Gratidão é um passado perfeito

É preciso ser grato. 

Sempre.

Não há sentimento mais gostoso de se sentir do que aquele que surge, quentinho, quando percebemos que recebemos algo assim, de presente, gratuitamente. 

Mas repara que, quando em verbo, vem até meio que no particípio passado: agradecido. 

Se você é grato por algo, esse algo já aconteceu. 

Já foi. 

A gratidão é aquilo que vem depois.

Gratidão é futuro.

E, quase sempre, você não é só grato por algo. Você é grato a alguém.

Alguém que dá literalmente um pouco da sua alma por você. Pra você. 

A graça é aquilo que nos faz vivos. A alma. Parte da própria constituição do ser.

Qual a sua graça? Usava-se no português pra se referir ao próprio nome da pessoa.

Quando alguém nos dá parte de si, ficamos cheios disso, repletos dessa graça, agradecidos. 

Então perceba que, o tempo todo, estamos vivendo coisas que serão objetos poderosíssimos da nossa gratidão, com pessoas às quais seremos gratos e gratas, por vezes pra sempre.

O tempo todo estamos vivendo e sendo alvos do bem sendo feito. Mas o sentimento e a ação que o reconhecem costumam vir depois. 

Quase nunca temos consciência do que estamos recebendo enquanto estamos recebendo. O bem acontece e a gente só para pra pensar e sentir no fim.

Esse post é pra lembrar você de ser grato.

É pra me lembrar também.

Mas é, sobretudo, pra sugerir a você tentar ser grato, antes da gratidão. 

No presente. 

No agora.

Porque o depois é futuro e o futuro é um passado perfeito.

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PS.: Eu não poderia quebrar a tradição deste espaço e terminar este texto sem citar Jorge Drexler. A canção acima, Todo Se Transforma, brinca com a lei de Lavoisier pra lembrar à gente de que o bem que vem até nós, nos atravessa e segue em frente, causando mais transformações da gente pro mundo.