Gabriela e o 'reputing'
Na velocidade frenética das informações no digital, as decisões são tomadas com base nas percepções. Ora, qual a percepção que os seguidores da Gabriela Pugliesi tinham sobre ela: musa fitness, estilo de vida, influencer digital, a vida é ‘mara’. Um convincente discurso construído ao longo do tempo.
Pugliesi já tinha sido contaminada pela Covid-19 no fim de março, durante o mega casamento da irmã, na Bahia. Passou dias dando entrevistas e postando em seu Instagram, alegando que estava com a consciência pesada, alertando sobre prevenção, necessidade de isolamento social.
Só que ela ligou o “foda-se a vida” (inclusive gritou essa frase) no último sábado, ao organizar e postar um rega bofe feito em casa com outras blogueiras, logo na aguda crise que vivemos por causa do avanço do coronavírus. Dito e feito: perdeu seguidores e, principalmente, patrocinadores. Marcas como Hope, Rappi, LBA, Baw Clothing, Mais Pura, Evolution Coffee, Liv Up suspenderam a parceria.
Na crise, as percepções importam mais do que os fatos. No caso do Instagram, o lado emocional se multiplica porque o ativo principal dessa mídia social é emoção, ainda que fabricada e cheia de filtros. “Insta é good vibes”, ouvi uma vez. Tem razão.
Para criar sentimentos positivos, influenciadores se tornam relevantes quando engajam em assuntos com os quais (em tese) se preocupam. Esse processo ativo é chamado de “reputing”. Alinha identidade (o que o influenciador é), comunicação (o que o influenciador diz), ações (o que o influenciador faz).
O tiro no pé de Pugliesi afeta não só sua reputação, mas de todas os influenciadores. Esse capital simbólico, esse estoque de imagem positiva que busca carregar, esse consistente gerenciamento da exposição segue outra rota – indesejável, incontrolável e desgastante.
Não adianta vender suco detox, comida sem glúten e fazer namastê se você aglomera gente ao seu redor em tempos de quarentena. Não adianta reclamar da falta de privacidade se você quer se expor o tempo todo e não se preocupa com as consequências.
É ‘mara’ ser honesto, mas também é ‘mara’ parecer honesto.
Assessoria de Comunicação 4.0, Planejamento Estratégico, Gestão de Crise, Comunicação Integrada e Marketing Digital
4 aNão gosto dela e nunca gostei. Já tivemos um problema com ela por conta da orientação ilegal da atividade fisica, em 2017.