Gemba - Cartilha Viva

Gemba - Cartilha Viva

Comecei meu aprendizado sobre idas ao Gemba faz alguns anos, incentivado por líderes, os quais admiro, que também estavam vivendo a experiência.

No início, não conseguia desvincular o exercício de caminhar pelos times da ideia de um assessment. Minha formação, bastante orientada à processos, fazia com que as poucas perguntas que formulava soassem como busca direta por evidências.

Caso alguém do time visitado não soubesse ou tivesse a resposta, prontamente dava sugestões baseadas em minha experiência ou colocava-me à disposição para uma agenda de compartilhamento.

Entendia estar ajudando a melhorar o patamar de entrega da operação, pois atuava como um agente na propagação de boas práticas de um time para outro. O que não compreendia bem era o porquê da não perenidade de tais práticas, uma vez que acordávamos serem a implantação destas o mais indicado.

Lembro-me de diversos casos em que iniciativas, ou melhorias, instaladas em um mês não duraram até o seguinte.

O fato é que de tanto ir ao Gemba, acabei me tornando um facilitador de visitas de outros colaboradores e clientes à operação. Nesses episódios, após relatar o que ou como fazíamos, abria espaço para os visitantes perguntarem direto para membros do time. Esses momentos, em que ficava mais observando, me deram espaço para, aos poucos, viver exercícios de transferir minha empatia de quem perguntava para quem recebia os questionamentos.

Comecei, então, a sentir certo desconforto quando perguntas sobre o que acreditavam que deveria ser feito, ou como imaginavam fazê-lo, eram direcionadas ao time. Esse sentimento estava possivelmente relacionado a reviver o tipo de abordagem que eu mesmo seguia em minhas caminhadas pelos times.

Buscando por inspiração sobre como melhorar esse tipo de relação me deparei, em momentos distintos, com duas fontes que combinadas me ajudaram muito: a publicação de Simon Sinek, Start with Why: How Great Leaders Inspire Everyone to Take Action, e a de John Shook, How to go to the Gemba: Go See, Ask Why, Show Respect.

Exercitar perguntar por que não foi, e ainda não tem sido de todo natural. Contudo, ajudar com perguntas os times a encontrarem suas próprias respostas para problemas e ou oportunidades do cotidiano tem sido bem mais transformador que recomendações de boas práticas. O aprendizado pode até ser mais faseado, e talvez paulatino, mas é profundo e tenho observado a perenidade que tanto sentia falta.

Hoje, juntando um pouco mais de conhecimento sobre Humble Inquiry: The Gentle Art of Asking Instead of Telling (Edgar H. Schein) e graças ao suporte de excelentes gestores que comigo trabalham e me dão feedback, sigo minha jornada de idas ao Gemba, grato pela consciência de que tenho tanto ou mais a aprender do que a ensinar.

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