Firewalls vs. Gambiarra de Proteção — "Escudo Invencível", ou será que não?

Firewalls vs. Gambiarra de Proteção — "Escudo Invencível", ou será que não?

Nessa trilha em que eu abordo sobre segurança digital, já falei sobre HTTPS e sobre as APIs. Agora chegou a hora de falar sobre aquela ferramenta mágica que muita gente acha que é o "salva-vidas" da segurança digital: o firewall!

Minha intenção aqui é desmistificar o firewall, mostrando por que ele não é a solução única e explicar como configurá-lo corretamente (e os desastres que acontecem quando não se faz isso). Vamos ver quando o firewall realmente protege e quando ele precisa de reforços para não ser só mais uma (entre TANTAS) gambiarras. Então, vamos ver por que um firewall bem configurado pode ser o herói dos dados – mas só se ele tiver uma equipe de suporte decente!


Afinal, O Que é um Firewall?

Imagine que o firewall é como o porteiro do seu prédio, responsável por controlar quem entra e sai. Só que em vez de pessoas, ele lida com dados e conexões. O firewall analisa o tráfego e decide, com base nas regras de configuração, o que entra e o que fica do lado de fora. Ele é crucial, mas só funciona bem se estiver configurado direito.

Como exemplo prático, Pense no cenário das fintechs e das plataformas de financiamento. São sistemas que recebem e enviam informações sensíveis o tempo todo. Uma configuração de firewall “relaxada” é como um porteiro que só pergunta "E aí, tudo bem?" para quem entra. Isso é abrir a porta para problemas. Mas... em contrapartida, um firewall bem configurado só permite que entre o que foi autorizado. Simples assim!


Firewall Mal Configurado – Receitas para o Caos

Se um firewall funciona como o porteiro, imagine o que acontece quando ele não faz o trabalho dele direito. Aqui vão alguns erros comuns de configuração que transformam o firewall numa verdadeira gambiarra:

  1. Portas Aberta para Todos: Muitas vezes, para facilitar a vida, as configurações deixam portas permanentemente abertas. Isso é como deixar a porta do cofre de um banco aberta só porque “dá menos trabalho”.
  2. Exceções Demais: Adicionar exceções no firewall é normal, mas acumular permissões para qualquer tipo de tráfego é pedir para ser invadido. Exemplo clássico? Empresas que permitem acessos múltiplos e incontrolados, criando uma verdadeira "estrada livre" para dados sensíveis.
  3. Atualização do Firewall? Pra Quê?: Um firewall desatualizado é como um antivírus vencido. Hackers adoram firewalls desatualizados porque já conhecem as brechas de segurança, pois estão documentadas e reportadas constantemente, ainda mais para soluções proprietárias. Portanto, a atualização é essencial para impedir que invasores usem falhas antigas para invadir seu sistema.


Firewall Bem Configurado – Como Fazer da Forma Correta?

Agora que entendemos as principais cagadas, vamos ver como configurar um firewall de forma eficaz.

  1. Segmentação de Rede: Dividir sua rede em diferentes zonas, por exemplo, é uma prática recomendada. Isso garante que os dados mais sensíveis fiquem isolados do resto do tráfego. Na prática, isso significa que o firewall pode filtrar o que entra e o que sai de cada área, aumentando a segurança.
  2. Monitoramento Contínuo e Alertas: Configurar alertas para tráfegos suspeitos e monitorar logs em tempo real ajuda a identificar e bloquear atividades incomuns rapidamente. Ferramentas como o Elastic Stack (ELK), uma solução open source poderosa, ajudam a rastrear acessos suspeitos, melhorando a resposta a incidentes.
  3. Exceções Bem Controladas: Em vez de liberar tudo, abra exceções mínimas e revise-as regularmente. Isso é importante para que apenas o tráfego autorizado (por exemplo, de clientes legítimos) tenha acesso à sua rede.
  4. Regras de Bloqueio de IP: Limite o acesso à sua rede permitindo apenas IPs específicos para certas funções. Em casos de ataque, bloquear o acesso de endereços IP maliciosos pode salvar o dia.


