Feito colo de mãe

Feito colo de mãe

Um dos meus textos preferidos da escritora Martha Medeiros chama-se “O mundo não é maternal”. Recomendo fortemente a leitura, mas para contextualizar rapidamente, Martha fala sobre como o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco como nossas mães costumam ser. Quando mais nova, lia esse texto e pensava: “Mas será mesmo?”.

Hoje, a cada dia que passa, ele se mostra um pouco mais verdadeiro, daquelas verdades que a nossa criança interior custa a aceitar e que chega a doer lá no fundo da alma. Mas tenho aprendido que não há outro caminho que não este. 

Esse mundo, na maior parte das vezes, não tem a menor paciência para os nossos dramas, não oferece carinho em dias difíceis, nem mesmo um colo para dar aquela choradinha necessária que revigora. Esse mundo não nos conhece como a palma da mão (e, pasme, não está nem um pouco afim de conhecer). 

É por isso que, além de eu graças a Deus poder contar com o colo da minha mãe, que segue sendo um lugar de segurança, eu passei a criar uma pequena lista de coisas que me abraçam, aquecem e acolhem feito ele.

Como em tudo na vida, eu acredito que cada um pode ir criando a sua própria receita. E que bênção é a gente poder sempre recorrer a esses ingredientes especiais que tornam os dias cinzas um pouco coloridos que seja e esse mundo pouco maternal um pouco mais aconchegante de estar.

O mundo não é maternal – e disso não tenho mais dúvida alguma. Também não tenho dúvidas de que nada se compara ao colo de mãe, que, quem tem a sorte de tê-lo desde sempre, sabe bem do que eu estou falando. Mas o que eu tenho mais certeza ainda é que, sim, nós podemos (e devemos) criar os nossos pequenos aconchegos. Como um bom colo de mãe, eles nos dão aquele quentinho no coração necessário para seguirmos em frente a cada tropeço. 

Mantras, hobbies, crenças, sonhos, pausas relaxantes ao longo dos dias e semanas. Vale tudo para proporcionar a si mesmo uma vivência mais possível. Feito colo de mãe.

Você sabe quais são os seus? 

Texto originalmente publicado em: www.juliagroppo.com.br 

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Júlia Groppo

Formada em Jornalismo pela PUC-Campinas, adora se descrever como uma escritora em busca de histórias que merecem ser contadas. E a verdade é que todas merecem, então, está sempre atenta aos detalhes do cotidiano (sua pauta favorita!) e com um caderninho de bolso a postos. 

Divide a vida entre cafés, livros, o trabalho CLT, os freelas como estrategista e redatora de conteúdo e as crônicas que escreve em seu blog. Com experiêcia em áreas como Atendimento ao Cliente, Escrita Criativa e Marketing de Conteúdo, descobriu que tem muitas paixões e decidiu viver cada uma delas, sem se esquecer de registrar cada momento e aprendizado por meio de suas palavras.

Para ler mais textos: www.juliagroppo.com.br

Talita Barbosa

Redação | Criação de Conteúdo | Escrita Criativa | Comunicação Corporativa | Identidade Verbal | Branding

2 a

Que texto lindo! Pra mim, fazer – ou pedir – uma comida que gosto é tão aconchegante o colo de mãe. ❤️

Nalu Tomba

Movida pela comunicação que constrói, questiona e conscientiza | Tombatur Viagens e Experiências

2 a

Com o tempo a gente vai tecendo nossos colos de mãe, né? Que lindo e sensível, Ju <3

Nathália Galvão

Redatora e Revisora Freelancer | Jornalista | Escritora | Produtora de Conteúdo

2 a

Ju, esse artigo se aproximou muito de um colo de mãe para mim! ❤

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