A Felicidade não cai pronta. Pratique!

A Felicidade não cai pronta. Pratique!

A tendência de muitos de nós é pensar que seremos felizes quando algo que queremos ou valorizamos acontecer. Porém, pesquisas apontam que essa fórmula não está correta. Não funciona. A conquista de alguma coisa não necessariamente leva à felicidade.

É possível que você já tenha tido uma experiência assim: alcançou uma promoção, iniciou um relacionamento, fez uma viagem e, passado um primeiro momento de entusiasmo, voltou a se sentir como antes. O encanto se quebrou. Pesquisadores afirmam que a fórmula é o contrário: um estado de bem-estar e satisfação pode nos levar ao sucesso em qualquer área da vida.

Cultivar a positividade do cérebro estimula nosso potencial, nossa produtividade e nossa disposição para novas possibilidades e perspectivas.

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Sabemos por experiência própria que, dependendo do nosso estado mental e emocional, vemos as circunstâncias de uma forma ou de outra, sem que nada tenha mudado em realidade. Como uma mágica. Isso acontece porque as emoções afetam o funcionamento do cérebro, alteram a percepção e o comportamento e influenciam decisões.

Você já teve a experiência de se olhar no espelho em um daqueles dias em que acorda literalmente com o pé esquerdo? Nossa! Podemos nos ver terríveis! Sob a influência de emoções negativas, podemos nos sentir sem energia, porque elas alteram nossa fisiologia, e podemos nos sentir sem perspectiva, porque elas limitam nosso processo cognitivo. Nosso comportamento tende a ficar restrito ao lutar ou fugir, porque a capacidade de refletir e desenhar estratégias de médio e longo prazo se estreita.

As emoções positivas, por outro lado, abrem nossa mente, expandem a percepção, nos fazem ter novas ideias, criar soluções. O cérebro fica literalmente iluminado. Se fizermos uma ressonância magnética em um desses momentos, a imagem que aparecerá terá vários pontos iluminados e conectados.

Emoções positivas inundam o cérebro de dopamina, serotonina, substâncias que não apenas nos fazem sentir bem, como também sintonizam entre si os centros de aprendizagem do cérebro. Por isso aprendemos e memorizamos melhor quando estamos emocionalmente positivos. Conclusão: A felicidade depende muito mais de nossa mente do que de eventos externos.

 

CUIDANDO DA FELICIDADE

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Por que precisamos praticar a felicidade? Não basta desejar ser feliz? Não. Porque a tendência natural da mente não é a busca da felicidade, é a busca da segurança.

Existe uma razão neurológica para isso que está em nosso cérebro mais primitivo, o reptiliano, a serviço da proteção e preservação da espécie. Esse cérebro muitas vezes nos faz permanecer em situações que não nos fazem felizes, mas que são conhecidas. Já teve a experiência de se sentir preso a uma situação ainda que ela lhe traga sofrimento?

A natureza não está preocupada com a felicidade, e sim com a sobrevivência. A felicidade está mais associada a expandir, ampliar, inovar, criar, ter curiosidade. Envolve sair da repetição das zonas de conforto, e isso significa arriscar.

O primeiro ponto fundamental para praticar a felicidade é tomar responsabilidade sobre a própria felicidade. Esse é o ponto de partida para alcançar bem-estar e felicidade.

Quando tomamos consciência de que somos os responsáveis por nossa pessoa e nossa vida, entendemos também que temos que cuidar de nossa felicidade. Entendemos que não temos controle sobre as circunstâncias que chegam a nós, mas temos controle sobre como lidamos com cada uma delas, e isso define nosso estado interior.

Impossível praticar felicidade sem gerenciar nossos pensamentos e emoções, porque eles causam estados de ânimo e definem como vamos interpretar cada situação, decidir e atuar.

Uma mesma situação pode ser vista sob diferentes ângulos, definidos não pela realidade em si, mas pela maneira como a olhamos e interpretamos. E isso é definido por padrões que temos registrados na mente e por emoções que estão flutuando dentro de nós.

