MINHA COLAÇÃO DE GRAU VAI MAIS LONGE DO QUE EU FUI!

Nesta semana fui privilegiado com a oportunidade participar de minha primeira colação de grau, e digo privilégio pois fiz uma "retrospectiva" familiar e identifiquei que entrar na faculdade em meu país é um privilégio.

Conclui no final de 2023 o curso superior de Comunicação Institucional, curso que foi a porta de entrada para que eu pudesse ver que é possível estudar no ensino superior. Durante toda a infância e adolescência, nunca acreditei ser possível, pois ninguém na minha família entrava na universidade desde o século XIX. Segundo registros históricos, o último antepassado meu foi o Barão de Joatinga (Pedro Ramos Nogueira), que não chegou a concluir a universidade e fazem 7 gerações que ninguém dos meus antepassados ingressava em uma universidade. Outro fator que sempre me prejudicou foram as questões financeiras, sempre tivemos o "justo" para viver de maneira digna em um país onde há uma mão tributária tão severa, nunca me achei inteligente o suficiente para entrar em uma universidade pública. Hoje, já adulto descobri que tinha estes pensamentos por dificuldades cognitivas relacionadas a uma neurodiversidade não diagnosticada, e hoje sei que sou uma pessoa atípica!

Apesar das limitações biológicas, consegui preparar-me para enfrentar o que o meu "destino" dizia ser impossível.

Sou grato ao Centro Universitário FAM , pois instituições privadas como esta abrem as portas para que mais pessoas possam ter acesso ao conhecimento e isso só é possível por meio das iniciativas privadas. Ainda que haja muitos avanços públicos na área da educação superior, continuamos enfrentando grandes problemas na educação básica e média. Educação pública que não prepara seus alunos para concorrerem de maneira leal com estudantes da iniciativa privada nos vestibulares, como uma minoria de pessoas de baixa renda e classe média alcançando a graduação superior com bolsas integrais.

Obtive o apoio acadêmico por meio de bolsa parcial na FAM, que foi fundamental para que eu pudesse permanecer mesmo nos momentos de dificuldade financeira, tais como quando fiquei desempregado no meio do curso.

Hoje, ao olhar para trás posso ver que a coragem de enfrentar o desconhecido, foi fundamental para que eu chegasse até este momento de minha história, me deu coragem de seguir nos estudos de Relações Públicas e me fez sonhar com uma próxima graduação em psicologia. Acredite ou não, sonhar em um país como o nosso, para a maioria das pessoas é privilégio, pois passamos tanto tempo preocupados com tantas coisas que nos esquecemos de sonhar.

Sei que este primeiro passo acadêmico será inspiração para meus irmãos menores e primos, de igual modo, tenho a certeza de que as próximas gerações da minha família terão dezenas de exemplos para inspirar-se.

Que possamos lutar para diminuir as barreiras de entrada e realmente aplacar as desigualdades!

"Meu povo perece por falta de conhecimento." Oséias 4:6