GPD, BSC ou OKR: Qual modelo de gestão você utiliza para alinhar a sua estratégia?
Toda organização tem a sua cultura, o seu jeito de fazer as coisas. Em outras palavras, cada empresa tem uma forma de conduzir suas diretrizes, seus processos, projetos, a rotina do dia a dia. No entanto, é imprescindível que todas devem ter um alinhamento, por mais básico que seja, entre os níveis estratégico, gerencial e operacional. E, para isso, cada empresa deve adotar um modelo de gestão.
O que são estes modelos? São as técnicas e as ferramentas utilizadas para conduzir o gerenciamento de uma empresa, orientando seu funcionamento para o alcance de resultados. Eles são usados para influenciar os esforços do seu time e para garantir um bom desempenho na execução de suas tarefas, e assim, potencializar o alcance de resultados mais expressivos.
Neste artigo falo sobre o uso de modelos de gestão e como eles podem contribuir para melhorar a operação, alcançar resultados e promover um diferencial competitivo na sua empresa.
Independente do segmento corporativo em que sua empresa atua, se ela é uma PME ou grande empresa, este artigo irá te ajudar! Confira mais a seguir!
O que são modelos de gestão?
Como mencionei, modelos de gestão são as estratégias utilizadas na administração de uma empresa e que tem por objetivo fazer com que a companhia alcance resultados positivos, bem como garantir um alinhamento entre os níveis estratégico, gerencial e operacional à partir de medidas estruturadas e orientadas para o foco da companhia.
Por que ter um modelo de gestão?
O desempenho do seu negócio pode melhorar significativamente com a adoção de um modelo de gestão, uma vez que estes modelos estruturam todas as ações realizadas pelo time e direcionam seus esforços para os objetivos estratégicos – e vitais – da organização.
A utilização de um adequado modelo de gestão permite alcançar resultados mais expressivos, uma vez que a gestão é participativa (o gestor sabe muito bem o que é esperado dele); o processo torna-se orientado a resultados; desenvolve-se um senso de pertencimento mais apurado, já que os colaboradores se sentem como peças fundamentais na empresa; e melhora substancialmente a comunicação entre equipes e gestores.
Como funciona na prática
O primeiro passo de qualquer um dos modelos de gestão é ter, de forma clara e realista, quais são os objetivos estratégicos da companhia. Caso não seja possível, uma alternativa, principalmente para quem está começando neste processo, é definir um objetivo atrelado ao desempenho operacional – o EBITDA, por exemplo.
Em seguida, indicadores de desempenho devem ser definidos para que a equipe consiga avaliar a performance em relação às metas. E um ponto importante é assegurar que os diretores e gestores envolvam as suas equipes, certificando que elas tenham compreensão quanto aos indicadores de desempenho, que saibam qual o seu papel neste processo e quais expectativas devem ser atendidas por cada um.
Mas lembre-se: nenhum modelo de gestão funcionará em sua empresa se isto não se tornar uma filosofia geral de gestão em toda a organização.
Quais são os principais modelos de gestão?
Aqui selecionei três – GPD, BSC e o OKR - dos principais modelos, para mostrar as suas particularidades e formas de aplicação dentro de uma empresa! Vamos lá?
1. Gerenciamento pelas Diretrizes - GPD
O GPD, também conhecido como Hoshin Kanri, foi criado pela Toyota nos anos 1960 e, esse termo, ao pé da letra, significa “gestão por metas”. É um dos modelos mais difundidos no Brasil, quando começou a ganhar forma a partir dos anos 1990.
Sua aplicação parte da premissa que todos os níveis de gestão da empresa devem estar alinhados à meta estratégica da organização, de modo que todos sigam na mesma direção, e assim, possam alcançar bons resultados. Esse método alinha a empresa e seus colaboradores para otimizar tempo e recursos para atingir determinado objetivo.
O grande desafio em sua utilização está em saber desdobrar adequadamente as estratégias e objetivos da empresa, uma vez que esta atividade demanda toda a equipe, incluindo os líderes, que devem ter o conhecimento necessário para a formulação das metas, medidas e ações necessárias para o alcance de resultados. O desdobramento de metas pelo GPD deve ter uma relação de causa e efeito, em que uma meta de um gerente tem como causas as metas dos coordenadores que respondem a ele, ou seja, se este gerente não bater esta meta, uma das causas pode ser a meta de um dos seus coordenadores que também não foi atingida.
O GPD traz uma visão estratégica e visa soluções baseadas em ações desde a alta gerência até a base da organização, unindo a liderança em uma cadeia rígida de definição e atingimento de metas propostas. É fundamental para o desenvolvimento de melhorias na organização, principalmente por conduzir a alta gerência a concretizar grandes mudanças de patamar nos resultados. Ficou claro?
2. Balanced Scorecard - BSC
O BSC foi criado pelos professores Norton e Kaplan em 1992, quando lançaram um artigo explicando o conceito desta metodologia, que é uma facilitadora do planejamento estratégico e tem por objetivo avaliar e melhorar a performance da empresa.
