de você! Alguns exemplos: não saber dizer não para os outros, insegurança, medo de não ser bom o suficiente, de não ser aceito, reconhecido ou amado, necessidade de controlar tudo e todos, perfeccionismo, competição constante, excesso de foco no passado ou no futuro, mal humor, dificuldade de perdoar etc

Passo 3: Escolha a melhor estratégia de enfrentamento para cada fonte estressora:

Agora que você já tem mapeadas as suas principais fontes de stress, as que estão te gerando maior desequilíbrio e gasto de energia nesse momento, escolha a estratégia para lidar com cada uma delas. Assim, você para de agir no piloto automático.

Marilda Lipp, grande referência em gestão do stress, nos ensina diferentes estratégias. Cada situação pode exigir uma nova escolha. Nesse artigo, escolhi compartilhar, 3 estratégias, que são consideradas as mais eficazes:

- Pró-ativas: Use e abuse das estratégias que focam na resolução do problema sempre que for possível você ter algum controle da situação. Aqui o foco é modificar ou eliminar os fatores estressores da sua vida. Essas são a primeira escolha das pessoas que lidam bem com o stress!

- Cognitivas: Use quando não for possível mudar a situação, mas você conseguir modificar a sua interpretação sobre o fato.  Tente contar uma nova história, olhando sob um novo ponto de vista. Busque o que “tem de bom” ou mesmo o que você pode aprender com esse desconforto. Essa é uma alternativa capaz de mudar o seu estado emocional e mental, e consequentemente a sua atitude frente ao fator estressante, já que terá que continuar lidando com ele.

- Aceitação: Use essa estratégia quando não for possível mudar o evento estressor, quando você não tiver controle, nem influência sobre a situação e enquanto você não conseguir mudar sua interpretação. Nesse caso, apenas acolha as suas emoções (raiva, tristeza..). Aceitar não significa se acomodar e sim escolher onde você vai colocar a sua energia, com a intenção de cuidar da sua saúde mental.

Lembre-se que todas as fontes estressoras, externas ou internas, exigem gasto da nossa energia adaptativa.

Quanto mais você se conhecer e aprender a utilizar essas estratégias de enfrentamento, mais leve será a navegação. Mais rápido você se reequilibrará, mesmo diante dos mares mais turbulentos.

O ponto de equilíbrio é seu! Não se compare, não faça competição de stress, tire sua capa de herói (ou heroína) e apenas navegue - no seu ritmo, da sua forma, com os seus próprios recursos, buscando o seu “stress ideal” e experimentando as estratégias que mais dão resultados para você!

E bora seguir a sua navegação, com mais consciência e equilíbrio, pela rota da prevenção!

Por Ellen Ravaglio, psicóloga e co-criadora do Programa Gestão do Stress da VIKAAS.

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