Governança Lean: Impulsionando Startups ao Sucesso

Governança Lean: Impulsionando Startups ao Sucesso


Introdução

Apesar do potencial inovador e de crescimento exponencial das startups, essas empresas enfrentam desafios significativos para sobreviver no mercado. Pesquisas revelam que pelo menos 25% das startups encerram suas atividades em até um ano, e 50% não ultrapassam quatro anos de operação. Nesse artigo buscamos compreender os fatores determinantes de sucesso e fracasso das startups, considerando seu contexto único e características peculiares, analisando aspectos como gestão, financiamento, mercado e inovação, para fornecer insights valiosos aos empreendedores e investidores do setor.

Governança Corporativa

A governança corporativa – que pode e deve ser aplicada a todo o universo das empresas, independentemente de seu segmento e porte - é definida como um conjunto de valores e princípios éticos que orientam a conduta e viabilizam o convívio e a evolução do ser humano em sociedades cada vez mais complexas. Deriva do senso de coletividade e interdependência que impulsiona os indivíduos a colaborarem com o desenvolvimento da sociedade, direcionando suas ações em busca do bem comum. Inicialmente, o foco da governança corporativa era proteger os sócios contra fraudes, abusos dos administradores e conflitos de interesses entre os agentes de governança. Atualmente, seu escopo se expandiu, abrangendo a relação das organizações e dos agentes de governança com uma gama muito mais ampla e complexa de stakeholders, o meio ambiente e a sociedade em geral.

Contudo o ambiente das startups é diferente...

Lean Governance

O Lean Governance destaca-se como a abordagem mais adequada para a governança de startups devido à sua natureza adaptável e proporcional. Esta metodologia oferece um framework dinâmico que evolui junto com a empresa, otimizando recursos e ajustando-se ao perfil de risco em constante mudança. Sua flexibilidade permite que as startups mantenham a agilidade necessária para pivotar e adaptar-se rapidamente às demandas do mercado, enquanto promove processos decisórios eficientes. Facilita o engajamento com stakeholders e assegura conformidade regulatória sem sobrecarregar a empresa com processos excessivos. Atuando como um "guard-rail" e não como um freio, esta abordagem suporta o crescimento da startup, aprimora sua capacidade de inovar e gerenciar eficazmente seu perfil de risco em evolução. Isso é particularmente crucial no ambiente VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) em que as startups operam, onde a extrema incerteza é uma constante e a adaptabilidade é essencial para o sucesso.

O Lean Governance cria um arcabouço de elementos que ajudam a guiar as Startups em sua jornada, desde a fase de Ideação até a Escala. Para tanto, os empreendedores precisam perguntar...

Onde estamos? Onde queremos chegar?

Para responder essas perguntas, primeiramente devemos entender a correlação entre Propósito, Plano de Negócios e Planejamento Estratégico.

O Propósito serve como a base fundamental, definindo a razão de existir da empresa e guiando suas ações. O Plano de Negócio, por sua vez, traduz esse propósito em uma estrutura concreta, delineando como a empresa pretende operar e alcançar seus objetivos. O Planejamento Estratégico atua como o elo que conecta o propósito à execução prática, definindo, priorizando e estruturando as atividades necessárias para realizar o Plano de Negócio.

Estes três elementos são apresentados como inter-relacionados, alinhados e sincronizados, formando um ciclo dinâmico que deve ser constantemente comunicado, praticado, compartilhado, revisado e atualizado para manter a empresa viva e relevante e no “rumo certo”. Porém, como o empreendedor “contamina” sua equipe?

Cultura Organizacional

Não basta que o empreendedor saiba onde e como quer chegar. Sua equipe também deve saber. Para tanto, deve-se fomentar uma Cultura Organizacional, que ajude a empresa nessa empreitada. Cultura Organizacional é o conjunto de crenças, normas e artefatos compartilhados pelo grupo, que moldam a identidade de uma empresa. Obviamente, a comunicação dessa cultura é essencial e pode ser feito através de diversas formas. A comunicação clara e consistente dos objetivos e valores da organização, seja por meio de reuniões, documentos internos ou treinamentos, é fundamental. Além disso, o empreendedor pode criar rituais e tradições que reforcem a cultura, reconhecer e recompensar comportamentos alinhados com os valores da empresa, e assegurar que as práticas de contratação e promoção reflitam a cultura desejada. Nesse ponto, nos damos conta da “solidão” experimentada pelos empresários. Não só, mas principalmente no ecossistema das startups, o número e a velocidade das decisões a serem tomadas pelos empresários dificulta a análise adequada tende a diminuir a profundidade da análise das alternativas. E é nesse ponto que o Conselho Consultivo pode ajudar...

 

Conselho Consultivo

 O conselho consultivo desempenha um papel crucial no desenvolvimento de startups, atuando como ponte estratégica e fonte de inovação. Suas principais responsabilidades incluem orientar a empresa em cenários de extrema incerteza, contribuir com visão global e habilidades diversificadas, e promover a governança corporativa adaptada ao estágio da startup. O conselho deve focar na geração de valor sustentável, alinhando-se ao propósito da organização e auxiliando na definição de estratégias. Além disso, tem o dever de cuidar, obedecer e ser leal à empresa, mantendo independência e adaptabilidade. Sua atuação visa acelerar o crescimento da startup, mitigar riscos e proporcionar insights valiosos para a tomada de decisões.

 

Conclusão

 Imagine uma startup como um foguete prestes a decolar. O Lean Governance é o combustível, a Cultura Organizacional é a tripulação coesa e o Conselho consultivo é o centro de controle. Juntos, formam uma força imparável. Esta tríade não apenas evita o fracasso; ela catapulta a startup para além das estrelas. Em um universo empresarial caótico, estes elementos são a bússola que guia através de tempestades cósmicas, transformando incertezas em oportunidades. O futuro pertence àqueles que dominam esta alquimia empresarial, não apenas sobrevivendo, mas redefinindo as fronteiras do possível. Prepare-se para a decolagem!

 

Obs.: Os temas abordados aqui foram tratados no "Programa de Formação Lean Governance" da @BoardAcademy

Carlos Eduardo Moretti

Consultor Lean | Aumento de Produtividade | Transformação de Negócios | Autor do livro Simplesmente Lean

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