“A família e a pergunta que não se acha resposta: Quem sou Eu nessa família que vive e convive com diversos formatos nessa contemporaneidade?”
ALUNO: Fabiano Luchi Dala Bernardina
Texto GUERRA, A.M.C et al (2019). A família processual: Pensando a filiação e a transmissão na contemporaneidade.
Lendo o texto “A família processual” me dei conta de tantas formatações de família em nossa atualidade que um nó se fez dentro de minha cabeça ao pensar o trabalho individualizado na clinica onde o Ser em Si deve ser trabalhado, mas, não pode ser esquecido da sua relação com o outro que o constrói também hora de forma positiva ou negativa. As novas configurações familiares demonstram a desconstrução absoluta da reprodução, mesmo que essa reprodução seja necessária para a perpetuação da espécie. O texto me deixa uma pergunta em aberto e respondido ao mesmo tempo: a reprodução da espécie humana de forma desordenada não desqualifica a psique do sujeito originado desse ato? Em contra partida o texto “Publicidade, perversões e fobias”, nos revela do gozo ao sofrimento as diversas facetas do desenvolvimento deste sujeito frente as mais diversas modalidades de interação, sejam elas no campo material ou emocional e fazendo o link dos textos observamos que a constituição da família também passa por estes tramites dos quais varias outras questões são levantadas e vem de encontro à formação psíquica desse sujeito que vincula e desenvolve em si prazer e dor.
Nesse sentido e observando detalhes vivenciais na clinica observo a particularidade entre vários atendimentos meus e consigo de forma mais clara entender os aspectos emergidos na fala do sujeito que procura a resolução da sua demanda. Entre as variadas falas ouvidas em minha clinica que digo de passagem não é perfeita, pois, também me considero paciente/cliente e estou em desenvolvimento para resolução das minhas demandas e venho também de um processo de enquadramento ou mesmo visualização de varias formatações de família, mas, em particular quero descrever aqui a relação desses textos em especial o que escolhi com um paciente que acompanho.
O relato começa onde J. revela seu sofrimento em se ver como pessoa e ser ele/ela mesmo, um conflito interno que diz sobre sua construção subjetiva e seu ser como pessoa que deseja observar-se. J. mora á princípio com seus pais biológicos que dentro da sua dinâmica vivem uma vida extremamente religiosa e punitiva onde fora da Igreja não existe salvação e com isso repreendem qualquer ato que não esteja pautado pela religião e isso acaba com o prazer desse paciente que passa a realizar o que não da prazer para satisfação dos pais, com o tempo essa relação se desgasta e passa a conviver com a avó e um primo que são mais abertos e permitem que o/a paciente possa se aproximar mais das pessoas e viver suas experiências.
Contudo, volta a morar com seus pais, mas, não perde o vínculo com a avó e com isso essas construções das suas identidades e as transmissões das experiências familiares ficam prejudicadas pelo misto de prazer e desprazer das suas relações o que prejudica o desenvolvimento desse sujeito que se desajusta na sua caminhada desejando provar de situações, mas, não o fazendo pelas repressões que sofre. Nessas construções de formatações familiares sempre nos perguntamos quem é esse sujeito em construção e se o mesmo compreende o seu papel de desenvolvimento pessoal ou se este só reproduz o que aprendeu. Na verdade a grande preocupação é saber se este sujeito sabe quem é ele próprio, para assim entender o seu processo de desenvolvimento na sua família seja ela em qual formato for, mas, tendo a consciência que suas escolhas precisam ser compreendidas para que ele/ela não somente reproduza o que vive em seu meio, mas, tenha a capacidade de compreender a sua história, seus afetos e assim se desenvolver como pessoa.
Bibliografia
GUERRA, A.M.C et al (2019). A família processual: Pensando a filiação e a transmissão na contemporaneidade. In: Estud. Pesqui. Psicol. vol. 19 no. 1 Rio de Janeiro jan./abr.