FÍSICA RADIOLÓGICA: FATORES QUE INFLUENCIAM NA PRODUÇÃO DOS RAIOS X

FÍSICA RADIOLÓGICA: FATORES QUE INFLUENCIAM NA PRODUÇÃO DOS RAIOS X

FORMA DE ONDA DA VOLTAGEM

 O fornecimento de energia elétrica está na forma de 60 Hz (60 ciclos por segundo) de corrente alternada, o que significa uma reversão no fluxo da corrente a cada 60 ciclos. A voltagem máxima se aplica só por um instante, na maioria das vezes a voltagem é menor do que esta e cai para zero a cada 120 vezes por segundo. A curva que mostra como a voltagem se modifica com o tempo chama-se onda de voltagem. A voltagem fornecida a um gerador de raios X é normalmente de um valor máximo equivalente a 220 V, por meio dos transformadores essa voltagem é elevada para fornecer às altas voltagens necessárias para a produção de raios X, enquanto ao mesmo tempo o fluxo da corrente é controlado pelos retificadores de voltagem mantendo-se sempre na direção do catodo para o anodo o que denominamos polaridade. Disso resulta um feixe de raios X com grande número de comprimentos de onda diferentes e somente parte dessa radiação  tem energia suficiente para gerar a imagem radiográfica.

 MILIAMPERAGEM

 A quantidade de elétrons é controlada pela temperatura do filamento cátodo o que é feito pelo ajuste da corrente elétrica do mesmo, uma vez que é dotado de um circuito elétrico próprio de baixa voltagem. Dessa forma quanto maior a temperatura do filamento, maior o número de elétrons disponíveis para formar a corrente de elétrons, ou seja, a corrente no interior do tubo de raios X, onde o número de elétrons por segundo é medido por miliamperes mA (1 mA = 1/1.000 ampères).

 ABSORÇÃO DOS RAIOS X

 Como principal propriedade dos raios X, descrevemos a penetração dos mesmos na matéria, contudo não são todos esses que possuem a capacidade de penetrar a matéria, alguns são absorvidos e outros não são absorvidos, compondo assim a imagem aérea.

 FATORES QUE AFETAM NA ABSORÇÃO DE RAIOS X

 a) Espessura do absorvedor

Podemos intuir de súbito que quanto maior a espessura de um material, ou seja, quanto mais grosso, maior a absorção de raio X, o contrário para um pedaço fino do mesmo material como por exemplo, um centímetro de alumínio absorve mais raio X que um milímetro de espessura do mesmo.

 b) Densidade do absorvedor

Como se sabe densidade diz respeito a massa por unidade de volume (d = m/v), assim um material de maior densidade é mais absorvedor que um de menor densidade.

 c) Número atômico do absorvente

Constitui-se num dos principais fatores que afetam as características de absorção dos raios X. Por exemplo, uma folha de alumínio cujo Nº Atômico é menor que o de uma folha de chumbo absorve uma quantia menor de raios X em relação as folhas de chumbo. Por esse motivo é que utilizamos o chumbo como principal material para proteção radiológica, seja como, blindagem para o tubo ou revestimento para as paredes da sala de raios X, luvas e aventais protetores. Essa absorção depende do nº atômico e está relacionada a energia do feixe raios X incidente. Outra aplicação desta relação entre o nº atômico e a energia dos raios X está na seleção do material fosforescente dos Intensificadores para irradiação

 d) Meio de contraste

Numa Urografia excretora, onde o meio de contraste está no interior das veias sanguíneas diferenciando-as das estruturas ao seu redor devido a sua alta absorção de raios X. As substâncias que absorvem mais raios X que as estruturas ao seu redor, tais como o sulfato de Bário, são denominadas substâncias radiopacas; e, as substâncias menos absorventes como é o caso do ar são denominadas radio transparente. Tem o objetivo de aumentar as diferenças de absorção entre as várias estruturas do corpo e regiões a sua volta que sejam objetivos da radiografia diagnóstica, assim alguns meios contrastantes são introduzidos a estas estruturas. Constituem-se de substâncias que diferem em densidade e em nº atômico dos tecidos animais. Entre essas substâncias a mais habitualmente utilizadas pelo técnico de raios X é o sulfato de Bário e o ar que são utilizados para realçar o trato gastrointestinal, ainda substâncias orgânicas que contém Iodo e outros gases, por exemplo, o bióxido de Carbono, cuja utilidade está em realçar o sistema vascular, urinário, linfático, respiratório e ainda o canal vertebral

 e) Kilovoltagem

Os raios X produzidos por baixa Kilovoltagem possuem um maior comprimento de onda o que por sua vez os torna menos penetrantes que aqueles produzidos com alta kilovoltagem devido à diferença dos seus comprimentos de onda. Quanto maior a voltagem, menor o comprimento de onda e vice-versa.

 f) Filtração

Constitui-se numa forma de se remover do feixe de raios X aqueles raios que possuem menor energia e por conseqüência, menos penetrantes, utilizando-se dos conceitos de absorção. Num primeiro momento, existe o que denominamos filtração inerente que é a filtração que o feixe de raios X sofre ao ultrapassar o vidro constituinte da ampola, ou seja, é uma filtração que ocorre sem a intervenção externa do técnico. A filtragem adicional é aquela cujo filtro consiste numa folha de material metálico inserido no feixe de raios X (no caso de radiodiagnóstico esse filtro é composto de alumínio). A soma da filtragem inerente mais a filtragem adicional nos dão o que é denominado filtragem total do feixe de raios X e é muitas vezes especificada em milímetros de alumínio. Como sabemos o feixe de raios X é composto por fótons de diferentes energias e com  baixa energia são absorvidos e os de maior energia o atravessam. Dessa forma, teremos um feixe composto por fótons de maior energia e, portanto, altamente penetrantes.  Esse processo é também denominado endurecimento do feixe.

 g) Composição do alvo

Já notamos a maioria dos tubos de Raios-X possuem um alvo de tungstênio pelas propriedades já comentadas ou ainda podem ser constituídas de uma liga de Rênio (Re) e Tungstênio (W) e para o caso de algumas aplicações especiais como é o caso da mamografia, o alvo é de Molibdênio (Mo).

