Faltam líderes ou liderados?

Faltam líderes ou liderados?

Desde sempre li muito sobre a importância dos líderes nas empresas e sobre a formação deles para o futuro das organizações. Quanto a isto não há nenhuma dúvida, mas tenho pensado cada vez mais até onde esta pregação é válida, já que para alguns profissionais isto se transformou numa obsessão.

Todos querem ser líderes, gerentes, chefes, supervisores e encarregados, mas alguém parou para pensar até onde isto é benéfico para as equipes? Será que funciona mesmo você ter uma equipe onde todos desejam ser líderes da noite para o dia?

Claro que qualquer profissional deve buscar o crescimento dentro das organizações, só acho que isto deve ser algo progressivo e natural.

Conheci algumas exceções, profissionais com pouco tempo de carreira que conseguiram conquistar a liderança de forma meteórica, mas como disse, são exceções!

Após 16 anos fazendo entrevistas, pude perceber de forma nítida a diferença entre os entrevistados de hoje e os da década passada e, acredito que muitos outros entrevistadores devem ter notado isso também. As diferenças são claras, os de hoje chegam tão bem preparados para a entrevista que acabam se perdendo no quesito “demonstrar confiança”, com poucos minutos de entrevista já arriscam alguns “conselhos” para a futura empresa. Não importa o cargo, na última vez foi um candidato para o cargo de auxiliar de transportes. Nas primeiras vezes deixei isto passar em branco, mas confesso que atualmente acabo questionando como ele/ela conseguiu tais informações para a formação do conselho.

Todos os autores sobre o tema afirmam que a empatia é indispensável para qualquer líder, dito isto, comecei a me imaginar no lugar do entrevistado, puxando na memória como eu me comportava quando desempenhava funções não gerenciais. Mesmo muito jovem, me recordo que sempre segui as regras/procedimentos à risca e isto me leva a crer que fui um bom ‘liderado’. Quando recebi o primeiro convite para o cargo de gerente foi uma grande surpresa, não estava sequer pensando nesta possibilidade. É neste ponto que queria chegar.

Tenho a impressão que uma boa parte dos profissionais que almejam a liderança estão tão ansiosos para um cargo de liderança que estão deixando de lado algo que considero primordial para um líder: ser um ótimo liderado.

Além desses insights, houve mais um fato que me motivou a escrever sobre isto, pois sempre que precisamos abrir uma vaga para uma função auxiliar, notamos a diferença na quantidade de interessados em relação à outras vagas de encarregados, por exemplo.

A diferença entre o colaborador que almeja desesperadamente a liderança e o que quer evoluir profissionalmente é justamente a noção de que isto deve ser algo natural e merecedor, sem atropelos e em nenhuma hipótese isto deve ser colocado acima do bem da equipe. Não vale a pena mencionar a quantidade de vezes que tentaram puxar o meu tapete, e sendo sincero, não guardo mágoas, pois hoje vejo que foram colaboradores desesperados pela liderança.

Para eles, me arisco com o seguinte conselho: antes de tentarem ser bons líderes, sejam ótimos liderados! Sua equipe e seu futuro profissional agradecem.

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