GOVERNANÇA CORPORATIVA x EVA
Nos primórdios do comércio, o homem produzia seu próprio bem de consumo. O que de início era uma produção de subsistência, começou a dar lugar a uma produção excessiva, para que este excesso fosse levado a feiras para que fosse comercializada a base de trocas, por produtos nos quais ele próprio não conseguia produzir.
Em função desta troca, ficava difícil de quantificar valores para mercadorias; onde devido a esta quantificação, as trocas deixaram de ser feita de um produto pelo outro e começaram a fazer por quantidades e quilagem, em função do que cada um achava justo cobrar.
Mesmo assim esta troca não se dava de forma fácil e harmônica, surgindo assim à necessidade de se criar uma unidade de medida, que seria trocada por moeda corrente, o que hoje conhecemos por dinheiro.
Como o advento do dinheiro e com as maravilhosas possibilidades que eles nos fornecem, surgiram as nossas empresas.
Por empresa, entendemos toda e qualquer organização que tenha cunho financeiro.
Como exemplo, podemos citar:
- As ONGs (Organizações não governamentais), que apesar de não buscar o lucro como resultado final, preciso de dinheiro de doações para que possa se manter.
- As empresas que advém do EMPREENDEDORISMO SOCIAL, que são empresas que buscam resultados financeiros, porém realizam esta busca incessante, através da melhoria da qualidade de vida das pessoas da localização, de suas instalações. Normalmente estas empresas fabricam produtos essências para a localização, utilizando como mão de obra os próprios moradores da região e ainda por cima vende seus produtos a um valor final muito baixo, onde vai ganhar na quantidade total de venda. Vale salientar o fato, que parte do dinheiro pago a seus funcionários, voltam para empresa, através da necessidade de compra dos bens que ela produz.
- As empresas propriamente ditas, que buscam como resultado final a partilha de lucro entre seus sócios.
Vamos falar um pouco mais sobre estas empresas, e sua forma de gestão, esmiuçando sua evolução da era industrial até os dias atuais.
Na era industrial os produtos eram produzidor em larga escala e sem nenhuma especialização específica. Todos os produtos eram iguais, fabricados por trabalhadores, tidos como braçais, que eram expertos em repetir movimentos. Os produtos se vendiam por sí só, para isto, bastava ser fabricado. O gestor tinha apenas que garantir a produção em larga escala.
Em seguida, entramos na era do conhecimento, onde os produtos tiverem que ter diferenciação entre e si, e mostrar ao público consumidor, o porquê dele ser melhor que outro produto. Os gestores já começavam a se preocupar em especializar seus produtos e mão de obra.
Nos dias atuais, as empresas buscam envolver o cliente emocionalmente com seus produtos, e/ou serviços, através de técnicas de marketing sedutoras que criam nas pessoas a necessidade e desejo de possuir determinado bem. Os gestores também evoluíram, onde hoje encontramos uma mescla de gerações (X e Y) em cargos de liderança, com grande tendência para gestores da geração Y. Onde muitos deles alcançando cargos de CEO ainda muito jovens.
Abro parênteses neste momento, para falar um pouco das gerações de gestores.
Os gestores da GERAÇÃO X, são os gestores nascidos antes do 1979, são pessoas focadas no trabalho e que normalmente passam vários e vários anos dentro de uma mesma empresa. São pessoas acostumadas a pensar e defender o seu trabalho em função do dinheiro que recebem como bonificação pelo mesmo.
Os gestores da GERAÇÃO Y, são os nascidos de 1979 em diante; são pessoas totalmente ligadas ao mundo das informações, com velocidade de raciocínio rápida e que necessitam que grande reconhecimento, muito mais até do que dinheiro. São pessoas movidas ao elogio e claro, o dinheiro vai ser maior, quanto maior for seu reconhecimento no mercado. Não estão apegados a nenhuma empresa e normalmente têm vida útil curta dentro da mesma. O maior problema das empresas e em mate-los por muito tempo dentro das mesmas.
Voltando a falar das empresas, as mesmas, em função desta nova necessidade de mercado e de manter seu excelente colaborador por mais tempo dentro de sua Unidade econômica de negócio, começou a dar poderes e bonificações aos mesmos. Que acabou por refletir em maior cobrança por produtividade.