Assumir responsabilidade geralmente dá um certo receio, porque com ela pode vir uma emoção que detestamos: a culpa. Essa é uma emoção que temos que desvincular da responsabilidade. Responsabilidade se refere à habilidade de responder a uma situação: response-hability.

Isso significa que, quando detectamos que nos falta ou faltou habilidade, precisamos examinar, refletir e praticar uma nova maneira. Praticar como fazemos com qualquer outra coisa em que queremos nos tornar habilidosos.

Quando nos culpamos, criamos um estado mental de nos desvalorizar, de tensão interna. E isso não nos coloca em uma postura interna favorável ao nosso crescimento e expansão.

 

PROCESSO DE AUTOCONHECIMENTO

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Outro ponto importante é tomar consciência de que todos nós temos impedimentos pessoais, oriundos de nossa história individual, da cultura de nossa família ou do meio onde crescemos. São maneiras de pensar e conceituar que fomos adotando ao longo do tempo.

Determinadas situações externas podem acionar esses registros, nos levando a reagir de uma forma que, paradoxalmente, dificulta o nosso bem-estar e felicidade. Por essa razão, não podemos desvincular a prática da felicidade do processo de autoconhecimento.

À medida que nos conhecemos, identificamos nossos botões nevrálgicos, que, quando acionados, não manifestam o nosso melhor. Tudo que desconhecemos em nós mesmos nos dominará. O que conhecemos, temos a possibilidade de gerenciar e mudar. Simples assim.

Na minha perspectiva, existem impedimentos ao bem-estar e à felicidade que são coletivos, que existem em cada um de nós, independentemente de nossas histórias ou peculiaridades pessoais. São eles:

• Viver correndo, hipnotizado pelo cotidiano.

• Acreditar que é verdade tudo o que você pensa negativamente sobre si mesmo.

• Querer controlar o que não está sob seu controle.

Vou focar aqui no segundo item, que me parece ser, muitas vezes, devastador: acreditar que é verdade tudo o que pensamos negativamente sobre nós mesmos. Tomados por certas emoções de sensação de fracasso, culpa, tristeza, inveja, ciúmes, medo, esquecemos que não somos nossos pensamentos. Pensamentos são movimentos da mente e do cérebro que dependem de circunstâncias, inclusive do estado momentâneo de nossa fisiologia e nossa química.

Por exemplo, se você dormiu pouco ou seu intestino não está funcionando bem, isso interfere em seu humor durante o dia, altera sua percepção e até suas decisões, porque você pode não estar pensando sobre si mesmo de forma favorável.

A prova de que não somos nossos pensamentos, mas sim temos pensamentos, é que podemos operar sobre eles. Isso significa questioná-los, confrontá-los, mudá-los e redirecionar o foco.

Uma das ferramentas mais importantes e efetivas para a prática da felicidade é observar os pensamentos e, se eles não forem efetivos para o que queremos na vida, questioná-los cognitivamente. Não devemos aceitar como verdade pensamentos como: não sou bom o bastante, não vou conseguir, sempre fracasso, não gostam de mim, não vai dar certo, sou inapropriado, fiz tudo errado.

Temos vozes internas, criamos historinhas, narrativas dramáticas, fundamentadas em histórias de nossa vida, mas que não precisam definir ou englobar a totalidade de nossa pessoa.

Nosso potencial vai se desdobrando e se expressando à medida que vamos criando na vida as condições para isso, e à medida que neutralizamos essas conversas internas que o reprimem.

Minha sugestão é que você confronte essas narrativas assim que elas surgirem. Elas debilitam sua energia física e emocional, fazem você desacreditar de si mesmo, bloqueiam a construção de seu futuro. Não deixe ninguém fazer você desacreditar de si mesmo, mesmo que esse alguém seja você mesmo.

 

HABILIDADE PARA GERENCIAR EMOÇÕES

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Bem-estar e felicidade também estão associados à sua fisiologia. Quando você se sente fraco fisicamente, tem mais dificuldade de se opor a pensamentos desanimadores. Trabalhe sua fisiologia. Exercício físico é fundamental para elevar sua energia, fazendo você se sentir forte para enfrentar desafios externos e ir além de seus medos.