O BSC é um modelo de gestão que permite descrever a estratégia da companhia de forma clara, por meio das seguintes perspectivas:
● Financeira
● Mercadológica
● Dos processos internos
● Do aprendizado e conhecimento
Em cada perspectiva, que se conectam através de uma relação de causa e efeito, há um ponto para ser respondido:
● Os investimentos estão gerando retorno e lucro?
● Os clientes estão satisfeitos com o meu produto ou serviço?
● O que, do processo interno, é essencial para uma entrega de qualidade?
● O que a equipe precisa dominar para gerar um resultado?
Diante disso, e diferentemente de outros modelos de gestão, o BSC extrapola as análises financeiras e analisa a empresa em uma visão 360º, gerando um mapa estratégico que acaba permitindo estipular objetivos futuros e métricas, ou seja, um planejamento estratégico de médio e longo prazo.
Com o mapa estratégico desenhado, a empresa tem uma ideia de onde quer ir e os indicadores avaliam se as ações que estão sendo executadas estão contribuindo ou não para se chegar até este objetivo.
Finalmente, o uso do BSC auxilia na orientação, mensuração e suporte das decisões em diferentes níveis da empresa de forma mais sistêmica, graças a sua visão 360º. No entanto, é importante deixar claro que ele também demanda o envolvimento de todo o time e, principalmente, o entendimento sobre como os processos da empresa contribuem para os seus objetivos estratégicos.
3. Objective and Key Results - OKR
O OKR é um método que foi criado na Intel (se chamava iMBO – Intel Management by Objectives) tonando-se famoso após a Google ter declarado que foi o modelo usado para o crescimento da empresa.
Este modelo de gestão, que tem por objetivo alinhar e trazer cadência para a organização, faz com que as equipes andem na mesma direção, com prioridades e ritmo bem estabelecidos. E uma curiosidade bem diferente em relação aos demais modelos de gestão é que o ciclo de revisão de metas no OKR é curto: a cada 3 meses.
Uma das vantagens de sua utilização é a simplicidade, uma vez que a sua estrutura é composta apenas pelos objetivos (objectives) e os resultados-chave (key results).
E como definir o OKR? Há uma fórmula para defini-lo, que é:
● Eu vou (Objetivo);
● medido por (conjunto de resultados-chave);
Conceitualmente, nos referimos a:
● Objetivos (O): é a direção desejada pela empresa. Um bom objetivo tem que ser descrito para que as pessoas saibam como alcançá-lo.
● Resultados-chave (KR): é o conjunto de métricas com impacto direto nos objetivos.
No OKR, os objetivos devem ser ágeis, com metas cíclicas e curtas, permitindo que sejam cumpridas em dias e não em meses, como em outros modelos de gestão. Ele também é um modelo sistêmico, com propósito de alinhar todos os níveis da organização. E, assim como os demais modelos citados aqui, também depende do envolvimento e do engajamento de todo o time. Ficou claro como é o OKR?
Como escolher o modelo ideal para sua empresa?
Existem vários modelos de gestão disponíveis para utilizar em sua empresa – aqui selecionamos apenas os 3 mais utilizados – e escolher qual o melhor deles pode, sim, ser uma tarefa difícil para muitos gestores.
Cada método tem suas particularidades, suas vantagens e as suas desvantagens. O ponto de partida é entender estas questões, avaliando os prós e contras, além da aderência à cultura da empresa – fator preponderante.
Porém, não se iluda. Em muitos casos será necessário adaptações e até mesmo utilizar de um “mix” de modelos para que seja possível atender a toda demanda da empresa. Caso seja necessário ajustes assim, o ponto de atenção é para que estes não afetem a essência da metodologia.
É importante saber qual modelo se adequa às necessidades da empresa
Toda empresa é diferente, por mais que estejam no mesmo segmento ou com o mesmo produto. A cultura, os valores, o jeito de ser, são elementos que têm grande influência no dia a dia e o modelo de gestão escolhido deve estar conectado a eles.
Não é necessário escolher um único modelo de gestão e se prender a ele. Com o tempo é permitido avaliar a necessidade de uma mudança ou de se incorporar outros modelos àquele já utilizado.
O certo é que um modelo de gestão deve conduzir a empresa a alcançar seus objetivos estratégicos, atendendo premissas como: auxiliar a reduzir o uso de recursos, criar mecanismos de controle efetivos e proporcionar melhoria/crescimento constante.
Como disse, cada método tem suas particularidades, e o ideal é entender o funcionamento da sua empresa e buscar um profissional que possa te ajudar a pensar qual modelo faz sentido para aquele momento.
⚖️ Doutoranda Acadêmica em Direito | Pesquisadora Internacionalista | Advogada Publicista
10 mObg!
Gerente Sênior na EY | Mining & Metals | Operations
3 aMuito bom e completo.