FAZER UMA FACULDADE: CAMINHO DO SUCESSO OU ILUSÃO?
Por Prof. Jordan (Claudio Behr). @prof.jordan.br
Uma questão que traz uma angústia muito grande para os jovens e suas famílias é a relativa a sua educação e formação. Nos últimos anos criou-se no nosso país uma crença de que o único caminho para a pessoa ter sucesso na carreira profissional e ascender social e economicamente é cursando uma faculdade. O presente artigo visa explicar os motivos pelos quais essa crença foi tão fortemente enraizada na nossa cultura e apresentar alternativas mais efetivas para que os jovens encontrem seu caminho profissional e possam se inserir de fato na sociedade.
Desde meados dos anos 90 e principalmente nos anos 2000 até agora, as políticas educacionais brasileiras vem priorizando o Ensino Superior em detrimento do Ensino Básico e Profissionalizante. Essa política veio acompanhada de grandes promessas e falácias, e gerou muita esperança. A ideia de dar acesso a um curso superior, a pessoas que nunca imaginaram fazer isso, dizendo que isso ia mudar seu status é realmente muito bonita e sedutora. Mas será que foi realmente isso o que aconteceu? Claro que para alguns isso foi verdade, mas para a imensa maioria foi apenas uma ilusão. E uma perda de tempo.
Para absorver a enorme quantidade de alunos que passariam a entrar nos cursos superiores, o governo da época teve que fazer acordos com faculdades particulares. Essa é a essência do PROUNI para quem não sabe: o governo paga a mensalidade dos alunos e dá bolsa (total ou parcial) aos mesmos. Porém o que vimos é que os grandes beneficiados desse programa não foram os alunos, e sim os donos de universidades privadas. Muitas dessas faculdades têm péssima qualidade, oferecendo cursos de empregabilidade bem difícil e acabam não cumprindo com o mínimo esperado que é formar o aluno com o conhecimento básico da área estudada. Mas o mercado é sábio e implacável: não adianta ter a grife do curso superior. Poucos minutos de avaliação e conversa mostram que muitos profissionais oriundos dessas instituições são quase que analfabetos funcionais com diploma. E como consequência ou eles não conseguem emprego ou então arrumam empregos com salários bem baixos. Em resumo: a faculdade não elevou o padrão de verdade. Apenas deu grife.
Seria muito mais eficiente fomentar e priorizar a Educação Básica e os cursos técnicos e profissionalizantes. Um bom técnico raramente fica desempregado e consegue um bom rendimento mensal, trabalhando para alguém ou por conta. Se junto com o curso técnico fossem ensinados tópicos de Empreendedorismo, isso ajudaria e incentivaria esses estudantes a no futuro abrir empresas que dariam empregos a outras pessoas, além de trazer mais prosperidade para eles mesmos. Parcerias com indústrias e comércio como ocorrem nos sistemas SENAI e SENAC também são excelentes iniciativas nessa área.
Um outro ponto a ser ressaltado é a maturidade que os cursos técnicos trazem aos jovens. Na minha experiência de professor de cursos pré-vestibulares, percebo que os alunos que vem de cursos técnicos são no geral mais maduros, mais focados e mais resilientes. Sem dizer que bem ou mal já possuem uma profissão. Sabem fazer algo e não vão “morrer de fome”. Fico muito incomodado e triste quando vejo jovens na casa dos vinte e poucos anos que não sabem fazer nada, dependendo de terceiros para 100% de suas necessidades e vendo o mundo passar na sua frente sem nada fazer.
Encerro esse artigo fazendo uma pergunta aos jovens estudantes, pais, professores e todos os envolvidos no processo de educação: a faculdade é o caminho para o sucesso ou é só uma ilusão? No Brasil, para boa parte das pessoas tem sido mais o segundo caso que o primeiro. Vamos procurar expandir os horizontes da educação para além do curso superior, que definitivamente não é para todos. Os cursos técnicos e profissionalizantes devem ser mais valorizados e difundidos, assim como os cursos de empreendedorismo. Isso tem ocorrido em inúmeros países desenvolvidos com excelentes resultados. Vamos nos lembrar que um dos programas sociais mais eficientes (senão o mais) de um país é proporcionar emprego às pessoas. Dessa maneira podemos dar às pessoas um caminho para gerirem suas vidas, dando a elas dignidade, promovendo seu sustento e de sua família e sua integração de fato à sociedade. Definitivamente não é a “grife” de uma faculdade de qualidade duvidosa que fará isso.