Feliz por um triz
O Desemprego no Brasil e no mundo
O mundo não está andando bem. O Banco Mundial estima que 360 milhões de pessoas estão desempregadas. A própria onda antiglobalização que está se instaurando é o reflexo de uma economia que ainda não se encontrou desde a crise de 2008 e que procura respostas para grandes questões econômicas: o que fazer com o comércio? Como incentivar o consumo? Como escapar da armadilha do baixo consumo e do baixo investimento? Como se garantir de bolhas especulativas? Qual o papel do Estado? Qual o papel dos Bancos Centrais?
Não existe uma resposta sobre o que fazer. O remédio de baixar os juros (lá fora, aqui nunca baixam) não está dando certo.
É inacreditável que algo como 13 trilhões (isso, trilhões) de dólares, no mundo inteiro, estão em contas que oferecem juros negativos. Os títulos de longo prazo dos governos com grande credibilidade (da Suíça, por exemplo) são negativos, ou seja, você paga para guardar o dinheiro lá. O mesmo acontece com a maioria dos títulos dos governos do Japão e Alemanha, segundo o Citigroup.
Olhem só a evolução dos títulos com remuneração negativa no mercado financeiro mundial segundo o Wall Street Journal:
Toda essa enorme soma de capital não é investida, não gera novos negócios, não gera novos postos de trabalhos. Definitivamente alguma coisa está muito errada.
A notícia boa é que esse dinheiro pode ser dirigido para novos investimentos em mercados emergentes como no Brasil, especialmente investimentos de infraestrutura. Mas para isso precisamos ter uma estrutura regulatória atraente e que dê segurança jurídica para o investidor.
Essa pode ser uma saída para voltarmos a crescer. Precisamos desesperadamente disso.
O Brasil está convivendo com uma enorme taxa de desemprego, algo como 12% da mão de obra, nos colocando entre as 10 maiores taxas de desemprego do mundo. Isso significa que, na média, 12% da população brasileira em idade de trabalhar procura trabalho sem encontrar. No ano de 2016, até outubro, o país perdeu quase 800 mil vagas de trabalho.
Esse desemprego de 12% é uma média, que varia de região para região (pior no Nordeste, melhor no Sul) e de faixa etária.
São justamente os jovens, com idade entre 18 e 24 anos, a faixa etária mais atingida pelo desemprego, segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, no período de julho a setembro deste ano, o desemprego entre os jovens chegou a 26%. Isso é terrível para uma sociedade e seus membros.
Se é muito preocupante quando olhamos dados estatísticos é ainda pior quando nos deparamos com amigos, filhos de amigos e vizinhos que estão desempregados ou subempregados. Existe uma velha piada entre os economistas a respeito da diferença entre depressão e recessão: uma recessão é quando o seu vizinho perde o emprego, uma depressão é quando você perde o seu. Então essas pessoas que convivemos (quantos CVs você recebeu nos últimos meses?) são inclusive pessoas bem preparadas e, quando o desemprego entre os jovens representa um em cada quatro, não se trata apenas de uma “seleção natural” dos mais capazes para conseguir trabalhar. Trata-se muitas vezes de sorte mesmo. Daí o título: alguns são felizes por um triz.