Gestão

Gestão

Qualquer que seja sua função ou posição no comando de um negócio, você poderá, com todo o direito, dizer que já faz Gestão. Nesse caso, fica aqui um convite para que você reveja sua Gestão à luz dos conceitos que iremos discutir, em busca de oportunidades de desenvolvimento.

Vamos começar por propor o seguinte:

“Gestão é um conjunto de atividades que define, obtém, combina e coordena os recursos de uma organização em direção a objetivos definidos”

Certamente, a Gestão é uma coisa virtual, formada de várias ações e movimentos que nem sempre parecem estar acoplados uns com os outros. Enfim, tudo o que um profissional em posição de Gestão faz está incluído nela. O entrelaçamento lógico só acontece na cabeça dos Gestores, ou, se houver uma liderança e integração eficazes, no conjunto das cabeças dos Gestores de uma organização.

A Gestão não é facilmente visível a olho nu para a maioria das pessoas, mesmo aquelas submetidas a ela. E nem precisa. Quando bem exercida, ela leva naturalmente a organização em direção a seus objetivos, dentro de um ambiente leve e alegre de motivação, energia, bom relacionamento, integração. Ou seja, tira o melhor das pessoas e dos demais recursos, sem doer. A Gestão, em última análise, preenche todo o espaço entre e em volta de todas as pessoas em uma organização. Sem tocá-las. Elas sentem que há um objetivo e um sentido comum, mas, e isto é vital, sentem que estão indo por elas mesmas.

Voltando à definição inicial, é lógico dizer que quando não há objetivos definidos, fica difícil haver Gestão. Tanto no todo como nos segmentos, nas áreas. A Gestão tem sempre que levar a alguma coisa, algum resultado. E tem sempre que incluir todos os recursos, todas as pessoas, todas as funções. Algum desses elementos deixado de fora não fica simplesmente alheio, mas exerce alguma influência não controlada sobre a organização, tendendo a ser negativa, se for uma pessoa, como reação natural à sua exclusão.

A falta de informações e objetivos claros deixa a Gestão à deriva, praticamente garantindo que não se vai chegar a lugar algum, ou vai se chegar ao lugar errado, aos pedaços. E esse efeito atende à lei da gravidade, ou seja, é imediato, rápido.

É notório que a Gestão é quem faz a diferença no sucesso das empresas: a mesma empresa, com os mesmos recursos, no mesmo mercado, no mesmo período, pode desempenhar substancialmente diferente em função da Gestão. Assim como uma Gestão pode construir uma empresa, um sucesso, uma má Gestão ou a falta dela pode destruí-la. E em tempo muito curto.

É importante também abordar outro aspecto do assunto: Gestão tem muito de intuitivo, de feeling. Pode até buscar técnicas para se basear, mas só as técnicas não capacitam o Gestor. Por isso, mais do que competência funcional, um Gestor deve ser selecionado a partir da percepção de que ele ( ou ela ) tem os skills necessários para atuar com sensibilidade, visão e bom senso. E a experiência ajuda muito, evitando erros que já foram cometidos antes.

É neste argumento que reside o principal motivo de empresas familiares contratarem profissionais para sua Gestão. Os fundadores e seus descendentes não são necessariamente dotados das habilidades de Gestão, e isso não é pecado. Aos empreendedores coube a tarefa nobre de empreender, de criar o negócio, de se estabelecer como elemento social, gerando bens e empregos. Em determinado ponto de vida da empresa, a complexidade, competitividade e demais fatores ficam críticos, a estrutura necessária fica mais complexa, e o Gestor tem que assumir.

