Gestão de Crises Decorrentes de Eventos Extremos #3

Gestão de Crises Decorrentes de Eventos Extremos #3

Crises, em suas diversas formas, invariavelmente nos levam a uma decisão difícil: seguir pelo caminho da inação e sucumbir aos desafios ou abraçar a mudança e transformar adversidades em #oportunidades. Ao longo da história, vários momentos demonstraram que momentos de crise têm potencial para catalisar inovações, reestruturar sociedades e fomentar novos empreendimentos.  A história recente tem exemplos notórios de como dificuldades se transmutaram em avanços significativos e duradouros.

 A pandemia de Covid-19, iniciada em 2019, trouxe impactos devastadores à saúde pública e à economia global, mas também acelerou mudanças e inovações que poderiam levar décadas para se concretizar. No âmbito da saúde, a rápida aprovação e distribuição de vacinas usando tecnologias inovadoras como o #mRNA revolucionou a indústria farmacêutica.  O trabalho remoto e a educação à distância se popularizaram, levando ao desenvolvimento de plataformas digitais para #Vídeo-Conferências, colaboração e ensino à distância (#EAD), que transformaram a dinâmica do trabalho e da aprendizagem.  Indústrias inteiras tiveram que se adaptar ao novo normal, resultando em digitalização acelerada de serviços e no crescimento massivo do comércio eletrônico, beneficiando enormemente as empresas associadas à #marketplaces e criando novas modalidades de serviços e atividades, menos dependentes de espaços físicos para as relações de consumo.

Nos anos 70-80, a crise de combustíveis provocada pelos choques do petróleo expôs a vulnerabilidade das economias dependentes de energia fóssil, incentivando uma busca urgente por alternativas. Este período viu um impulso significativo no investimento em fontes de energia renovável, como a solar e a eólica e até mesmo o programa brasileiro Proálcool. Naquela época, o Japão, impulsionou sua pesquisa em veículos eficientes, resultando na criação de #CarrosHíbridos e mais tarde, #CarrosElétricos. O movimento não só promoveu a diversificação energética, mas também gerou indústrias completamente novas, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e econômica de longo prazo.  Alguns desses desenvolvimentos estão se consolidando e confirmando quase quatro décadas depois.

Os conflitos na Ucrânia e em Israel são outro exemplo de como situações adversas podem precipitar inovações tecnológicas e empreendimentos resilientes.  Na Ucrânia, os conflitos com a Rússia desde a década passada levaram ao desenvolvimento acelerado de tecnologias de defesa e #cibersegurança, posicionando o país como um líder emergente nesta área. Startups ucranianas começaram a ganhar reconhecimento internacional, destacando-se pela criatividade e resiliência. Em Israel, um país constantemente sob tensão, a necessidade de segurança levou ao desenvolvimento de sistemas avançados de defesa, como o Iron Dome, e a um ambiente empreendedor dinâmico, especialmente em tecnologia militar e cibersegurança, fomentando o apelido de “#StartupNation”.  Os problemas logísticos decorrentes dos conflitos com a Rússia e na região do Golfo, logo depois da Covid que paralisou temporariamente o comércio com a China, forçaram empresas e nações a repensar suas estratégias de “#SourcingGlobal" e buscar o desenvolvimento de produtos e fornecedores alternativos.

Os incêndios florestais recorrentes na Califórnia e na Austrália são outros exemplos de crises ambientais que forçam a inovação em gestão de desastres e tecnologias de prevenção. O aumento na frequência e severidade dos incêndios motivou o desenvolvimento de drones equipados com sensores térmicos para monitoramento aéreo, permitindo respostas mais rápidas e eficazes. Estes eventos também impulsionaram a pesquisa em materiais resistentes ao fogo para construção civil e a implementação de políticas mais rigorosas de gestão florestal. O seguimento de #Seguros foi também forçado a repensar seus produtos e condições de exclusão de cobertura, porque se por um lado a sinistralidade havia aumentado, por outro os clientes passaram a buscar coberturas com garantias explícitas para aquele tipo de situação.

Crises apresentam um paradoxo inerente: enquanto trazem sofrimento e desafios consideráveis, também criam terreno fértil e motivação para transformação e progresso. Cada desafio enfrentado tem o potencial de desencadear um ciclo virtuoso de #adaptação, #inovação e #crescimento, oferecendo lições valiosas e oportunidades únicas para um futuro mais resiliente e próspero.

Pandemias, crises de recursos, conflitos geopolíticos e desastres naturais, comprovam repetidamente que “a necessidade é a mãe da invenção”.

O conceito de #antifragilidade, proposto por Nassim Nicholas Taleb em seu livro "Antifragile: Things That Gain from Disorder," propõe uma maneira revolucionária de encarar as crises e a incerteza. Ao invés de simplesmente resistir (recuperar-se) ao caos ou se adaptar passivamente às mudanças, entidades antifrágeis prosperam e se fortalecem diante da volatilidade, estresse e desordem.

Para aplicar esse conceito ao contexto empresarial, é essencial que as empresas transcendam a mera robustez.  Empresas robustas podem resistir a choques sem sucumbir, mas as antifrágeis vão além: elas usam esses choques como combustível para inovação, diferenciação e crescimento.  

