Governança Corporativa: O Poder da Tomada de Decisão em Orgãos Colegiados

Governança Corporativa: O Poder da Tomada de Decisão em Orgãos Colegiados


A motivação e a história da criação dos Conselhos de Administração (CA) e Conselhos Consultivos (CC) estão intrinsecamente ligadas às práticas de governança corporativa e à necessidade de estruturar melhor a gestão das empresas. Embora ambos compartilhem papéis vitais na governança, resiliência, perenidade e sucesso das organizações, suas responsabilidades, estruturas e influências no processo decisório são distintas:


 

Ambos conselhos são instrumentais para manter o valor da empresa perante os acionistas e o mercado, além de garantir seu crescimento de forma sustentável e alinhada aos seus propósitos, missão, visão e valores. Os conselhos desempenham papel crucial na profissionalização da gestão, na definição de estratégias e na fiscalização das ações executivas, contribuindo para a longevidade e sucesso da organização. 


TOMADA DE DECISÕES

Entre os principais papéis dos conselhos e qualquer forma de governança é orientar o processo de tomada de decisão.  Segundo Peter Drucker, para tomar decisões efetivas é necessário:

  • Entender que a administração é fazer as coisas direito e a liderança é fazer as coisas certas: a eficácia na tomada de decisão envolve não apenas a eficiência operacional, mas também a escolha das direções corretas para a organização.
  • Reconhecer que cada decisão é arriscada: as decisões envolvem um comprometimento de recursos presentes para um futuro incerto e desconhecido.
  • Ser corajoso: a coragem é essencial para tomar decisões que podem levar a um negócio bem-sucedido, mesmo diante de incertezas.


As ideias de Drucker sobre diversidade de perspectivas e a necessidade de discordância para tomada de decisões efetivas são especialmente relevantes:

  1. Diversidade de Perspectivas: A diversidade é um ativo valioso: em vez de ver as diferenças como obstáculos, ele incentivava a alavancagem de perspectivas e talentos diversos. Ao entender e apreciar as forças dos colegas com habilidades e abordagens diferentes, podemos construir equipes mais resilientes e inovadoras.
  2. Decisões Baseadas em Conflito de Visões: Drucker acreditava que uma decisão bem tomada ocorre quando há um choque de visões conflitantes, diálogo entre diferentes pontos de vista e a escolha entre diferentes julgamentos. A discordância não é um problema, mas sim uma oportunidade para explorar alternativas e pensar profundamente sobre a questão.  Uma frase célebre atribuída a Drucker é “Sem discordância, não estamos prontos para tomar uma decisão significativa”.
  3. Evitar o Consenso Cego: Drucker desafiou a ideia de que o consenso é sempre desejável. Ele argumentava que, se todos concordam, provavelmente não se está considerando todas as opções A busca pelo consenso pode levar a decisões medíocres ou a uma mentalidade de grupo. Em vez disso, deve-se incentivar o debate saudável e a divergência de opiniões.
  4. Responsabilidade pela Decisão: Drucker enfatizava que uma decisão não foi tomada até que as seguintes bases sejam cobertas: Quem é responsável por executá-la? Qual é o prazo? Quem será afetado pela decisão e precisa estar ciente e aprovar? Quem precisa ser informado, mesmo que não seja diretamente afetado? A revisão periódica das decisões é tão importante quanto a tomada inicial. Isso permite corrigir decisões ruins antes que causem danos reais.


Em resumo, Drucker aponta que a tomada de decisão eficaz requer diversidade de perspectivas, conflito construtivo e responsabilidade clara. Ao abraçar esses princípios, pode-se melhorar o processo de decisão e impulsionar o sucesso organizacional.

