Hackathon, por quê não?
Eu sempre vi as chamadas para hackathons pipocando pelo LinkeIn, mas eu não sei programar e sempre achei que isso seria um grande problema. Como eu poderia ajudar uma equipe sem saber programar?
Pensar nisso sempre me afastou desse tipo de competição. Porém recentemente, em um grupo de WhatsApp de profissionais de Tableau, soltaram o link para inscrição do hackathon TáDePé, iniciativa da Transparência Brasil.
Como na proposta do hackathon foi exposto que uma das dificuldades da Transparência Brasil era visualizar e fazer cruzamento de dados, imaginei que eu poderia contribuir com minha experiência de analista de Business Intelligence.
Entre os problemas apresentados, estava claro a dificuldade de engajamento dos usuários em manter e utilizar o aplicativo. Existem pessoas já engajadas e reclamando sobre atraso de obras escolares nas redes sociais. A resposta óbvia era apresentar o app para essas pessoas. Ainda assim, muitas pessoas não querem baixar outro aplicativo e onerar a memória do celular. Simplificando, resolvemos esse problema em três passos:
- Varrer redes sociais atrás de pessoas que já estão reclamando de atraso em obras escolares e de creches.
- Desenvolver um bot para enviar mensagens para essas pessoas, contendo um link para um chatbot no messenger, a Liza.
- Desenvolver um fluxo para que a Liza permita que pessoas mandem fotos, facilitando a fiscalização sem a necessidade de baixar o aplicativo.
Além disso, paralelamente foi desenvolvido uma integração de dados do SIMEC (sistema de controle de verbas federais e também fonte do aplicativo) com dados do INEP, onde temos a média de alunos por ano nas escolas do Brasil, independente se pública ou privada. Mas isso é apenas a ponta do iceberg. Fazendo o vínculo por município, é possível cruzar os dados das obras com dados de criminalidade, gravidez na adolescência, desempenho dos alunos nos provões, entre outros, para possibilitar uma análise da relação desses indicadores com as obras. As possibilidades são infinitas.
Fico muito feliz em contar que o grupo do qual eu participava (FiscaLiza) ganhou a competição. Agradeço muito aos integrantes Alexandre, Julio Cesar, René e Nicolas. Cada um chegou com uma ideia e a humildade em abrir mão do que achava ser a resposta, sem briga de egos. Isso foi fundamental para conseguirmos seguir uma linha de desenvolvimento unificada e ágil.
Ganhei um Chromecast de prêmio (valeu Transparência Brasil), mas mais que isso, pude ver uma palestra de UX da incrível Carla de Bona, uma pessoa que já admirava a muito tempo e conheci através do podcast Hipsters ponto Tech (inclusive indico muito). Também conheci a Samanta Lopes e foi engrandecedor a sua palestra sobre empreendedorismo. Troquei figurinhas com a Marylly Araujo Silva e já virei fã.
Obrigada a staff do Transparência Brasil por organizar o hackathon. A Gabriella Beira, que selecionou as pessoas, está de parabéns por ter selecionado tantas mulheres competentes, talvez não por acaso as duas palestrantes também eram mulheres. Havia um grupo inteiro de mulheres negras, que viajou lá do Rio de Janeiro para participar do evento, inclusive quem quiser conhecê-las, tem o instagram @umunna.negras.
Preciso também dar um agradecimento especial para o Thiago da @pandoapps que deu um suporte técnico incrível e a Jessica Voigt por ter fornecido fonte de dados relevantes e por ter ficado um tempo considerável comigo batendo a cabeça para tentarmos limpar as fontes públicas, já que as mesmas parecem ser dificultadas ao máximo, para que não possamos analisá-las.
Agradeço também a todos os participantes, que cederam seu final de semana por essa causa. O networking é a melhor parte do hackathon e a participação de pessoas de fora da área de TI enriqueceu muito o debate, viabilizando soluções maravilhosas.
Espero que depois de tudo isso eu tenha inspirado você a participar de um hackathon também.