As empresas viraram verdadeiras máquinas de fazer dinheiro, e junto com isto veio novos problemas. Os gestores que outrora eram apenas reprodutores ou controladores de produção passaram a ter participações cada vez maiores na produtividade da empresa, esquecendo que sua função maior é de fornecer dinheiro para os sócios ou investidores da empresa.
Estes gestores começaram a agir em causa própria, tomando suas decisões pautadas em quanto que eles ganhariam com o resultado de suas decisões. Este fato incomodou aos verdadeiros donos do negócio.
Vamos abrir um novo parêntese, para se explicar como uma empresa hoje abre capital na bolsa, como ele deixa de ser uma LTDA e passa a ser uma SA.
Para abrir capital na bolsa de valores, é preciso ter uma gestão transparente, pautada em dados e números, que comprovem a valor daquela empresa e sobre tudo, que ela ofereça rendimentos altos aos seus sócios e/ou acionistas. Tudo isto ocorre junto ao chamado GOVERNANÇA CORPORATIVA.
São quatro os tipos de governança corporativa:
- O modelo dos stakeholders define que os elementos de inter-relação da organização são mais relevantes que os próprios acionistas.
- O modelo da representação (stewardship), aponta que o corpo diretivo é o representante dos interesses organizacionais.
- O modelo político vê o investidor convergindo para um processo que visa a aumentar o seu direito de voto, no sentido de influenciar as políticas e práticas corporativas predominantes.
- O modelo das finanças é estabelecida segundo os critérios pelos quais os investidores da corporação asseguram o retorno do capital investido
Ela faz com que todos os números da empresa, sejam abertos para avaliação e posterior decisão de abertura de capital ou não.
A gestão corporativa, também é utilizada para avaliação de compra de empresas já em funcionamento.
Hoje, o bem mais valorizado numa empresa, é os valores que ela passa ao mercado.
Por valores entendesse a marca, o conceito, a possibilidade de crescimento, o custo de oportunidade, em fim, fatos intangíveis que não são passíveis de mensuração, salvo valor dado por negociação.
Fechando parênteses e voltando ao nosso tema base, as empresas começaram a utilizar a Governança corporativa como forma de avaliar o seu gestor e assegurar o retorno financeiro da empresa para os sócios.
A própria Governança Corporativa, evoluiu com o passar do tempo, devido ao crescente desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro e da necessidade de informações adequadas para tomadas de decisões.
Sendo assim, é de suma importância a análise da governança corporativa e de investimentos que resultem na melhor relação retorno/risco, aos investidores.
Os modelos contábeis de avaliação de desempenho tradicionais, eram muito falhas, a exemplo de:
- Baseiam-se exclusivamente em dados contábeis;
- Não incluem a exigência de rentabilidade mínima sobre o capital investido pelos acionistas;
- Não dão tratamento algum para o risco associado á incerteza com relação aos resultados futuros.
Desta forma, as medidas contábeis tradicionais como o lucro, o lucro por ação, retorno sobre o patrimônio líquido, e outras, não oferecem todas as informações necessárias para uma atual demanda de mercado.
Neste novo cenário que surge, a criação de riqueza e valores é um dos mais importantes desafios para se gerar retorno aos acionistas, onde este retorno se dá através da criação de valores para suas empresas, tornando-as longevas e sustentáveis com o passar dos anos.
A criação de riquezas nos dias atuais dar-se-á não mais por se oferecer produtos de qualidade e/ou serviços, mais sim pensando em todo o patrimônio líquido da empresa.
Por patrimônio líquido da empresa, entendesse por todo o ativo, que são as receitas para serem investidas, bem como por todo o passivo da empresa, que são as participações financeiras de sócios e/ou de terceiros. Vale salientar que os investimentos realizados pelos sócios voltam para eles, ou não, por pró-labore, à medida que a empresa apresenta um lucro líquido operacional positivo. Já os investimentos feitos por terceiros, volta para eles, como pagamento de empréstimos, tornando-se uma despesa real para empresa.
Valesse falar que muitas empresas utilizam capital de terceiros, como forma de alavancar seu negócio, gerando mais renda ou mesmo agregando valor ao seu negócio.
A riqueza de uma empresa, nos dias atuais, cresce à medida que conseguimos trabalhar com custos cada vez mais baixos, aumentando os lucros operacionais, reduzindo os custos com financiamentos e tendo maiores retornos sobre o capital investido.
