Grupos Sociais na Adolescência: a importância das representações
Há algum tempo tenho trabalhado com jovens na faixa etária entre 15 e 24 anos. Hoje posso dizer que é o trabalho que mais me dá prazer, mas nem sempre foi assim. No início das minhas atividades como psicóloga, o trabalho com adolescentes me assustava, sentia medo em não saber lidar com um público dono de um humor tão instável. A busca por informações e a vivencia junto deles me mostrou o quanto esse público é carente de compreensão e orientação.
A adolescência é uma fase cercada por mudanças, sendo elas físicas, psicológicas e sociais que deixam nos adolescentes a impressão de estarem perdidos. Focando nas mudanças sociais, podemos usar como exemplo duas que devem ser observadas cuidadosamente, são elas: a autoimagem, a preocupação que o jovem tem em relação ao que outro enxerga nele e a inserção em um determinado grupo ao qual se identifica.
Ao que se refere a autoimagem, podemos pensar nos diversos casos de Bulimia (Transtorno alimentar que leva a pessoa a ingerir grande quantidade de alimento e em seguida provocar o vômito ou ingestão de laxante como método compensatório) e Anorexia (transtorno alimentar voltado a percepção da imagem, a pessoa deixa de se alimentar por se achar grande, com excesso de peso, podendo ser fatal) que são divulgados, lembrando que temos acesso por que SÃO DIVULGADOS, e os tantos outros que ocorrem no anonimato?
Além desses, outro transtorno pouco discutido é a Vigorexia (obsessão pelo corpo perfeito, é um transtorno caracterizado pela insatisfação com o corpo), parte dos jovens que aderem a onda fitness, muito influenciada pela mídia, tem apresentado comportamentos que podem levar a vigorexia, principalmente ao que se refere ao uso de anabolizantes proibidos e infelizmente ainda vendidos sem permissão.
Esses são alguns exemplos de comportamentos voltados a autoimagem e a aceitação. Quando o assunto se volta a identificação com grupos diferentes, os cuidados devem ser redobrados, os adolescentes buscam por reconhecimento, querem ser “o legal” do grupo, aquele que todos admiram e para isso as vezes excedem em alguns comportamentos, dependendo do grupo, o excesso pode ser desde encantar as pessoas com sua capacidade de estudar e ser bom em tudo o que faz, até o uso de bebidas alcoólicas, desordens nas ruas, brigas, uso de drogas entre outros.
Essa é a forma usada pelos adolescentes para serem reconhecidos e admirados, vivem como em tribos e parte deles brigando para ser o chefe. Nessa transição da infância para a fase adulta, eles se tornam confusos, inconsequentes e muito imediatistas, as vezes mal-humorados e sem paciência. O que precisam é de compreensão e orientação, cabe aos pais ou responsáveis se tornarem pessoas de referência na vida desses jovens, eles vão precisar de suporte e vão buscar onde se sentirem seguros, então que seja nos pais e não nos amigos.
Aos pais e responsáveis vale lembrar que é importante estar por perto, saber quem são os amigos de seus filhos e quais os lugares que ele frequenta sem pressionar ou usar de autoridade para impor, tudo se resolve com muita conversa e compreensão, seu filho deve ter respeito por você e não medo.
Para finalizar, ao perceber algum comportamento diferente tentar conversar sem repreender ou julgar e se for o caso buscar ajuda de algum profissional, lembrando sempre que dizer NÃO para algumas solicitações também demonstra AMOR e faz parte do processo de educação.