A geração mais estúpida
Será que a era digital faz bem aos nossos neurônios? Para o professor americano Mark Bauerlein, a resposta é não: se você tiver menos de 30 anos, considere-se membro da geração mais estúpida da história.
Bauerlein, professor na Universidade Emory, na Geórgia, supervisiona estudos sobre a vida cultural americana. Ele acredita que as novas gerações, educadas sob a influência das mídias digitais, são formadas por narcisistas despreparados para pensar em profundidade sobre qualquer assunto. Ele diz que uma pesquisa de 2006 com mais de 81 mil estudantes americanos de ensino médio detectou que 90% deles “leem ou estudam” menos de cinco horas por semana – embora passem “pelo menos” seis horas navegando na internet e um período equivalente assistindo à TV ou jogando videogame. “Indivíduos que não sabem praticamente nada de história, que nunca leram um livro nem visitaram um museu não têm mais do que se envergonhar. Tornaram-se comuns”, afirma.
Desde a gênesis da internet, somos golpeados por correntes, notícias e todo o tipo de baboseira em nossas caixas de entrada. Sempre foi comum receber um e-mail sobre uma conspiração global, o flúor na água ou o governo se apropriando de nossa poupança. Ao que me parece, é um padrão da natureza humana compartilhar todo tipo de informação, que para ela é relevante, mesmo que careça de fontes, “por via das dúvidas” eles dizem.
O problema vem se agravando durante os últimos anos, como revelou uma pesquisa feita por uma empresa de consultoria chamada Genera. Eles divulgaram um estudo alarmante sobre os efeitos do uso da internet entre os jovens. A empresa entrevistou 6 mil pessoas da geração que cresceu usando a internet e concluiu que as coisas estão mudando radicalmente. “A imersão digital afetou até mesmo a forma como eles absorvem informação”, afirmam os pesquisadores. “Eles não leem uma página necessariamente da esquerda para a direita e de cima para baixo. Pulam de uma palavra para outra, atrás de informação pertinente.” E isto não é fruto direto das nossas relações com Facebook e Twitter?
O Twitter nos incentiva a nos expressar com apenas 140 caracteres, portanto, nosso pensamento se limita também a 140 caracteres. Já o Facebook, recebe a maior parcela da culpa. A rede social mais usada no mundo, mudou até a forma em que a publicidade e o jornalismo são produzidos.
Comum no Facebook são os “click baits”, ou as “iscas” para atrair acessos para um determinado site. Nossa geração veloz, composta por CEOs, super empresários e pessoas com o cronograma comprometido, não pode perder tempo lendo matérias completas, então é comum lermos a manchete da notícia e imediatamente comentarmos, expressando nossa opinião baseada no título e na foto. Jamais abrimos a matéria. Isso dá muito trabalho.
O resultado foi uma mudança nas relações com a mídia social. Empresas agora não entregam a notícia na manchete, tão pouco na foto e preparam uma “isca” para que você acesse o site, já que a interação no Facebook não gera receita alguma, ao contrário dos acessos no site.
Esta semana, circulou no Facebook um vídeo do Obama em 2010, fazendo uma piada com sua esposa em um discurso. O vídeo fora traduzido, propositalmente errado e de repente o Obama estava criticando o governo Dilma. Por incrível que pareça, o vídeo já tinha sido compartilhado milhares de vezes, antes que alguém pudesse dizer “Ei! Espera, ele não disse isso!!”. A velocidade da informação é implacável.
Somos incapazes de fazer uma reflexão profunda sobre qualquer tema, visto que não temos o tempo suficiente para refletir sobre determinado assunto, porque quando atualizamos nosso feed, temos mais 5 temas diferentes para refletir.
Enquanto não superamos o apogeu das mídias sociais, iremos amargar a abundância de informação mas a carência do conhecimento.
Inspirar nosso time e a construção civil para novos patamares.
6 aMuito legal o texto. Parabéns.