Felicidade Corporativa em tempos de crise, isso é possível?
Estava eu procurando matérias sobre profissões do futuro para trabalhar com alguns clientes de Orientação Profissional e me deparo com a matéria da Forbes "28 Profissões do Futuro que Devem Dominar o Mercado já em 2024".
Fazendo uma leitura breve pelos títulos dos cargos chego à área de RH e o título: Especialista em Felicidade Corporativa. Dei um Google claro para ver essas vagas… não achei nenhuma. Mas enfim, quando me deparei com esse título imaginei alguém que pode gerar leveza nas empresas, curar relacionamentos, fazer pausas para brincadeiras que de fato são lazer e não um boost para a produtividade.
Mas a pergunta é… e a gente tá pronto? E conseguimos fazer isso? Tô perguntando no plural mesmo, pois como brasileira me coloco no saco.
Veja, além de termos muitas empresas com valores de "felicidade corporativa" apenas no papel, temos uma sociedade que nos achata diariamente e não permite que nem mesmo consigamos parar. Já perdi as contas de quantos pacientes (e até eu mesma) me dizem que não têm mais hobbies, não conseguem relaxar, precisam trabalhar a todo o momento.
Em tempos de crise, em que a PJtização é o foco, em que é preciso ter presença diárias e bombástica nas redes para poder vencer mais um dia, e em tempos de acúmulos de toneladas de boletos, não somos mais donos de nós mesmos. Não há espaço para descanso. Se houver, a gente pira.
Então, Felicidade Corporativa. É possível? Olha, até é, mas é preciso mudar a mentalidade cultural. Mas quem somos "nozes" para mudar a cultura assim da noite para o dia? Bom, primeiro a gente começa com a cultural da empresa mesmo. Começa de cima, do topo da pirâmide. Se os executivos também não conseguem ter vida fora do ambiente de trabalho e se não conseguem enxergar que saúde mental e descanso = melhor produtividade (veja bem que eu disse melhor, não mais!), eles nunca irão aceitar uma mudança de cultura.
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Agora, também vem a parte dos funcionários. É preciso que também possam aceitar sua humanidade, sua vulnerabilidade e necessidade de algo mais que a cadeira e o computador, e após anos e meses de incertezas e angústias, essa não é tarefa fácil.
Ficar em frente ao computador trabalhando? Eu sei fazer isso! Por que vou tentar algo que não sei, como relaxar?
É senhoras e senhores, é complexo. É uma roda que precisa ser ajustada. No fim das contas, para que possa haver alguma esperança de possível felicidade corporativa, é preciso antes que resgatamos o humano em todos aqueles dentro de uma empresa. E isso significa também resgatar relações perdidas frente a um mundo frenético. A corporação é feita por pessoas, logo, resgatamos a felicidade de cada indivíduo para criar uma coletiva e corporativa.
E tem fórmula? Não! Tem tentativa, tem reconhecimento da cultura da empresa, tem entendimento de cada trabalhador, do chão de fábrica ao CEO, sua função, seus sonhos, suas dificuldades, e tem necessidade de criar espaços, processos e culturas que tenham o foco no humano e não no produto.
Respondendo à pergunta, é possível, mas requer esforços coletivos. E aí? Você está preparado para fazer a sua parte?