Faz sentido falar em "mercados em redes"? Acho que não.

Conceitos são ferramentas de comunicação.

Se eu digo "precisamos trocar a mesa de lugar".

Todo mundo sabe o que é mesa.

Mas se digo:

"Precisamos trocar o móvel de lugar".

É preciso dizer: qual móvel, pois é capaz de mudarem o sofá e não a mesa.

Momentos de crise são marcados pela despreocupação com conceitos e é comum o tempo todo a mesa estar indo embora no lugar do sofá.

Como ninguém sabe exatamente o que tem que ser alterado, fala-se móvel para não se comprometer.

Hoje, dentro desse mercado de "verdades vendáveis" e não de "verdades mais verdadeiras", o que interessa não é falar algo que faz sentido com a vida, mas aquilo que é mais fácil vender para os incautos.

As organizações estão órfãs de métodos científicos consistentes, que as permitam continuar competindo no mercado futuro.

Muitas organizações que eram locomotiva viraram vagão e várias outras estão ficando pelo caminho - justamente pela incapacidade de refletir, de forma mais organizada, sobre o novo cenário.

A figura abaixo retirada da apresentação do Leonardo Almeida, traz a realidade:

Note que as empresas no topo são Curadoras ou são plataformas que permitem as plataformas curadoras. Não são empresas que estão nos "mercados em redes", mas organizações que "mataram" os gerentes para poder criar Qualidade na Escala.

Gurus digitais garantem que as organizações digitais serão as estrelas do futuro, colocando apenas um "botox na testa" e um "silicone nos seios".

Hoje, se afirma tudo, mas não se argumenta nada.

O importante hoje no mercado dos gurus digitais é vender sem entender.

Muitos gurus digitais estão pouco ligando para as consequências das suas predições, pois, ao final, quem vai pagar o pato digital é o cliente perdido e iludido, que compra gato 3.0 por lebre 2.0.

Um termo que me incomoda é o tal do "Mercados em Rede".

É o típico móvel que está sendo chamado de sofá.

Nunca existiu no mundo dos seres humanos mercado que não fosse em rede.

Sem redes sociais, não haveria seres humanos.

O que temos hoje são mudanças nas redes sociais humanas, que estão ganhando o reforço de novas tecnologias.

Assim, o que temos que entender quais as mudanças nas redes humanas estão sendo provocadas pela chegada de NOVAS TECNOLOGIAS.

Não é, portanto, mercados em redes, mas mercado em rede digital, ou mercado em rede curadora, pois tem que adjetivar o tipo de rede para orientar as pessoas.

A precisão dos conceitos é a mãe da boa tomada de decisão.

Mais ainda.

As redes sociais estabelecem modelos organizacionais, conforme as tecnologias de comunicação disponíveis.

• A Gestão é filha da Rede social da oralidade e da escrita;
• E a Curadoria é filha da Rede Social Digital, que vem por causa das novas tecnologias.

Estamos adjetivando as redes e não chamando as redes de redes, em aberto.

É preciso categorizar a NOVA REDE que estamos criando.

• O Uber é Rede Curadora, pois estabelece modelo administrativo SEM GERENTE;
• A Petrobras é Rede Gestora, pois é modelo administrativo COM GERENTE.

(Vivemos profunda crise dos nossos paradigmas: o Uber é VERDADEIRA ANOMALIA ADMINISTRATIVA, que nenhum livro de administração consegue explicar: como milhares de fornecedores do Uber podem operar em ambiente produtivo sem gerente?)

Quando se fala mercados em rede cabe qualquer sofá e qualquer mesa.

Uma organização não vai ser mais competitiva se definir a sua estratégia para "entrar nos mercados em rede".

É preciso adjetivar o novo tipo de Rede que está atraindo os consumidores e as empresas líderes de mercado.

Se você define a sua estratégia como "quero entrar no mercado de redes" estará sem definir se o que precisa mudar: o sofá ou a mesa?

Mercados em Redes é algo do tipo: muda o móvel de lugar.

Qual móvel?

É isso, que dizes?

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