Fascismo
Cientistas políticos e historiadores costumam definir o fascismo como uma forma radical da expressão do espectro político da direita conservadora. No entanto, é importante dizer que nem toda política praticada pela direita conservadora é extremista como o fascismo.
Esse método de política se materializou na Itália no início do século passado, com a chegada de Benito Mussolini ao poder, liderando o Partido Nacional Fascista. Isso em 1922, numa Itália que vivia uma profunda crise política, social e econômica.
A onda fascista acabou estabelecendo outros governos fascistas. Antonio de Oliveira Salazar em Portugal, Francisco Franco Bahamonde na Espanha e Adolf Hitler na Alemanha. Todos governos autoritários, sendo que no caso da Alemanha, o movimento político que levou Hitler ao poder foi o nazismo, nome derivado do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.
No Brasil também já tivemos um movimento inspirado no fascismo que foi a Ação Integralista Brasileira, movimento político ultranacionalista corporativista, conservador, tradicionalista e de extrema-direita, comandado por Plinio Salgado. Seu lema era “Deus, pátria e família” e eram conhecidos como os “camisas verdes”.
As principais características dos movimentos fascistas são: militarização da política, exaltação do nacionalismo, perseguição aos grupos opositores e controle dos meios de comunicação de massa.
Nos dias de hoje, o mundo vive novamente uma onda de conservadorismo. Os segmentos mais à direita no espectro político têm avançado em diversos países. E em alguns países inclusive chegando ao poder, como é o caso do Brasil e dos EUA.
Não temos regimes fascistas instalados nesses países. No entanto, o discurso e prática desses dois governantes os aproximam muito do ideário fascista. A frequente exaltação do nacionalismo com a narrativa sobre o declínio do país, o discurso e ações beligerantes, a utilização das fakes news para se fortalecer e convencer seus seguidores de que a imprensa mente, são alguns dos fatos que merecem nossa atenção. E reflexão.
Aliado a isso, o que dizer da onda negacionista que atinge entre 15% e 20% dos brasileiros, que se recusam a acreditar na veracidade da pandemia e na efetividade das vacinas. Um percentual próximo a esse vive a pedir o fechamento do Congresso e do STF, com o clamor de uma “intervenção militar democrática”, desfilando orgulhosamente sua ignorância nas ruas de várias cidades.
Portanto minha gente, não podemos baixar a guarda. As semelhanças podem não ser uma mera coincidência.
AFONSO POLA é sociólogo e professor