Guerra comercial EUA e China: oportunidade de negócios para o sojicultor brasileiro.
O recente imbróglio comercial entre EUA e China vem movimentando o comércio agrícola internacional. As repercussões elevaram as incertezas e a volatilidade nas bolsas de commodities agrícolas pelo mundo. Contudo, para o sojicultor brasileiro, essa pode ser uma boa notícia.
A potencial taxação de 25% para a soja norte-americana pelo principal mercado consumidor mundial da commodity, a China, automaticamente, eleva a competitividade do grão brasileiro no trading internacional. Inclusive, já aumentaram os prêmios nos portos brasileiros, levando os preços nacionais a um deslocamento das referências mundiais.
Outro impacto nada desprezível é a interferência da guerra comercial no mercado financeiro internacional. O aumento de incerteza no panorama global levou à fuga de capitais dos países emergentes, elevando a volatilidade e depreciando as moedas destes países frente ao dólar. Desde o pronunciamento de Trump sobre as tarifas de ações e alumínio, o Real se desvalorizou em quase 5%.
Nesse mesmo período, os prêmios de soja em Paranaguá-PR avançaram expressivos 50%, enquanto os valores negociados nos portos valorizavam 10%, representando consideráveis oportunidades de negócio ao sojicultor brasileiro.
Pelo lado negativo, tal taxação aumenta os preços mundiais da soja, independente do país que oferte, elevando o custo de produção das esmagadoras chinesas. Isso pode frear, em parte, o apetite da indústria chinesa, o que prejudica, de forma geral, a cadeia produtiva global. Contudo, este ponto parece ser pouco relevante diante das disputas em questão e do próprio tamanho da economia chinesa.
Vale lembrar que, dificilmente, a indústria chinesa conseguirá substituir o suprimento norte-americano em sua totalidade. Entretanto, outros países produtores ficarão mais competitivos e isso significa mais liquidez e sustentação de preços para o agricultor brasileiro para a safra atual e para a próxima.
Do ponto de vista macro, os embates constantes entre China e EUA podem intensificar a busca dos chineses por outros parceiros e, assim, seguramente, o agronegócio brasileiro tem plena capacidade de obter vantagem dessa situação.
Por: Enilson Nogueira e Juliano Cunha (Analistas da Céleres)