Gestão de Processos x Gestão de Gente
Stela Pena – Green Belt Lean Six Sigma

Gestão de Processos x Gestão de Gente

A crise econômica brasileira trouxe muitos novos desafios, sendo exigidas de muitas organizações, mudanças desde a cultura organizacional até suas visões estratégicas de futuro. Às empresas que permaneceram de pé, sobrou uma nova remodelagem e um novo requisito: trabalhar com um quadro muito enxuto de colaboradores, mas sem perder qualidade de seus produtos e serviços e garantir que, caso não alavanque sua carteira de clientes, aos menos mantenha a fidelidade dos que permaneceram.

A multifuncionalidade das pessoas também passou a integrar este novo cenário pois, com um quadro menor de pessoas, as empresas precisaram que seus colaboradores passassem a efetuar diversas atividades além das quais já desempenhavam.

É neste cenário que a empresa na qual trabalho há 10 anos optou por investir em uma estratégia de Negócios de gestão de processos chamada Lean Six Sigma com o objetivo de otimizar seus processos produtivos, melhorar a qualidade (produtos e serviços), reduzir custo, estoques, erros de entrega, defeitos, tempos de set up, etc. Para isto fechou parceria com a VF Consultoria para formar uma equipe de “Belts” que se tornaram responsáveis por detalhar e estruturar seus processos, aplicando ferramentas qualitativas e análises estatísticas de processo, implementando controles robustos, e assim alcançar a minimização e/ou eliminação das variações negativas à linha de fabricação.

Mas, existe um fator que considero o mais importante para o êxito positivo da aplicação de todas as estratégias de gestão: “Gente”. Sem o comprometimento das pessoas, nenhuma destas ferramentas ou estratégias vão gerar resultados perpetuáveis. Então, como envolver as pessoas? Faço algumas considerações identificadas através de minha experiência na aplicação da Estratégia Lean Six Sigma x Comportamento das Pessoas (chão de fábrica):

  • A disseminação do conhecimento deve ser estratégica para que as pessoas se comprometam. Esta relação acaba por trazer confiança por parte dos colaboradores, uma vez que, sentindo-se integrados ao processo e reconhecendo sua importância trazem muitos benefícios para a conquista dos resultados esperados.
  • O reconhecimento ainda é uma das maiores expectativas das pessoas. As pessoas almejam serem ouvidas e esperam que suas sugestões sejam ao menos analisadas. Caso estas não sejam aplicáveis o feedback faz-se extremamente necessário.
  • Uma comunicação assertiva também integra o processo de envolvimento. Saber comunicar-se com a equipe de forma clara e objetiva pode eliminar, ruídos e falhas na interpretação das instruções. Deve-se informar o retrato atual da organização, explicar porque as mudanças são necessárias e qual é o papel do colaborador.
  • Definir bem as responsabilidades não é menos importante. Limitar ou expandir as responsabilidades faz parte, porém estas devem ser bem direcionadas e comunicadas a todos os integrantes.
  • A liderança deve ser estratégica, forte e contínua (na rotina, dia-a-dia), estreitando o relacionamento com seus liderados, pois qualquer mudança acaba por gerar um impacto diferente em cada pessoa. Um líder deve entender que a visão de mudança no nível estratégico mesmo que positiva, pode não ser aceita da mesma forma pelo nível operacional. Porém, é justamente ali que tudo acontece. O líder deverá compreender as dificuldades e limitações de cada um de sua equipe, afinal será esta equipe que vivenciará todas as ações de melhorias propostas.

E se ainda assim houver resistência? A liderança precisa estar ciente, que mesmo com o quadro enxuto, pode precisar fazer substituições. As pessoas precisam de seus empregos para alcançar seus objetivos básicos, pessoais e profissionais e por outro lado as empresas precisam produzir com garantia de padronização de processos e de qualidade para permanecerem competitivas no mercado. Se necessário, mudanças no quadro de colaboradores terão de ser aplicadas.

Não existe fórmula pronta para lidar com pessoas. Costumo dizer que “gente não é máquina, não vem com manual de instruções e nem com botão de liga e desliga”, por isso, a melhor forma de gerir essa “gente” é o relacionamento. Em momentos de crise e mudança, isto pode fazer a diferença “amolecendo” a resistência, fomentando a cooperação e assim, possibilitando extrair o melhor de sua melhor equipe. Afinal, após expressivas reduções de quadro é bem provável que a melhor equipe é a que tenha permanecido. Envolva-a e valorize-a!

Stela Pena - Green Belt Lean Six Sigma- Formada pela VF Consultoria (vfconsultoria.com)


Filipe Silva

Analista de Inovações Tecnológicas e Operações Farmacêuticas na Bio-Manguinhos / Fiocruz

7 a

Excelente texto. Acho que um dos grandes problemas atuais nas grandes i dustrias é a comunicação. Ela deveria ser vertical e clara.

Flavio Tironi

Electrical Engineer at IBF - Industria Brasileira de Filmes

7 a

Excelente texto Stela. Definiu bem a situação.

Jarbas Alves

--Disponível para o mercado.

7 a

O processo de enfrentar novos desafios é muito importante para o progresso do ser humano.

Giane Caciatori

Engenheira de Segurança Ocupacional, SEPRO e Riscos Operacionais

7 a

Muito coerente, parabéns Stela!

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