Hackathons: Minhas primeiras experiências.
Imagine chegar em um local cheio de pessoas que você nunca nem viu na vida. Agora imagine montar um modelo de negócio/projeto com algumas dessas pessoas.
Isso são Hackathons, eventos no qual empresas buscam por pessoas pra criar uma solução criativa (e, muitas vezes, tecnológica) para algum problema que esteja afetando o seu crescimento. Geralmente, esses Hackathons duram 24 ou 48 horas, onde os participantes ficam 100% imersos tentando chegar à uma solução aos problemas propostos. É basicamente uma festa do pijama cheia de programadores, designers e gerentes de projetos onde todos trabalham em prol de um objetivo: ajudar as empresas.
Agora que você sabe o que é um Hackathon, eu gostaria de compartilhar as minhas primeiras experiências participando de eventos desse tipo. Talvez isso sirva pra sanar algumas dúvidas ou te deixar mais tranquilo se você estiver pensando em participar de algum. Então, vamos lá:
1 - HACKATHON SENDI 2018 (ENEL)
Minha primeira participação em um Hackathon se deu em 2018, no Hackathon SENDI. Fiquei sabendo sobre o evento no grupo do WhatsApp da faculdade na qual estudo (IFCE - Campus Crato) e fiquei super curioso pra saber do que se tratava. Depois de conversar com alguns amigos meus e tirar minhas dúvidas com o professor Yuri Lacerda, decidi participar do evento. O instituto disponibilizou o ônibus e levou todos os alunos que se inscreveram pra participar do evento em Fortaleza. Estávamos todos animados e nervosos!
No evento, formei equipe com meu grande amigo Rodrigo Ferreira (que, inclusive, escreveu um artigo sobre esse hackathon) e com outras duas pessoas que conhecemos no evento. Algo que deixa a experiência dos hackathons bem mais divertida é não participar do evento com uma equipe pré-planejada. Evitar participar de equipes compostas apenas por conhecidos possibilitou que eu conhecesse novas pessoas e praticasse o pensamento coletivo e o trabalho em equipe. Deixar a timidez de lado é essencial em momentos como esse, por mais que seja difícil. O networking é um dos principais benefícios de um Hackathon.
Todo Hackathon tem um tema principal. No caso do SENDI 2018, foram determinados dois temas que foram sorteados entre as equipes participantes, onde cada equipe tinha 5 pessoas (com exceção da nossa, que tinha 4). Um era sobre manter os dados dos clientes Enel atualizados e outro era algo sobre superlotação de fios em postes de energia elétrica (algo do tipo). A premiação era 10 mil reais pra equipe vencedora. Sim, isso mesmo. 10 mil reais.
O evento durou 36 horas seguidas. Nessas 36h, aprendi a desenvolver uma aplicação básica em React Native, mesmo nunca tendo nenhum tipo de contato com desenvolvimento mobile e o ambiente de desenvolvimento React. Isso me deixou um pouco impressionado pois não achei que era capaz de aprender tanta coisa sozinho em tão pouco tempo. Nosso projeto consistiu em um aplicativo no qual um funcionário tiraria fotos de um poste, então o sistema iria coletar alguns metadados da imagem (como Geolocalização) e o funcionário iria descrever qual o problema desse poste. Todos os dados seriam enviados pra um dashboard que organizaria essas informações.
Depois de construir o projeto e apresentar a explicação técnica, Rodrigo apresentou o pitch. Nós não vencemos. MAS, o importante é que nos divertimos muito! O pessoal era muito bacana e fiz muitas novas amizades e contatos nesse evento. Inclusive, uma das amizades que fiz lá foi responsável por me fazer começar a trabalhar na Enel Brasil, o meu amigo Wesley Santana. Sou muito grato por tudo que aprendi e consegui absorver nesse Hackathon, além de ser muito grato aos meus amigos e professores que participaram dessa experiência comigo.
2 - HACKATHON PARA UNIVERSITÁRIOS 2019 (LUIZALABS)
Um ano depois, em setembro de 2019, participei do Hackathon do LuizaLabs em São Paulo. Fiquei sabendo sobre o evento por meio de Rodrigo e logo compartilhei com o pessoal da faculdade. A Magazine Luiza disse que iria arcar com o custo da viagem e hospedagem até o evento (eu moro no Ceará, portanto viajar pra São Paulo ia sair bem caro). Teve um processo de seleção com aproximadamente 200 participantes, no qual apenas 15 foram escolhidos.
Dentre esses 15 participantes, estavam: eu, Monick Nogueira e Igor Melo, dois amigos meus da faculdade. Estávamos muito ansiosos pro evento, já que nós três nunca tínhamos viajado de avião e nem conhecíamos São Paulo. A viagem foi muito mais tranquila do que eu esperava e chegamos de manhãzinha cedo, DESTRUÍDOS DE SONO. Depois de darmos uma descansada no Hotel, estávamos preparados (mais ou menos...) pro evento!
