Happycracia... você é uma pessoa otimista?

Você se considera uma pessoa otimista?

Bem, considerando dados estatísticos, provavelmente, você respondeu que sim, e isso é ótimo. Principalmente se esse otimismo for mesmo genuíno!

No entanto, talvez a pergunta mais adequada a ser feita seja: “Você se considera uma pessoa otimista o tempo todo e para todas as situações?”

Agora sim, se você respondeu afirmativamente, então há grandes chances de que esteja sofrendo da Happycracia, ou seja, você escolheu ver somente as coisas boas da vida e pode estar se tornando uma pessoa incapaz de lidar com o sofrimento, com os erros e derrotas, tão naturais no cotidiano de qualquer pessoa.

Quero dizer que não importa o quão otimista você seja, sempre haverá momentos em que as coisas não serão como se esperava. Sempre haverá motivos para tristeza e derrotas, pois, essa é a essência da vida. Os erros, as derrotas e os momentos de tristeza são fundamentais para podermos evoluir e nos tornarmos pessoas melhores, mais capazes e mais fortes.

Mercado da felicidade

Muitos autores de publicações sustentam que a felicidade é apenas uma questão de escolha e que: "... a ciência da felicidade não só nos obriga a ser feliz, mas também nos culpa por não levar uma vida mais bem-sucedida e gratificante." Trecho citado por Edgar Cabanas e Eva Illouz no livro: “Happycracia: Fabricando cidadãos felizes”.

E, como muito bem ilustrado pelo poeta e filósofo espanhol Miguel de Unamuno quando disse:

“Não são as nossas ideias que nos fazem otimistas ou pessimistas, mas o otimismo e o pessimismo de origem filosófica que fazem as nossas ideias.”

Então...

Ser otimista o tempo todo e para todas as situações pode camuflar problemas sérios sobre a incapacidade de viver com os momentos difíceis da vida. O copo cheio o tempo todo pode levar a uma situação distorcida da realidade. Além do mais, enxergar o copo vazio pode ser uma ótima oportunidade para avaliar a sua capacidade de resolver problemas e ainda de se beneficiar do prazer de ter conseguido.

Os momentos difíceis são importantes para valorização dos que são efetivamente de felicidade. Talvez, uma vida feita somente de momentos felizes pode banalizar a felicidade que perderá seu valor com o tempo. Há e haverá sempre momentos para o otimismo, assim como, momentos em que o pessimismo será a resposta mais realista.

Desta forma, ser pessimista não significa que você não acredita nas pessoas ou em si mesmo, mas apenas que há momentos e situações em que a realidade precisa ser encarada e respeitada. Quando estes momentos estiverem diante de você, encare-os com normalidade e não sofra por eles mais do que o necessário.

Seja resiliente, e aí sim, use o seu otimismo para acreditar que dias melhores virão. Nada de esconder o fato de que também virão os dias mais difíceis como em um ciclo. E quando os dias ruins estiverem à porta, abra e receba-os com a determinação e confiança de ter desenvolvido todas as habilidades necessárias para vivê-los de cabeça erguida.

Cenário ideal x cenário real

Achar que alguém no mundo é feliz o tempo todo é um grande equívoco. Felicidade é saber viver também com a diversidade, superar dificuldades, entender, compreender e aceitar que não somos perfeitos ( e nem há um mundo perfeito...). Portanto, quando estiver diante de um pensamento pessimista não o critique e nem o espante, mas acolha e entenda-o. Talvez seja neste exato momento que a luz iluminará o caminho a partir do sensação de incômodo que sentirá.

Mas, se quiser ter um comportamento mais assertivo trabalhe com três cenários: um otimista, um pessimista e outro realista. Lembre-se:

a imperfeição é o melhor caminho para a evolução!

E assim, desejo que possamos ter uma vida longa e próspera imersa em bem-estar e qualidade de vida, tanto em seus momentos de otimismo, como os de pessimismo. Mas, que não me perca de vista!