A. GALÁN - Reflexões 10ABR2022 Nº 109: AS VANTAGENS DA GUERRA? (A INVASÃO DA UCRÂNIA)
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CALMA… Eu sei que o título desta Reflexão é provocador e talvez - dirão alguns - pouco sensato, na medida em que das guerras nunca podem surgir vantagens, desde logo porque se assiste a muita destruição e, principalmente, porque se perdem imensas vidas humanas.
EM TODO o caso, vejamos:
A Guerra na Europa, ou melhor e neste caso, a bárbara invasão da Ucrânia, tem tido o “mérito” (daí as vantagens) de colocar a nu uma porção de coisas; percebemos que a Paz e a Prosperidade na Europa não são, de todo, coisas garantidas.
MAIS, E como diz o nosso povo, DEPOIS DE CASA ROUBADA, TRANCAS À PORTA, ou seja, embora sucessivamente alertados, compreendemos agora as fragilidades desta Europa, em particular da UE no que diz respeito à nossa dependência energética da Rússia (petróleo, gás e carvão…). As nossas fraquezas não se manifestam só aqui, aliás como já tinha acontecido com a Covid19, manifestam-se também no campo alimentar e medicamentoso, entre outros.
Fruto de muita ingenuidade, negócios duvidosos e politiquice, desatamos a fechar centrais de produção de energia elétrica, movidas a carvão, a gás e a energia nuclear, indo atrás de movimentos da moda e na procura de votos, e agora estamos na mão dos nossos inimigos; sim, é assim que podem e devem ser chamados.
Então, sobre este particular, qual a vantagem que nos trouxe esta guerra?
Colocou a descoberto a necessidade que temos de nos tornar mais independentes em termos energéticos, principalmente, mas também alimentares e ainda noutros setores igualmente importantes, procurando por isso alternativas internas ou junto de países aliados ou amigos.
IGUALMENTE importante, na DEFESA MILITAR, a Europa praticamente bateu no fundo.
Recentemente, até foi afirmado que a NATO estava em morte cerebral; contudo e por paradoxal que pareça, afinal está bem viva e unida (outra vantagem que esta guerra trouxe).
NOUTRO PLANO: Lembram-se, quando, em Portugal e noutros países, havia Serviço Militar Obrigatório (SMO)?
Desde essa altura (Portugal em 2004) e após o fim do período transitório, assistiu-se “à voluntarização plena do serviço militar, assumindo as Forças Armadas a capacidade de captar os seus próprios recursos humanos, concorrendo diretamente no mercado de trabalho com outras entidades empregadoras…”. Do que se vai sabendo, não tem corrido bem.
ORA, AQUI está um dos maiores erros de perceção: Prestar serviço militar, no caso, o então SMO, era muito mais do que ter um emprego, era uma tomada de consciência coletiva para a necessidade de se ter gente suficiente e capaz, o que agora rareia.
Desde aquela altura, em Portugal, desmilitarizaram-se as consciências, fecharam-se imensos quarteis, depauperaram-se os orçamentos destinados à Defesa e fizeram-se muitas outras coisas que debilitaram a nossa Máquina de Guerra.
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Nunca mais apareceu, na comunidade, algo que tivesse a capacidade que tinha o SMO, de juntar gente de todos os extratos sociais, de todas as regiões do nosso país e com diversos níveis académicos, culturais e profissionais; perdeu-se este cimento social que agora se vê faz falta nas alturas de aperto.
E AGORA??
Pois, só agora aparece “gente de bem”, leiam-se governantes, políticos e comentadores, a afirmarem que é IMPOSSÍVEL TER PAZ SEM TER DEFESA e com isso a repensarem novos modos de recrutamento militar e a ponderarem abrir os cordões à bolsa nos Orçamentos de Estado para a Defesa, isto em diversos países da Europa.
Em Portugal, ainda não percebi o que vai ser feito nesta questão, mas que se fala muito, lá isso fala…
A GUERRA NÃO É NA UCRÂNIA, É NA EUROPA.
Não há outro modo de ver as coisas.
A melhor garantia da permanência da Paz é ter uma Defesa Militar forte. Logo, as Forças Armadas só podem estar em duas situações:
Ou estão na Guerra, ou quando não estão, preparam-se para a mesma. Mas, como sabemos, não se fazem omeletes sem ovos…
“NO SEU MELHOR, O HOMEM É O MELHOR DOS ANIMAIS; SEPARADO DA LEI E DA JUSTIÇA, É O PIOR.”
Aristóteles (Século IV a. C.)
Forte e fraterno abraço – até breve.
António Galán