A grande queda
Se o tempo provou que a crise de 2008 esteve longe de representar uma “marolinha” por aqui… a próxima crise tende a ser um tsunami de proporções muito mais significativas para a economia brasileira.
Veja bem:
Na bolha imobiliária americana, o Brasil vinha de anos seguidos surfando o boom nos preços das commodities no mercado internacional…
Vínhamos de crescimento de +5,17% no PIB em 2008. Passamos para retração do PIB em 2009.
Ou seja: fomos afetados de forma relevante mesmo com os nossos fundamentos econômicos em ordem, vindos de anos de bonança.
Agora, vivemos uma deterioração generalizada de nossa economia. Tudo está fora de lugar, com os indicadores nas mínimas em décadas…
Inflação?
Estourou a meta (4,5%) e o teto da meta (6,5%), com o IPCA acumulado de 12 meses marcando +9,5% em outubro de 2015. E segue em um crescendo.
Crescimento?
A projeção do relatório Focus na terceira semana de outubro é de retração de -3,02% em 2015. Se confirmado, será o pior desempenho desde 1990.
Para 2016, as projeções já são de retração adicional de -1,6%.
Contas públicas?
Encerramos 2014 com um rombo de R$ 32,5 bilhões de déficit primário, contra uma meta de superávit primário de R$ 99 bilhões. O descumprimento da meta levantou questionamentos de possível crime de responsabilidade fiscal, exigindo mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias e culminando na reprovação das contas de 2014 pelo TCU.
Para 2015, já se fala em um rombo da ordem de R$ 75 bilhões (podendo chegar a R$ 100 bilhões) nas contas públicas, o que representaria um déficit histórico de mais de 1% do PIB.
Só em setembro de 2015, último dado fechado disponível, a dívida pública subiu 1,8%, atingindo R$ 2,73 trilhões (!).
Produção industrial?
A projeção do relatório Focus ao final de outubro é de retração de -7% em 2015.
Emprego?
Os dados mais recentes reportados pelo Caged apontam que no acumulado dos últimos 12 meses o Brasil fechou 1,24 milhão de vagas de trabalho.
Trata-se de um retrato desagradável e, infelizmente, inegável. Está comprovado nos indicadores.
Hoje a economia brasileira se encontra extremamente fragilizada em todos os sentidos. Estamos totalmente sensíveis às variações externas. Perdemos o grau de investimento. O dólar passou de R$ 1,9 para R$ 4,2 a uma velocidade espantosa…
A esta altura do campeonato, um choque externo seria devastador para o Brasil.
Um choque externo de enormes proporções, então, como o que estamos falando, provocaria uma quebra estrutural e generalizada na economia brasileira.