Aceite a vida como ela é. Às vezes, perdemos. Outras vezes, ganhamos. Temos altos e baixos. É assim para todos. Você pode olhar as pessoas e pensar que tudo é maravilhoso somente na vida delas, mas lembre-se que não está vendo o que se passa dentro delas.

Tenha uma visão realista de bem-estar e felicidade. Pratique bem-estar e felicidade realistas. Isso significa que, mesmo com esses conhecimentos, teremos emoções negativas, porque é impossível não ter, uma vez que elas são uma resposta do impacto do ambiente em nosso organismo.

A questão é durante quanto tempo permanecemos ruminando essas emoções. Quanto tempo precisamos para nos soltar e nos reorganizar internamente. À medida que nos tornamos mais hábeis em gerenciar nossas emoções, esse tempo vai diminuindo.  

Temos quatro aspectos na totalidade de nossa pessoa: físico, mental, social e espiritual. Quando você sentir que não está bem, examine se algum desses aspectos está desequilibrado e o ative. Dificilmente temos um equilíbrio total entre eles, mas sempre podemos melhorar.

O aspecto social diz respeito aos nossos relacionamentos. O espiritual não significa religioso, mas sim nosso sentido maior de vida, nosso propósito de vida que sai do circuito do ego.

O contato com a natureza é uma terapêutica quase infalível. Use e abuse, a natureza é gratuita. E a respiração consciente é uma prática disponível em seu corpo. Já experimentou prestar atenção em sua respiração? Já levou o foco de sua mente a descobrir as sensações de seu corpo enquanto inspira e expira? Experimente!

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Faça pausas. Pequenas pausas. Deixe o celular, o computador, o que for, e faça contato com si mesmo, com sua respiração, com as sensações de seu corpo. Preste atenção em você. De modo geral, prestamos pouca atenção a nós mesmos.

Fazendo três, quatro ou cinco pausas ao longo do dia – cada uma delas com duração de trinta segundos a cinco minutos – você treina seu cérebro para momentos de relaxamento. Com dois meses de prática, notará a diferença em sua capacidade de sair rapidamente do funcionamento automático acelerado e desacelerar, conectando-se com si mesmo.

Cuide do corpo e da mente. Você precisará deles até o fim da vida. Seu futuro depende de como você está se cuidando diariamente. Aos poucos, vamos amadurecendo e nos tornando mais habilidosos para lidar com a vida. Vamos aprendendo a ser felizes.

 

Berenice Kuenerz, mentora de gestão emocional, psicoterapeuta e life and business coach;

 




Juney de Souza

Engenheiro Ambiental |Sustentabilidade| ESG | Construções Sustentáveis | Perito Ambiental | Auditor Interno e Externo | Sistema de Gestão Ambiental| Licenciamento Ambiental | Consultor Ambiental e ESG , NR's, ISO 14001

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Seu insight sobre a busca pela felicidade e bem-estar é incrivelmente esclarecedor. Muitas vezes, nos iludimos pensando que a conquista de determinados objetivos nos trará felicidade duradoura, quando na verdade a verdadeira felicidade emerge do estado interno de bem-estar e satisfação. Suas palavras sobre a influência das emoções em nossas percepções e decisões ressoam profundamente, destacando a importância de cultivar a positividade do cérebro para estimular nosso potencial e produtividade. Além disso, sua abordagem sobre a responsabilidade pessoal na busca pela felicidade é inspiradora, pois nos lembra que podemos influenciar nosso estado interior através do gerenciamento de nossos pensamentos e emoções. Obrigado por compartilhar essas reflexões valiosas sobre a prática da felicidade e seu impacto transformador em nossas vidas.

Octavio Milliet

Founder at xTree; Harvard Business School

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Excelente artigo! Grandes aprendizados. Parabéns! 👏🏻👏🏻

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