 ABSORÇÃO DIFERENCIAL

 Tendo em vista que o corpo humano é constituído de estruturas de diferentes espessuras e densidades e ainda de diferentes matérias devemos considerar tudo isso quando vamos realizar uma radiografia diagnóstica. Essas matérias possuem graus de absorção de raios X variáveis, por exemplo, o osso animal é mais absorvente que um tecido macio qualquer principalmente pelas diferenças de número atômico de suas substâncias constituintes. Como fator diferenciador a idade do paciente também pode influir na imagem radiográfica, pois com o aumento da idade maior a quantidade de materiais absorvidos pelo corpo e incorporados ao mesmo principalmente no que diz respeito aos tecidos ósseos. Essa diferença de absorção entre osso e tecido pode ser também alterada com a kilovoltagem no qual fora realizada a radiografia. Assim que os raios X emergem do corpo, diferentes áreas do feixe contêm diferentes intensidades de radiação o que resulta das diferenças de absorção que ocorrem quando o feixe atravessa o corpo constituindo-se dessa forma o que é denominada imagem aérea. A relação entre intensidade de raios X que emerge de uma parte de um objeto e uma intensidade que emerge de uma parte próxima mais absorvente é denominada contraste do sujeito. O contraste do sujeito depende de sua própria natureza, ou seja, diferenças de espessura e de composição, da qualidade da radiação o que significa dizer que depende dos fatores que afetam na absorção dos raios X.

 FATORES DE EXPOSIÇÃO QUE AFETAM NA FORMAÇÃO DA IMAGEM AÉREA

 O que se quer ressaltar aqui é o padrão de intensidades de raios X que emergem do corpo, dependendo de fatores como a miliamperagem, a distância, a kilovoltagem e a forma de onda de voltagem:

 a) Miliamperagem

Se aumentarmos a miliamperagem, aumentamos a intensidade do feixe de raios X, ou seja, aumentamos o nº de fótons no mesmo e vice-versa. Dessa forma conforme a miliamperagem e a intensidade dos raios X todos os padrões de intensidade que atravessam o corpo, também aumentam.

 b) Distância

Podemos alterar a intensidade dos raios X numa imagem aérea colocando-se o tubo longe ou perto do objeto (paciente) a ser radiografado, em outras palavras quer dizer que podemos alterar a intensidade do feixe com a distância entre foco e objeto onde foco diz respeito a janela de saída do feixe de raio X no tubo.

Conforme a distância foco-objeto a intensidade dos raios X aumenta quando a distância diminui e vice-versa, isso ocorre porque tanto o raios X como a luz visível caminham em linha reta e divergente.

 c) Kilovoltagem e forma de onda de voltagem

Uma mudança na kilovoltagem pode causar diversos efeitos, entre eles o mais importante é uma mudança no poder de penetração, dessa forma, a intensidade do feixe também é modificada. Quando aumentamos a kilovoltagem, aumentamos também todos os comprimentos de onda dos raios X presentes no feixe.  Quando a kilovoltagem ou a forma de onda é modificada, altera-se não somente a intensidade dos raios X, mas também o contraste do sujeito. Aumentando-se a kilovoltagem ou mudando-se de um gerador monofásico para um trifásico diminuímos o contraste do sujeito; diminuindo-se a kilovoltagem ou mudando-se de um gerador trifásico para um monofásico, aumentamos o contraste do sujeito.

EFEITO ANÓDICO

 Em termos usuais quando utilizamos um tubo de raios X convencional, podemos observar que há uma variação na sua intensidade devido ao ângulo no qual os raios X emergem a partir do foco. Aqueles raios X que saem em ângulos quase paralelos da face do alvo percorrem trajetos maiores, mais absorventes no alvo e têm mais probabilidade de serem bloqueados na superfície do que aqueles que emergem em ângulos maiores que a face do alvo. Essa variação na intensidade associada com o ângulo de emissão dos raios X do ponto de foco é denominada efeito talão. Como demonstrado acima, a intensidade do feixe diminui bastante rapidamente do raio central em direção ao extremo anódino do tubo e aumenta levemente em direção ao extremo catódico, o efeito talão aumenta conforme o ângulo do ânodo diminui.  O efeito talão pode ser útil para obtenção de densidades equilibradas em radiografias das partes do corpo que diferem em absorção como, por exemplo, em radiografias de vértebras torácicas.

Raíssa Mendonça Quaranta Lobão

Membro Efetivo | Marie Curie, Consultoria Júnior em Física Médica

3 a

Ótimo conteúdo! Simples e didático, me ajudou bastante!

Rubens Martins Alves

Salesforce Admin-Functional Consultant | Salesforce Developer | Salesforce | Slack | Yellow Belt | Agile Methodologies | Scrum | Functional Analyst | Requirements Analyst | SQL | 2x Salesforce Certified | 3x Ranger.

6 a

Parabéns pelo artigo, me ajudou muito nos estudos. Finalizando Técnico em Radiologia! 

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