Vale ainda salientar que a riqueza de uma empresa, também é medida pelos valores que elas criam no marcado. Não falamos aqui de valores tangíveis (valores que podem ser calculados de forma expressa), mais de valores intangíveis (valores que não podem ser mensurados, até que se tenha uma proposta concreta) como a sustentabilidade social (cuidado com a sociedade e fornecendo oportunidade da mesma gerar renda a seus moradores), sustentabilidade econômica (fazer com que a empresa, seja uma empresa rentável hoje e ao longo dos anos), sustentabilidade ambiental (cuidado com o meio ambiente); tudo isto agrega valores a empresa tornando-a bem vista pelos consumidores, acionistas e investidores.
“O valor é a melhor métrica de desempenho porque é a única que exige informação completa. Para compreender plenamente o processo de criação de valor é preciso usar uma perspectiva de longo prazo, gerenciar os fluxos de caixa tanto das Demonstrações dos Resultados como do Balanço Patrimonial e saber comparar os fluxos de caixa de diferentes períodos ajustados a seus riscos”.
A maioria dos sistemas corporativos quer que os ativos da empresa, gerem uma taxa justa de retorno de capital investido pelos acionistas. Normalmente o investimento em imóveis, máquinas, equipamentos, pessoal e sistemas de informação, representam grandes riscos para os acionistas, que exigem em troca, retornos compatíveis com seu risco.
Baseado nesta nova necessidade dos sistemas corporativos, a Governança Corporativa, entra como uma medida de desempenho, controle de estratégias e resultados financeiros, avaliando todos os esforços das empresas na obtenção de resultado para os acionistas.
É aqui que na década de 80, como uma forma mais detalhada de Governança corporativa, surge o EVA ( Criação de Valor para o Acionista), “real medida de desempenho que apropriadamente leva em consideração todas as maneiras pelas quais o valor corporativo pode ser agregado ou perdido”.
O EVA é a mais completa de medida de avaliação de desempenho corporativo, por levar em consideração, a geração de caixa operacional atual e potencial da empresa, a taxa de atratividade dos proprietários de capital (capital de terceiros e acionistas) e o risco associado ao investimento.
O EVA como forma de Governança Corporativa, permiti maior transparência dos resultados alcançados pelas empresas, melhor convergência entre os interesses dos executivos e dos acionistas e principalmente a maximização da riqueza dos acionistas. Ela recupera a ideia de lucro residual, onde só existe lucro, após remuneração de todo o capital empregado, com a devida correção do dinheiro no tempo.
“Em sua forma mais fundamental, EVA é a simples noção do lucro residual”. Ou seja, para que investidores realizem uma taxa de retorno adequada, o retorno deve ser grande o suficiente para compensar o risco. Assim, o lucro residual é zero se o retorno operacional de uma empresa for apenas igual ao retorno exigido em troca disto”.
Ela se destaca ainda por reconhecer nos resultados o custo de capital próprio, onde são considerados os riscos pertinentes ao negócio (risco econômico - riscos que atrapalham a atividade primária da empresa; e risco financeiro – riscos que impedem que a empresa seja financeiramente saudável) e o custo de oportunidade (valor que poderia estar lucrando se tivesse investindo em outra opção analisada). Além de tudo isto, ele mede o desempenho de todos os setores envolvidos nas atividades fins da empresa.
As 5 lições fundamentais do EVA são:
- “ No mercado real, criasse valor por meio da obtenção de retorno sobre o capital investido superior ao custo de oportunidade de capital.
- Quanto mais se investir em retornos superiores ao custo de capital, mais valor se cria.
- Devesse escolher estratégias que maximizem o valor presente dos fluxos de caixa previstos ou o lucro econômico.
- O valor das ações de uma empresa no mercado de capitais é igual ao valor intrínseco baseado nas expectativas que tem o mercado em relação ao desempenho futuro, mas esta estimativa desempenho pode não ser imparcial.
- Os retornos obtidos pelos acionistas dependem mais de mudanças quanto ás expectativas do que do desempenho efetivo da companhia”.
Para finalizar uma Governança Corporativa baseada no EVA, trabalha em cima da eficiência operacional, eficiência financeira, adequado uso de novos investimentos e racionalização de recursos já existentes.