VOCÊ JÁ DEIXOU O PENSAMENTO DE “NÃO SOU BOM O BASTANTE” DOMINAR VOCÊ?
“Não sou bom o bastante”. Esse pensamento já surgiu em sua mente em algum momento? O que faz ele surgir?
Em minha perspectiva, na raiz desse pensamento está o desejo que existe em todos nós: o de pertencimento. Pertencimento inclui ser aceito, ser validado, ser aprovado, ser incluído, ser valorizado. Todos nós queremos isso e muitas vezes “traímos” quem realmente somos para nos revestir de alguma aparência, que julgamos nos levar ao “triunfo”.
Se você assistiu ao Divertida Mente 2, viu o momento terrível em que a Riley (a personagem principal) é envolvida no sofrimento que esse pensamento traz. Uma confusão mental, com perda de referência sobre si mesmo.
O anseio de estar sendo quem “deveríamos ser" para nos sentirmos aprovados e pertencentes nos leva ao looping de ansiedade. Segundo dados da OMS, o Brasil é o país mais ansioso do mundo, com 9,3% da população sofrendo de ansiedade. Ela, por sua vez, aciona memórias ruins e convicções equivocadas, nos levando aos comportamentos impulsivos e desordenados, sem foco ou direção eficaz. Nosso cérebro límbico emocional interrompe e neutraliza a comunicação com nosso cérebro cortical, capacitado para a reflexão, estratégia e visão de longo prazo.
Não existe alegria nesse estado de ansiedade. Pode existir uma euforia, que é uma emoção que turva a clareza da mente. Nesse estado, a mente tenta controlar aquilo sobre o qual não tem controle, gerando frustração, vergonha e desânimo. No fundo, existe uma tristeza, um desamparo, uma desconexão de nós mesmos e de nossos sentimentos.
Não temos como afirmar que em nenhum momento não vamos, pelo menos, beirar esse abismo emocional. Mas existe a possibilidade de, ainda que quase se desequilibrando na beira, não cair de vez nele? Minha resposta é: sim! E qual seria a solução para esse momento de alto risco?
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Em minha perspectiva, em primeiro lugar, é preciso desenvolver consciência de si mesmo para perceber o turbilhão de pensamentos. Em segundo, devemos aceitar o que está acontecendo, e não fugir criando ideias e projeções que aumentam a ansiedade e que colocam nevoeiros na mente.
É necessário entender o que está acontecendo por dentro, acolher e abraçar todas as emoções e confrontar a ruminação mental, se perguntando: Qual é a real evidência de que realmente “não sou bom o bastante”? Em nenhum momento da minha vida eu fui bom o bastante? Nunca se manifestou nenhum valor em mim, em nenhum momento da minha vida? Isso é uma verdade ou uma crença limitante que existe em alguma “gaveta" de meu psiquismo, e que, nesse momento, saiu querendo encobrir toda a minha pessoa que é muito mais que isso? Existiu algum momento em minha vida, por menor que tenha sido, em que fui bom o bastante para lidar com alguma situação?
Esse autoquestionamento não nos leva magicamente para um total estado de bem-estar, mas nos tira de uma identificação maciça com uma convicção equivocada. Cria uma distância dessa crença e, a partir desse lugar mais distanciado, podemos assumir algum controle sobre o descontrole momentâneo de nosso mundo interior.
É preciso aceitar esse momento como parte de nossos movimentos internos, diante de circunstâncias que questionam o quanto estamos conscientes e confiantes em nossos valores. Resistir aos impulsos quase irresistíveis de ação imediata que a ansiedade produz é fundamental para iniciar o processo de liderança sobre si mesmo. São exatamente através desses momentos que parecem que vão nos destruir, que nos fortalecemos e construímos confiança em nós mesmos para sermos quem realmente somos.
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Psicanalista e Empresário.
5 mBelo artigo. Um tema que merece muita atenção...