Chegando lá, fomos recebidos pela organização do evento e esperamos em uma sala. Percebemos que tinha pouquíssima gente na sala (15 pessoas). Nós não sabíamos que eles tinham selecionado apenas 15 participantes, e estávamos nos perguntando: "onde estão os outros?". O Hackathon da Enel tinha muita gente comparado à esse, e tal contraste é bem interessante de se notar. Percebi que as pessoas interagem mais e são mais unidas quando o Hackathon tem uma quantidade pequena de pessoas, o que tornou a experiência bem agradável.
Depois de decidirem o tema, que foi: como vender produtos de cauda longa e melhorar a experiência do usuário nos apps, todos os 15 participantes voluntariamente formaram um círculo e começaram a se apresentar. Todos falaram seu nome, sua idade, quais tecnologias gostavam de usar e quais eram seus hobbys. Depois disso, naturalmente as equipes foram formadas. Minha equipe era composta por mim, Júnior Valdez e Carlos Batista, que perguntaram se eu gostaria de participar com eles.
Diferentemente do Hackathon da Enel, passamos grande parte do evento planejando o nosso projeto, sem prototipar/programar nada. Na realidade, nós nem criamos um software funcional para o produto final, apenas um dashboard que eu fiz rapidinho em React que exemplificava nossa idéia. Nossa equipe entendeu o tema de forma incompleta, e focamos em apenas melhorar a experiência do usuário e o processo de cadastro de produtos nos apps da Magazine, quando, na realidade, eles queriam que focássemos especificamente nos produtos de cauda longa. Isso nos prejudicou bastante.
Depois de uma madrugada extremamente cansativa na base de comida, café e energético (quase infartamos), e um tempinho de descanso, estava na hora de fazer o pitch. Tivemos um Workshop com a Aline Gomes que nos deu umas dicas do que fazer (ou não) durante a apresentação de um pitch. Ela nos ensinou exercícios de relaxamento, técnicas para enganar nosso cérebro (pra não ficar nervoso), dentre outras coisas. Foi uma experiência curta, porém muito rica em conhecimentos que certamente serão pertinentes em próximos eventos que participarmos.
Após isso, chegou a hora da verdade. Nossa equipe decidiu que apenas uma pessoa apresentaria o pitch da equipe, e essa pessoa era eu. Nunca apresentei um pitch em um evento, então foi uma ótima oportunidade de treinar essa habilidade. Eu nem tava nervoso quando estávamos planejando, mas quando sentei na cadeira pra esperar minha vez, o nervosismo bateu. Ficar nervoso faz parte do processo, então não estava tão mal. Era uma mistura de ansiedade e empolgação. Então, foi isso. Chegou minha vez, eu subi lá e falei sobre nosso projeto.
Gaguejei um pouco, faz parte. Tremi na base, mas também faz parte. O importante é que consegui comunicar a idéia do projeto, os erros fazem parte do aprendizado. A gente erra pra não errar na próxima vez. Falei por uns 6 minutos sobre o surgimento e desenvolvimento da nossa idéia, e mostrei o dashboard que eu projetei para o projeto. Quando terminei, o pessoal fez algumas perguntas e elogiaram minha apresentação. Meus colegas de equipe ficaram satisfeitos (mesmo todo mundo suando de nervoso), e até um pessoal da organização veio me elogiar. Não foi perfeito, nada é perfeito, mas a gente tenta e uma hora chega lá.
Depois, chegou o momento pelo qual todos esperavam: eles anunciaram as equipes vencedoras. Infelizmente, nossa equipe não foi vencedora. Como eu disse, a gente meio que tangenciou o tema. Mesmo assim, o resto das equipes tiveram projetos maravilhosos e com certeza mereceram a vitória. Em especial, gostaria de destacar a equipe do pessoal que viajou comigo, composta por Monick Nogueira, Igor Melo e Tabatha Macedo que ficou em segundo lugar! Pense em uns cearenses arretados da gota!
CONCLUSÃO
Então, é isso. A gente ainda conheceu um pouco de São Paulo, mas isso já não se encaixa no assunto desse artigo. Minhas primeiras experiências com Hackathons abriram meus olhos para um mundo de oportunidades: de aprender, conhecer novas pessoas e colocar idéias em prática. Se você puder, deixe o nervosismo e o medo de lado, participe de um evento desse tipo e sinta a experiência pessoalmente.
Tenho que agradecer à Enel e ao LuizaLabs por tornar essas experiências possíveis e por acreditar no poder da inovação por meio da tecnologia. É gratificante ver que empresas estão dispostas à pagar passagens de avião e fazer você atravessar o Brasil só pra absorverem o conhecimento que você tem para oferecer. Sentir o reconhecimento do seu trabalho é uma das melhores experiências que um profissional pode sentir.
PRONTO, JÁ ENROLEI DEMAIS! Caso ainda tenham alguma dúvida, pode perguntar que eu respondo! Meu conhecimento é limitado mas estamos aqui pra ajudar :)