Fracasso: medo ou oportunidade?
Nós vivemos em um mundo de vencedores. Como crianças, crescemos competindo por atenção em nossas famílias, por notas e amigos na escola e pela vitória em esportes e debates. Mais tarde, ao entrar no mundo corporativo, aprendemos a conquistar os outros. A mensagem continua: devemos sempre jogar para vencer. Nos negócios, na política e na maioria das outras áreas, a vitória nunca é uma mistura de prazer e arrependimento e a perda é sempre amarga.
O fracasso passou de uma ação (Eu fracassei) para uma identidade (Eu sou um fracasso). E com isso, temos medo de arriscar e mudar nosso status de vencedor para perdedor. Todo mundo já passou por uma experiência em que não obteve êxito e sabe como é uma situação dolorosa. Mas isso não pode definir quem nós somos. É apenas uma amostra de um problema que precisamos encarar, lidar e aprender com ele.
Quando olhamos o fracasso como algo fixo, temos a tendência de simplesmente tentar reparar a nossa autoestima. Saímos em busca de alguém que esteja em uma situação ainda pior para nos sentirmos melhores. Outra forma de enxergar a situação é colocar a culpa em outros ou criar desculpas para o nosso resultado. Ficamos remoendo sobre os problemas e contratempos, essencialmente com a ideia de que o revés significa que somos incompetentes ou não merecedores. Se nos deixarmos levar por esses pensamentos, dificilmente encontraremos força para tomar uma ação e determinação para continuar tentando.
Em resumo, quando acreditamos em características fixas, estamos sempre correndo o risco de sermos avaliados pelo fracasso. Isso pode nos definir de uma forma permanente, ao acreditar que não há uma forma de alcançar aquele resultado. Essa mentalidade pode roubar a nossa capacidade de enfrentamento. Quando acreditamos que nossas qualidades e capacidades podem ser desenvolvidas, os fracassos continuam a nos machucar, mas os fracassos não nos definem mais. Enquanto a mudança e o crescimento forem possíveis, ainda há muitos caminhos para o sucesso.
No mundo corporativo, as condições para admissão do fracasso precisam ser criadas. Primeiro, é necessário um ambiente onde o fracasso não seja ridicularizado e sim encorajado. Uma vez que estamos cercados por aqueles que são mais propensos a aceitar o fracasso, podemos incentivar e assumir riscos logo no começo. Agora que estamos correndo riscos, é importante ter em mente o mindset "Próximo Jogo" ou como Carol Dweck define em seu livro como "growth mindset". Os riscos vêm com apenas uma chance de sucesso, e às vezes as probabilidades não estão a nosso favor. Ao invés de remoer os fatores que causaram o fracasso, podemos escolher aprender com ele e ver como podemos fazer melhor na próxima interação, na próxima chance, na próxima oportunidade, no "Próximo Jogo". Redirecionamos nossos esforços no que se segue. Isso não é atuar como se o fracasso não acontecesse, mas como se tivéssemos uma folha em branco para continuar a aprender e assumir riscos.
Todos os dias, torna-se mais óbvio o que estamos perdendo quando vencer é a única opção: tudo. Para gerenciar verdadeiramente o medo do fracasso, devemos exercitar o músculo do fracasso. Ao experimentar repetidas falhas, podemos aprender a enfrentá-las e adaptar-nos melhor às consequências do que se raramente falharmos.
Se você ainda não está convencido, recomendo a playlist de 6 TED Talks sobre os benefícios do fracasso. Vale tentar!