Gerenciando em Extrema Incerteza

No módulo do Programa de Formação e Certificação de Conselheiros da Board Academy Br , sobre Conselhos de Alto Impacto e Visão de futuro, com o professor Eduardo Gomes, foi abordado a importância do tema e como devemos tratá-lo no conselho consultivo.

Qualquer empresário ou membro de um conselho consultivo poderá dizer que administrar uma empresa de qualquer tamanho envolve determinada incerteza. Mesmo com planejamento e gestão de riscos estruturadas, por vezes, surgem questões que aparentemente estão fora do controle. Estas incertezas são uma parte intrínseca da jornada de qualquer empresário. Entretanto, a forma como as empresas lidam com estas incertezas é que faz a diferença

Na sua forma mais simples, a incerteza empresarial é qualquer evento que uma empresa é incapaz de prever ou influenciar diretamente, o que pode levar a resultados negativos. Embora semelhante, não deve ser confundido com risco, pois os dois conceitos são diferentes.

As diferenças entre risco e incerteza é que, embora o risco possa ser difícil de navegar para um empreendedor, navegar na incerteza do negócio é ainda mais desafiante. O risco pode ser medido e analisado, permitindo-lhe tomar uma decisão informada antes de agir. A incerteza empresarial, não por muitas vezes não permite isso, uma vez que ninguém pode preparar-se para um evento que não prevê, como por exemplo, a incerteza causada pela pandemia de Covid-19.

Como as empresas lidam e devem fazer com a incerteza?

Embora a incerteza empresarial, pela sua própria natureza, seja imprevisível, não significa que os empreendedores não consigam identificar tendências a longo prazo, que lhes permitam posicionar-se melhor quando a incerteza chega.

Outro aspecto importante é compreender que o fracasso faz parte do processo. Muitas empresas não conseguem perceber isso e, em vez de enxergar isso como uma oportunidade de aprendizado para ajudar a criar algo ainda melhor na próxima vez, veem isso apenas como um revés.

Ao determinar como as organizações devem responder à incertezas extremas, os gestores precisam estimar a magnitude e a duração disso. No início, uma resposta organizacional adequada e centralizada, necessita ser ativada. Depois, os líderes precisam mudar para um modelo operacional que seja sustentável e que reaja adequadamente à incerteza contínua ao longo de meses ou mesmo anos.

Eventos com evolução rápida, exigem não somente decisões rápidas, mas também, mudanças generalizadas no modelo gerencial da organização. A maneira operacional em que os gestores se reúnem, discutem e agem, precisa corresponder à evolução da problemática, preferencialmente, criando procedimentos inteiramente novos.

A incerteza extrema exige aprendizado contínuo e revisão constante de suposições. Em vez de estabelecer um plano e garantir que a organização o cumpra, os gestores devem compreender e responder continuamente às mudanças dinâmicas e dolorosas. Em vez de fazer revisões periódicas de um plano estático, é necessário se reunir para sessões iterativas de tomada de decisões estruturadas em torno de três imperativos: descobrir, projetar, executar.

Os gestores devem trabalhar em conjunto para diagnosticar a situação, considerar as suas implicações práticas, explorar como poderá evoluir e estabelecer e executar ações apropriadas. Para tomar decisões informadas, é necessário aconselhamento especializado. Os especialistas podem contribuir para melhores decisões, principalmente preenchendo lacunas no conhecimento de gestão existente.

À medida que se concentram intensamente na tomada de decisões práticas rápidas, os gestores também devem estar preparados para mudar de rumo se a situação mudar. Primeiro devem vir ações para mitigar os “piores cenários” para a organização. Ações de baixo custo também podem ser tomadas rapidamente, para resolver problemas que possam surgir em qualquer um dos vários cenários potenciais. Numa crise existencial, os gestores devem sentir-se confortáveis para tomar decisões conscientes e agir deliberadamente e agir de maneira focada para manter o controle das organizações

Por último, porém, não menos importante, embora tenham se feito grandes progressos na adoção de abordagens amigas do ambiente, muitos preveem essa como a próxima incerteza global extrema que os empresários e empresas em todo o mundo enfrentarão. Isso representa um problema real para as cadeias de abastecimento que enfrentarão perturbações em massa como resultado das alterações climáticas. Os gastos dos consumidores caem (as famílias podem adiar as compras ou até cortar gastos devido ao aumento dos custos de aquecimento ou despesas com reparos domésticos), as cadeias de abastecimento são interrompidas, e os projetos de construção se atrasam, dentre outras reações.

Para concluir, a incerteza empresarial mostrou-nos que nem sempre podemos prever o que o futuro poderá trazer. Mas isso não significa que não possamos tomar medidas para estarmos mais bem preparados para quando a incerteza chegar.

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