 

TOMADAS DE DECISÃO COLEGIADAS

A tomada de decisão em órgãos colegiados envolve princípios e melhores práticas particulares:

  1. Colegialidade e Deliberação: A colegialidade valoriza a participação coletiva, evitando decisões arbitrárias e promovendo a diversidade de perspectivas. A deliberação envolve discussões, análises e reflexões conjuntas para chegar a uma conclusão fundamentada.
  2. Transparência e Acesso à Informação: a transparência torna visíveis os processos decisórios, compartilhando informações relevantes com todos os membros. O acesso à Informação visa garantir que todos os membros tenham acesso igualitário aos dados necessários para tomar decisões informadas.
  3. Análise Racional e Criatividade: A análise racional visa basear as decisões em fatos, dados e análises objetivas. A criatividade estimula a busca por soluções inovadoras e não convencionais.
  4. Ética e Integridade: A ética busca equilibrar o triângulo desejo, dever e aprovação para empregar ações. A integridade busca a ação com honestidade e sem conflitos de interesse.
  5. Planejamento e Execução: definir etapas, prazos e responsabilidades para o processo decisório. Implementar as decisões de forma eficiente e monitorar os resultados.
  6. Avaliação Contínua: Avaliar o impacto das decisões e aprender com os resultados. Adaptar os processos com base nas lições aprendidas.


A qualidade das decisões em órgãos colegiados depende da cultura organizacional, da diversidade dos membros e do compromisso com os interesses da instituição e de seus stakeholders. O equilíbrio entre análise, criatividade e integridade é fundamental para o sucesso desses processos.


As decisões tomadas em órgãos colegiados são consideradas mais seguras do que as monocráticas principalmente devido à pluralidade de opiniões e experiências que os diferentes membros (conselheiros) podem trazer para o processo. Em um colegiado, a deliberação conjunta permite que diversas perspectivas sejam consideradas, reduzindo o risco de viés e erro individual. Além disso, o debate e a discussão entre os membros promovem uma análise mais profunda e crítica das questões, o que geralmente levará a decisões mais equilibradas e fundamentadas.


Decisões monocráticas, embora mais rápidas, podem estar sujeitas a limitações de visão única e a possíveis preconceitos do decisor. A colegialidade também confere maior legitimidade e transparência às decisões, pois são resultado do consenso ou da maioria dentro de um grupo, refletindo um processo democrático de tomada de decisão. Além disso, a responsabilidade compartilhada entre os membros do colegiado pode resultar em maior confiança nas decisões tomadas, fortalecendo os conselhos e a empresa como um todo.


CONCLUSÃO

Conselhos de Administração e Conselhos Consultivos desempenham papéis cruciais na governança, resiliência, perenidade e sucesso das organizações. Eles são responsáveis por orientar o processo de tomada de decisão, garantindo que essas sejam baseadas em fatos, dados e análises objetivas, ao mesmo tempo em que estimulam a busca por soluções inovadoras e não convencionais.


A tomada de decisão em órgãos colegiados, como os conselhos, envolve princípios e melhores práticas, como colegialidade, deliberação, transparência, acesso à informação, ética, integridade, planejamento, execução e avaliação contínua.   A qualidade da decisão nessas circunstâncias depende da cultura organizacional, da diversidade dos membros e do compromisso com os interesses da instituição e de seus stakeholders. A busca por um equilíbrio entre análise, criatividade e integridade é fundamental para o sucesso.

 

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Márcio Borges

Conselheiro certificado pela Board Academy | Estratégia de Negócios | Planejamento Estratégico | Empreendedorismo | Modelagem de Negócio | Propósito: "Transformar positivamente a vida das pessoas e das organizações"

6 m

Sérgio, você mostra as principais características dos CA e CC, adorei o quadro que mostra estas características, até o copiei aqui. Abraços.

Natália Petrucci

Conselheira Consultiva | Investidor Anjo | Executiva | Procurement | Suprimentos | Strategic Sourcing | Supplier Management | Category Manager | Supply Chain

6 m

Parabéns Sergio da Motta! Muito didático e direto ao ponto!

CARLA BECKER ABRAS BOUÇAS

Conselheira Consultiva | Board Member l OfIcial de Compliance I CEO - CONCIERGE COMPLIANCE CONSULTORIA EMPRESARIAL I CFO nas empresas ESCO - ENERGY SAVING COMPANY e GAISSLER & SOLON - INDUSTRIAL DESIGNER

6 m

Parabéns, ficou muito bom!

Igor Leite

Board Member | Conselheiro Consultivo | Controladoria | Finanças Corporativas | Brazilian Tax | USGAAP | IFRS |

6 m

É isso aí!, Sergio!

Sensacional o artigo Sergio da Motta . Fica claro/evidente que a qualidade das decisões depende da cultura organizacional, da diversidade dos membros e do compromisso com os interesses dos stakeholders.

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