No futuro, toda empresa será feita de dados. E, se tudo estiver funcionando bem, você não vai nem perceber.

Talvez você nem tenha ficado sabendo...mas aconteceu nessa semana em São Paulo um dos mais importantes eventos de tecnologia do Brasil. Me refiro ao Congresso Febraban Tech 2023, realizado nos dias 27, 28 e 29 de junho.

Eu visitei o Congresso no primeiro dia e, como em outros anos, fiquei impressionado.

Caso você não tenha ligado "o nome à pessoa", Febraban é a Federação Brasileira de Bancos. Sim, ela mesma.

Na minha opinião, há algumas razões pelas quais esse evento desperte pouca curiosidade do público em geral. A primeira delas se refere ao fato dele não ser propriamente uma expressão cultural, como aqueles encontros de millennials e novos hippies que atraem a atenção da Rede Globo e que terminam em uma festa rave, sabe?

É difícil relacionar o Febraban Tech à ideia de rebeldia. Afinal, há poucas coisas que um rebelde puro sangue odeia mais do que um banco, não é?

A segunda razão pela qual você não se lembra de ter ouvido falar do Febraban Tech é porque, como um bom brasileiro, você odeia odiar os bancos. Esse ódio inconsciente é tal que, ao ouvir a palavra Febraban, o seu cérebro reptiliano te afasta daquilo.

É um efeito incontrolável!

Você também pode estar endividado e inadimplente, e por isso não querer passar nem perto de um congresso de bancos. Eu entendo bem...já trabalhei na Serasa e no SCPC.

Amando ou odiando os bancos, a verdade é que a indústria bancária é a maior responsável pelo investimento em tecnologia digital no Brasil.

O interessante é que há uma peculiaridade na forma como os bancos enxergam a tecnologia...

Para eles, ela é meio, e não fim. Ela não é o astro do show. Ela não precisa aparecer. Só tem que funcionar.

Essa reflexão me lembrou do conceito de "furtivo". Como eu sou da época do dicionário, vamos consultá-lo:

A boa tecnologia passa despercebida. É discreta, não chama a atenção, mas faz maravilhas. Mais ou menos como o Febraban Tech.

Há uma frase famosa que muita gente entende errado. Ela diz: no futuro, todas as empresas serão digitais.

A interpretação correta dessa ideia é que a tecnologia se tornará tão pervasiva, onipresente e transparente, que ela se tornará o material com o qual todas empresas serão construídas.

É o equivante a dizer que, se no passado, as empresas eram feitas de tijolo, ferro, aço e papel, no futuro próximo elas serão feitas de dados. Essa revolução não tem volta.

Enquanto tudo estiver funcionando direito, você não vai nem perceber que o seu banco não tem agências, que o supermercado não tem loja, que os prédios não tem porteiro, que os carros não tem motorista...

Até o dia que um ataque hacker acontecer.

Nesse dia, meu amigo, você vai entender o que os bancos já sabem faz tempo...

Quanto menos você perceber a tecnologia, melhor.