Fusca, diga qual a palavra que nunca foi dita.

Essa foi a primeira frase que me veio à mente ao ser convidado pela equipe da revista eletrônica Future para escrever sobre o Fusca, afinal como ser original sobre um tema que quando consultado no tio Google, apresenta 18.500.000 resultados em 15 centésimos de segundo. Tão difícil quanto presentear aquele amigo que já tem de tudo, escrever sobre o Fusca é a certeza de repetir o que outros tantos já disseram antes. Mas, assim como no caso do presente, em que sempre encontramos alguma coisa na última hora com “a cara” do nosso amigo, em dezoito milhões e meio de resultados, alguma coisa tinha que ter “a cara” da Future. Se, além do óbvio que é transportar pessoas, um carro deve despertar emoções, ninguém fez isso melhor que o Fusca (que me desculpem os mais materialistas, mas eu trato sim, carros e motos como seres). Sob qualquer aspecto que se pense em discutir com alguém sobre o Fusca, devemos estar preparados para transitar da paixão inexplicável ao ódio visceral em apenas duas frases. Prova inconteste da vida “post mortem”, não me lembro de nenhum outro que voltasse a ser fabricado, exatamente como parou e na mesma fábrica, 7 anos depois de “descontinuado”, termo técnico e politicamente correto para, “morto e enterrado”. Argumentar buscando consenso sobre as qualidades, defeitos, recordes e realizações do Fusca é muito, mas muito mais difícil do que no caso Senna x Shumi. Na lista dos “top 10” mais vendidos do mundo, o Fusca aparece em quarto lugar, com quase 24 milhões de unidades, mas uma análise mais acurada revela que o terceiro posto, ocupado pelo Golf, soma 7 gerações; o segundo é ocupado pela família “F” da Ford e vai da F100 a F750 num total de 12 gerações de picapes; a pole esta na mão do Corola com nada menos do que 10 gerações. Neste caso, o Fusca é de longe, o carro mais vendido do mundo em uma versão/geração única. Aqui no Brasil sua história se confunde com a própria história da indústria e do mercado automotivo. O primeiro lote de 30 unidades, importado pela família Matarazzo, chegou ao porto de Santos em 1950, o sucesso foi tanto que a Brasmotor começou a montá-los por aqui. Em 1953 a própria VW assumiu a montagem em regime de CKD, com 12 funcionários, em um galpão alugado no bairro do Ipiranga, em São Paulo. Em 1959 passou a ser produzido no Brasil, já de “casa própria” na fábrica da via Anchieta, onde foi produzido até 1986, quando foi “descontinuado” pela primeira vez. Apesar de todas as mudanças estéticas e técnicas a que foi submetido, continuava fiel ao projeto original do Sr. Ferdinand Porsche, apesar de alguns historiadores defenderem que o projeto original foi na verdade, do Húngaro Josef Ganz. No dia 2 de outubro de 1992 o então presidente da república, Itamar Franco, “sugere” a volta do Fusca, o que aconteceu efetivamente em 23 de agosto de 1993. O que pouca gente se lembra, ou até mesmo nem sabe, é que foi graças a esta “morte e ressurreição” que nasceu o Protocolo do Carro Popular, com a redução do IPI para 0,1% possibilitando o acesso de milhões de Brasileiros ao carro 0 km. Mas, como o mercado é implacável e nem mesmo a vontade presidencial se sobrepõem à vontade do povo, em 28 de junho de 1996 o bom e velho Fusca foi “descontinuado” pela segunda e última vez (será mesmo?) no Brasil. O último país a abandonar sua produção foi o México em 2003, com isso ele foi o carro que ficou mais tempo em produção, desde 1934 até 2003. Bom, como em minha modesta opinião, o New Beetle e o New new Beetle (que eles insistem em chamar de new Fusca) só têm o logo em comum com o Fusca, para mim a história termina aqui. Mas, se você quiser saber mais, lembre-se que existem dezoito milhões e meio de paginas esperando por seus cliques neste maravilhoso mundo virtual chamado WWW.                                                            Minha homenagem ao dia nacional do fusca, 20/01.


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