Em algumas empresas, em determinados períodos, pode ser difícil identificar o impacto da qualidade da Gestão, particularmente aquelas empresas vivendo euforia de mercado em seus segmentos, ou vivendo dos resultados de uma carteira construída no passado. Nessas empresas, nesses momentos, todo o conteúdo deste livro vai parecer supérfluo, desnecessário. A tendência é que o problema só seja tratado quando a euforia ou os bons efeitos passarem, e a empresa tiver que trabalhar duro, já no vermelho, para se manter e/ou crescer. Aí, o tratamento é de desespero, de crise, a 180 graus da euforia anterior. É mais inteligente, no entanto, estar olhando para seu próprio umbigo mesmo durante as fases positivas, porque algumas oportunidades de consolidação são mais fáceis de realizar nessa fase.

Afinal, é preciso ter sempre em mente que se a alta administração de uma empresa não tiver consciência de que não sabe muita coisa, não se tornará consciente do valor e da necessidade da gestão.

Respeito aos Valores e Cultura

É primordial para a Gestão que o Gestor conheça, reconheça e assimile os Valores e Cultura da organização onde praticará a Gestão. Tudo o que vai fazer e a forma com que se vai tratar a gestão é intrinsecamente influenciada, modificada pelos Valores cultuados na empresa. Um bom exemplo é a diferenciação entre Valor e Preço: enquanto algumas empresas se propõem a vender barato e em massa, estressando seus fornecedores, suas equipes internas, até mesmo seus Clientes, outras focam em Valor, valorizando toda a cadeia. O índice de luta por centavo é bem menor nesta última, colocando-a mais próximo do sucesso, em menos tempo.

Aspectos políticos da Gestão

Há ainda outro aspecto do ambiente em que se faz a Gestão, tão intrínseco a ele como o é para qualquer situação formada por duas ou mais pessoas: o aspecto político. Aqui, o Gestor é desafiado a desempenhar seu papel como uma arte. Tem que se mover cuidadosamente no ambiente político para não arranhar nada, porque os efeitos são fortes, decisivos, e fora de seu controle. Arriscaria dizer que esta é a parte mais difícil da Gestão. Todo o resto, por melhor e mais brilhante que seja, pode ser comprometido por um movimento político insuficiente ou equivocado. Ainda que aparentemente pequeno.

Na maior parte das vezes, esses obstáculos políticos, que drenam muita energia e capacidade da empresa, são provocados por preferências ou protecionismos inadequados originados dos próprios fundadores, ou do board da Alta Administração, no caso de empresas maiores. Pessoas não capacitadas ou não interessadas em trabalhar para o bem comum, mas que contam com a confiança ou proteção dos superiores, tendem a se colocar como opositores daqueles que estão trabalhando para o bem de todos. E conseguem atrapalhar, ou até impedir. Mas não deixam que o potencial fracasso lhes seja atribuído.

A razão dessa resistência feroz é simples: o novo padrão de desempenho põe em evidência sua insuficiência e acomodação, e os desafia a acompanhar o novo ritmo. Como em geral elas não são capazes, usam de suas armas para destruir os motores da nova situação, buscando retornar o mais rápido possível à acomodação anterior.

De qualquer forma, quando se lê histórias sobre sucesso ou fracasso de organizações, nas revistas, jornais, Internet, etc., é sempre a Gestão que está por trás.


Adilson Ribeiro dos Santos

Analista de Sistemas Integrados no FIT - Instituto de Tecnologia.

8 a

Vivemos dias em que as pessoas ousadas (Empreendedores) são as que fazem a diferença em nossa sociedade. Quando são bem sucedidos viram heróis, quando fracassam são tidos como irresponsáveis. Tudo tem um preço.

Peter William Dal Negro

Diretor comercial Brasil e America do Sul, na TGA Logística e Transportes Nac e Internacional Ltda,

8 a

Caro Roldo, excelente texto! É uma pena que a maioria dos "gestores" nao tenham a humildade , maturidade e a visão por este prisma !

Luis Henrique Viana

Gerente de Operações Logística | Supply Chain | Facilities | Transportes | Planejamento | E-commerce | B2B | B2C | ESG | Qualidade | Inovações | Projetos Logísticos | Prospecções | FullFilment

8 a

Roldo. Parabéns excelente publicação.

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