Existe um Perfil Ideal de Conselheiro? Como a Neurociência Auxilia Cada Perfil nas Tomadas de Decisões
No mercado atual, surge uma pergunta constante entre os que se preparam para atuar em conselhos corporativos: “Existe um perfil de conselheiro ideal?” A resposta, ao contrário do que muitos imaginam, é um firme "não". E essa não é uma resposta qualquer; é fundamentada na neurociência, na prática empresarial e nas reais necessidades das organizações.
Imagine uma equipe de conselheiros formada apenas por perfis analíticos e avessos a riscos. Agora, pense no outro extremo: uma equipe só de perfis visionários e ousados, dispostos a mudar tudo rapidamente. Em ambos os cenários, o conselho enfrentaria graves dificuldades. Na prática, uma boa governança demanda a combinação de diferentes tipos de inteligência, comportamentos e, principalmente, estilos de decisão. Cada conselheiro, com sua própria visão de mundo, acrescenta uma peça ao quebra-cabeça da organização, e é exatamente essa diversidade de perspectivas que leva a melhores decisões estratégicas.
A Neurociência na Tomada de Decisões do Conselheiro
A neurociência revela que nossos cérebros operam em dois sistemas de pensamento, como bem descrito pelo psicólogo Daniel Kahneman em seu famoso livro “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”. Temos o Sistema 1, rápido, instintivo e emocional, e o Sistema 2, lento, analítico e racional. Conselheiros com diferentes perfis tendem a ter preferências por um desses sistemas, mas o que faz um conselho eficaz é a capacidade de equilibrar esses dois modos de pensamento, principalmente em decisões que impactam toda a organização.
Cada perfil de conselheiro, portanto, se beneficia da neurociência de maneira distinta:
1. O Conselheiro Visionário: Geralmente, é aquele que prefere o Sistema 1. Ele age com base na intuição e é capaz de enxergar possibilidades que outros não veem. A neurociência pode ajudar esse perfil a tomar decisões mais equilibradas, mostrando como integrar análises de dados e abordagens mais racionais para não se deixar levar apenas pelo instinto. Para o visionário, o desafio é desacelerar, revisar as variáveis e ajustar seu pensamento para considerar riscos e resultados de longo prazo.
2. O Conselheiro Analítico: Este tende a operar mais no Sistema 2, com um perfil racional e detalhista, avaliando cada dado antes de decidir. A neurociência sugere que o analítico pode se beneficiar ao explorar o Sistema 1, cultivando a confiança em sua intuição e desenvolvendo a sensibilidade para detectar oportunidades emergentes. Isso permite decisões que equilibram lógica e velocidade.
3. O Conselheiro Mediador: Geralmente, ele atua como “ponte” entre diferentes pontos de vista e tem alta inteligência emocional. Embora inclinado a usar os dois sistemas de pensamento, o mediador pode se beneficiar do entendimento neurocientífico das emoções e vieses, especialmente em situações de conflito. Esse conselheiro aprende a reconhecer o impacto de emoções inconscientes nos outros e em si mesmo, o que ajuda a tomar decisões ponderadas e a facilitar o consenso dentro do conselho.
4. O Conselheiro Pragmático: Voltado para resultados e com foco prático, ele quer ver planos concretos em ação. Costuma preferir o Sistema 2 para estruturar e executar, mas pode ser inflexível nas análises. A neurociência o ajuda a desenvolver mais flexibilidade mental, incentivando-o a olhar para o longo prazo e a incluir fatores emocionais em suas decisões, principalmente quando o cenário exige adaptações rápidas.
Recomendados pelo LinkedIn
A Neurociência para Todos os Perfis: Evitando Vieses e Tomando Decisões Mais Eficazes
Além dessas características individuais, a neurociência nos alerta para a presença constante dos vieses cognitivos. Vieses como o de confirmação (onde buscamos informações que sustentem nossas crenças) e a ancoragem (a tendência de nos basearmos na primeira informação recebida) podem afetar decisões críticas. Ao entender o impacto desses vieses, cada conselheiro, independentemente do perfil, consegue tomar decisões mais conscientes, evitando armadilhas mentais.
O mais importante é entender que a neurociência não “molda” um perfil ideal, mas ajuda cada conselheiro a explorar ao máximo seu próprio potencial e a complementar as habilidades de outros no conselho. A diversidade é uma vantagem competitiva, e, quando bem aproveitada, cria um conselho mais equilibrado, com decisões mais robustas e estratégicas.
Em Resumo
O conselho ideal não é aquele que busca um perfil único, mas que celebra a diversidade e aplica a neurociência para elevar a performance de cada membro. A integração entre razão e intuição, entre o Sistema 1 e o Sistema 2, é o segredo para decisões melhores. E o papel da neurociência é, justamente, mostrar como cada conselheiro pode explorar esses recursos, ampliando sua capacidade de julgamento e de adaptação.
Afinal, não é sobre ser o conselheiro ideal. É sobre entender o seu valor único e saber contribuir para uma estratégia de sucesso. Afinal, como já dizia o ditado, “A diversidade nos conselhos não é um diferencial. É uma necessidade.”
Artigo escrito para o Conselho Empresarial da Saúde da Board Academy Br
Módulo: Liderança e Estratégia em Processos Decisórios
Facilitador: José Helio Contador Filho
Conselheiro Consultivo Einstein Alphaville, sócio da HCont Neuroexpert - Neuromentoria e Neurotreinamentos Corporativos e Embaixador Leader X e Board Academy.
2 mParabéns Thiago Silva. Saber aproveitar o melhor que cada um tem a oferecer é o segredo do verdadeiro Líder.