Firewall é Bom, Mas Não é Super-Herói – Quando Ele Precisa de Reforço

Agora que o firewall está configurado, precisamos entender uma coisa: sozinho, ele não vai resolver tudo. Aqui entram soluções complementares, como o XDR (Extended Detection and Response), que ajuda a detectar atividades suspeitas e a responder a ameaças. Também temos os WAFs (Web Application Firewalls), que são ótimos para monitorar o tráfego e bloquear ataques, como o envenenamento de cache.

Exemplo prático: Imagine uma fintech cujo sistema está sob ataque constante de força bruta. Um firewall comum não detecta esse tipo de atividade com precisão. Com um XDR, o sistema é capaz de identificar esse padrão de tráfego e reagir a ele em tempo real, protegendo as informações sensíveis dos clientes.

Ferramenta recomendada: O Wazuh, uma plataforma open source, é uma excelente opção de XDR para monitoramento de ameaças, gerando alertas e atuando junto ao firewall para proteger o sistema em tempo real.


Erros Básicos de Serviços Online

Em setores como fintechs e financeiras, as falhas na segurança podem ser um verdadeiro desastre. Esses sistemas lidam com dados financeiros e pessoais, portanto, precisam de camadas de segurança bem mais complexas.

  1. Autorização sem Verificação: Um erro comum é permitir acessos indevidos por falta de uma autenticação bem implementada. O firewall precisa ser parte de uma cadeia de segurança onde a autenticação e autorização controlam cada acesso de forma granular.
  2. Controle de Acesso Deficiente: Qualquer pessoa com um link pode acessar dados críticos? Isso é o mesmo que não ter firewall! Fintechs devem implementar ABAC (Attribute-Based Access Control), que controla o acesso com base em atributos específicos, e não apenas identidades.
  3. Confiança no HTTPS Como Se Fosse a Única Solução: As fintechs podem garantir que seus dados em trânsito estão seguros com HTTPS, mas isso não protege contra acessos indevidos ao sistema. A camada de transporte segura é só a porta de entrada; o que acontece depois dela precisa de segurança extra.


Ferramentas Open Source Que Podem Ajudar na Segurança

Para quem quer implementar boas práticas sem explodir o orçamento, algumas soluções open source fazem um ótimo trabalho ao reforçar a segurança.

  • Wazuh: Excelente para monitoramento e resposta a ameaças. Essa ferramenta é um ótimo complemento ao firewall e ajuda na detecção de anomalias.
  • Nginx com ModSecurity: Essa combinação funciona como um Web Application Firewall (WAF) e permite que você aplique regras de segurança para proteger APIs e web apps de ataques como SQL Injection e Cross-Site Scripting.
  • Snort: Ferramenta de detecção de intrusão que analisa o tráfego em tempo real e identifica atividades suspeitas.

Essas ferramentas oferecem proteção extra e podem atuar ao lado do firewall, garantindo que ele seja mais eficaz e menos dependente de configurações pesadas.


Monitoramento e Atualizações Constantes — Esse é "O Pulo do Gato" da Segurança

Nenhuma ferramenta de segurança vai salvar sua empresa se não houver um monitoramento constante. Um firewall atualizado e com monitoramento ativo é um firewall saudável e seguro. Afinal, a internet muda e os ataques também, então ficar um passo à frente é obrigatório!


Por fim: Segurança Não é Só Firewall (E Muito Menos Gambiarra)


Se sua empresa acha que um firewall vai resolver todos os problemas de segurança, é hora de repensar. Firewalls são essenciais, mas precisam de configurações adequadas, complementos e monitoramento. E, por mais básico que pareça, investir em uma segurança de ponta a ponta (e sem gambiarras) é o que vai garantir a tranquilidade e a confiança dos seus usuários.


E lembre-se: segurança é investimento, não custo. Se algo der errado porque o firewall era só uma “barreira de entrada”, o prejuízo pode ser imenso. Então, antes de confiar a segurança dos dados do seu sistema a uma "configuração padrão", pense duas vezes... ou melhor, pense VÁRIAS vezes:


Será que você não está só fazendo "o básico" e, ainda ... mal feito?

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