Taleb propõe algumas estratégias específicas pelas quais as empresas podem construir sua antifragilidade:

  1. Diversificação e Redundância: As empresas devem evitar a dependência excessiva de qualquer única fonte de receita, produto ou mercado. Diversificar operações cria camadas de segurança que permitem absorver impactos localizados sem comprometer a totalidade do negócio. A redundância, por sua vez, assegura que haja reservas ou alternativas prontas para serem ativadas em tempos de crise.
  2. Experimentação e Iteração: Adotar uma cultura de experimentação contínua permite que a empresa teste novas ideias com baixo risco, aprendendo rapidamente o que funciona e o que não funciona. Pequenos experimentos falhos são preferíveis a grandes falhas cataclísmicas. Esse processo iterativo e constante feedback ajuda a empresa a ajustar suas estratégias em tempo real e se adaptar rapidamente às mudanças do mercado.  O foco precisa ser alterado de “não falhar” para “falhar rápido” (reduzir o tempo para uma solução chegar ao mercado, identificar rapidamente uma falha e buscar melhorias ou outras alternativas).
  3. Aprendizado Contínuo e Adaptabilidade: Empresas antifrágeis valorizam o aprendizado contínuo. Investir em treinamento e desenvolvimento dos funcionários aumenta a capacidade da organização de se adaptar e inovar. Flexibilidade organizacional e descentralização das tomadas de decisão também são cruciais, permitindo uma resposta ágil e eficaz às mudanças repentinas.  As falhas rápidas propostas no conceito anterior, precisam ser ressignificadas de “momentos de fracasso” para “experiências de aprendizado”.
  4. Gestão de Riscos e Cenários: Em linha com a filosofia de Taleb, as empresas devem reconhecer os riscos inerentes e tratá-los como oportunidades. Utilizar opções financeiras ou estratégicas (como contratos flexíveis, parcerias estratégicas e investimentos em pesquisa e desenvolvimento) pode proporcionar uma vantagem significativa. Essas opções funcionam como seguros contra situações adversas, ao mesmo tempo que oferecem potencial para ganhos substanciais em cenários positivos.  Sob esse ponto, se abrigam tanto alternativas de “hedging” como a construção de ecossistemas robustos de fornecimento e consumo que garantam a complementariedade de competências ou alternativas para os momentos que ameaças se concretizam ou a mitigação de vulnerabilidades falha.
  5. Foco no Cliente e Inovação Orientada ao Mercado: Manter um foco contínuo nas necessidades e comportamentos dos clientes, especialmente durante crises, pode revelar oportunidades de mercado inesperadas. A inovação impulsionada pelo feedback do cliente tende a ser mais relevante e benéfica, ajudando a empresa a se alinhar melhor com as demandas reais e emergentes do mercado.  Como bem explica o mestre José Carlos Teixeira Moreira da Escola de Marketing Industrial - EMI , a questão é como passamos a priorizar o #FocoDoCliente (a perspectiva que o cliente tem sobre qualquer questão) ao invés de apenas alinharmos os discursos e as mensagens para afirmar “O Cliente tem sempre razão”.  Se entendermos as preocupações e os problemas DO cliente, podemos construir soluções únicas que os enderecem.  Soluções únicas são incomparáveis e portanto mais fáceis de conquistar a atenção dos clientes.
  6. Cultura Organizacional Resiliente: Uma cultura corporativa que valoriza a resiliência, a criatividade e a proatividade prepara melhor a equipe para lidar com pressões externas. Encorajar um ambiente onde os funcionários possam fazer perguntas, sugerir melhorias e experimentar novas abordagens fortalece a organização como um todo.  A #diversidade e a #comunicação assumem importância crítica nessa dimensão.  Não necessariamente apenas a diversidade de gênero, geração, raça, origem, comportamento social, mas a diversidade de pensamentos e perspectivas que frequentemente é a mais difícil de sustentar e exige os líderes mais maduros.

Empresas que adotam os princípios da antifragilidade não apenas sobrevivem às crises, mas saem delas mais fortes e competitivas.  Alcançam isso mediante a construção de estruturas internas flexíveis, incentivando a experimentação contínua, diversificação, adaptação proativa, e colocando sempre o foco DO cliente no centro de suas ações.  

Antecipação é um ingrediente fundamental que se traduz na forma de times diversos, bem treinados e alinhados dos objetivos, que fazem da análise de riscos e cenários um exercício saudável e compensador de preparação e construção dos seus futuros.   

Ao cultivar essas práticas, as empresas colocam-se em uma posição vantajosa para não só enfrentar, mas prosperar em meio à incerteza e ao caos.


Anti-fragilidade em meio ao caos envolve adaptação extrema para romper barreiras! O projeto #RioGrandedoBrasil é incrível! Parabéns a Ingrid Paola Stoeckicht, Ph.D. - Conselheira Consultiva e Sergio da Motta por estarem juntos nessa jornada.

Debora Oppitz Giacomet

Conselheira de Administração e Consultiva | Governança Corporativa e Inovação Estratégica | Facilitadora de Transformações Empresariais | Governe com Propósito, Inove com Paixão

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Parabéns Sergio da Motta! Você inspira, provoca e ensina. Gratidão!

Vanessa Carvalho

Sócia-fundadora da CCL Projetos Transformacionais | MSc | Conselheira Consultiva | Transformation Officer | Compliance Officer | Masterblackbelt | Palestrante, Mentora e Professora

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Excelente! 👏👏👏

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