Faça o mundo acreditar em você e pagar caro por esse privilégio.
Revendo minhas leituras me depara com um livrinho (assim chamado pelo carinho que me trouxe) que é uma verdadeira obra de arte: “Pense como um Artista - e tenha uma vida mais criativa e produtiva”, de Will Gompertz.
Nele, Gomperts nos chama a atenção para o fato de que “Os artistas são empreendedores. Estão dispostos a correr todos os riscos pela chance de progredir no trabalho que se sentem compelidos a criar. Irão mendigar e tomar dinheiro emprestado para pagar o aluguel do ateliê, comprar os materiais necessários e alimentar-se durante longos meses de empreitada. Tudo na esperança de vender uma obra de arteiro um preço que cubra seus custos e deixe sobrar o suficiente (lucro) para reinvestir na próxima obra. Com sorte, talvez essa também seja vendida, quem sabe por um preço um pouco maior. E então, se as coisas continuarem indo bem, será possível alugar um ateliê maior e melhor, contratar assistentes e construir um negócio.”
Will destaca ainda que, para o artista, “a motivação intelectual e emocional não é o lucro, mas ele é um componente essencial do processo. O lucro compra a liberdade. A liberdade fornece tempo. E o tempo, para um artista, é a mais valiosa das mercadorias.”
No percurso da obra, Will Gompertz expõe exemplos de vida e comportamento de artistas que sedimentam a sua teoria.
Vincent van Gogh, que para muitos era apenas um artista boêmio, era na verdade um empreendedor ativo e atento ao mercado. “É absolutamente meu dever tentar fazer dinheiro com meu trabalho”, disse um dia para o irmão e Theo, seu financiador e sócio. Para retornar todo o dinheiro investidos mais caras telas, tintas e ambientes de trabalho, Van Gogh nunca se recusava a atender uma encomenda por uma obra, fosse ela qual fosse, gostasse delatou não, “tentarei fazê-la como foi pedido, e mesmo refazê-la se necessário”.
Ao contrário do que alguns pensam, o artista empresário não é algo paradoxal. Como observou um dia Leonardo da Vinci: “Há muito tempo percebi que as pessoas bem-sucedidas raramente ficavam sentadas esperando algo acontecer. Elas saiam e faziam as coisas acontecerem”.
É assim que age o artista. Faz acontecer. Transforma o nada em “coisas”, nos mostra Will Gompertz, acrescentando que “eles fazem isso agindo como qualquer outro empreendedor. São proativos, independentes e tão ambiciosos que irão procurar, e não evitar, a competição”.
Todo produto precisa de um insumo. E se a necessidade é a mãe da invenção, a curiosidade é o pai. Afinal de contas, você não pode produzir algo interessante se não estiver interessado em algo.
E é com este pensamento que a obra também nos faz refletir sobre criatividade e inovação quando assim descreve o percurso da criatividade: "a paixão - ou o entusiasmo, se preferir - é o estímulo que nos faz querer saber mais. Ela fornece o impulso para a indagação atenta que gera o conhecimento, que por sua vez incita nossa imaginação a produzir ideias. Essas levam a experimentos que eventualmente resultam na concretização de um conceito.
Mas não vou aqui resumir toda a obra de Will Gompertz, findo esse breve ensaio lembrando que para o artista, não há fracasso. E essa é uma das mais belas lições que eles nos dão: eles não fracassam, eles triunfam. Os artista produzem. Os artistas fazem.
Portanto, como nos lembram os artistas Gilbert & George, George, que entendem vida e arte como indissociáveis, "faça o mundo acreditar em você e pagar caro por esse privilégio".
CEO da E2 Estratégias Empresariais