História da Arte para Criativos
Textura realizada para um projeto recente ainda não publicado

História da Arte para Criativos


Tenho sentido falta de conversar sobre arte. Tenho sentido saudades, também, de escrever sobre arte e de receber feedbacks de criativos sobre as ideias que ficam aqui arranhando dentro da cabeça. 

Como vocês sabem, além de ilustrador e designer, sou professor de arte. Quero dizer... Faço algo que talvez possa ser chamado de design desde sempre: no primeiro computador que eu tive, um semp toshiba com Windows VIsta (quem lembra?), eu já adorava fuçar em programas de edição de imagens, photoshops genéricos que me apareciam no baixaki, e criar vídeos copiando o estilo dos vlogs de 2009 do YouTube (ainda bem, jamais publicados). Mais tarde, depois de muitos cursos e formações, identifiquei no processo criativo do pequeno Giovaninho algo do Design Thinking, já ali alguma metodologia de descoberta, definição e prototipagem embrionária. Mas a minha primeira formação acadêmica foi em Artes Visuais (Licenciatura), e isso fez de mim professor. Ainda bem, porque eu adoro falar das minhas brisas.

Agora, longe das salas de aula há algum tempo, mergulhei de cabeça no mercado criativo, mas a bagagem do eu de 17 anos que ficava de boca aberta com cada nova descoberta nas aulas de história da arte, persiste. Em cada solução criativa, algo de um modo de pensar através da história da arte ainda influencia meus trabalhos.


Trabalho de ilustração editorial recente


Ah, Giovane, mas arte é arte e design é design. Ok, jovem, podemos discutir isso outra hora. Mas o fato é que quando se trabalha com imagens e se quer produzir algo realmente legal, na minha perspectiva, não basta fazer uma pastinha ou moodboard com um milhão de referências visuais. É fundamental conhecer A FORMA DE PENSAR IMAGEM de outros povos, tempos e culturas. Você já parou para pensar que talvez, apenas talvez, a solução criativa que você procura já foi feita por um egípcio há cinco mil anos?

Vamos a eles, talvez o ponto inicial dos cursos de história da arte mais tradicionais: o antigo Egito.



Quando se olha uma pintura produzida por um Egípcio no segundo milênio antes da era comum, pode-se achar rústico, mal acabado, por vezes infantil, porque o artista egípcio não copiava fielmente a natureza ou a realidade para representá-las da forma com a qual os nossos olhos enxergam (com perspectiva, profundidade, luz e sombra etc.). MAS TAMPOUCO VOCÊ O FAZ QUANDO ILUSTRA OU CONTRATA UM ILUSTRADOR PRA UM ILLUSTRATION SYSTEM! Isso porque estamos falando de escolhas, de determinadas visões de mundo e objetivos. Para o Egípcio, a ideia não era representar as coisas como os olhos a vêem, mas como elas SÃO! E isso faz uma grande diferença.

Então o egípcio não desenhava de acordo com o que os olhos viam, mas de acordo com o que eles acreditavam que seria a maneira mais fácil de se reconhecer uma cena ou objeto! 

E não é isso justamente o que buscamos muitas vezes ao ilustrar para uma interface, uma marca ou um livro? Fazê-lo da forma com que a experiência do usuário seja mais fluida através do quão reconhecível é aquele desenho? 

Dá uma olhada nessa reprodução de uma pintura egípcia aqui embaixo (a original foi feita por volta dos anos 1400 a.e.c e estava na tumba de um oficial chamado Nebamun). 

Fragmento reconstruído da tumba de Nebamun, hoje no British Museum.


O artista representou os peixes lateralmente, porque essa é a forma que você imagina um peixe quando pensa nele. O mesmo vale para as árvores e para os pássaros. Mas o tanque de água foi representado visto de cima porque, advinha? Essa é a forma mais evidente de reconhecermos o que ele estava representando ali. Portanto, não se trata de dominar essa ou aquela técnica, de saber ou não saber usar determinado estilo. Trata-se de uma escolha criativa. Uma escolha que estava relacionada com os valores, ideias e códigos daquele momento. Uma escolha com as que tomamos todos os dias quando decidimos abstrair esse ou aquele elemento, contratar esse ou aquele parceiro, utilizar esse ou aquele estilo.

Quero conversar com vocês sobre história da arte a partir dessa perspectiva, pensando em soluções criativas, estilos e técnicas.

O que seria da ilustração moderna sem Matisse? 

Boa parte da minha argumentação para esse texto foi baseada nos primeiros capítulos de um clássico dos cursos de arte, A História da Arte de Ernst Gombrich.

Essa é a História da Arte para Criativos, minha nova newsletter. Bora conversar?

Que descoberta feliz! Obrigado por compartilhar e parabéns pelo conteúdo, já assinei e to ansioso pra continuar recebendo essa fonte de inspiração tão rica!

Você leu meus pensamentos. Conteúdo ótimo.

Adorei a newsletter! Obrigada por compartilhar um pouco da sua visão do mundo. Eu concordo plenamente com você quanto à importância de conhecer estéticas de diferentes épocas, pessoas e culturas. E realmente acredito que ilustradores, designers e diretores de arte devam estar cientes das opções estéticas que são ideais para cada projeto. Eu acho muito bonita a arte egipcia antiga, é bem interessante o tipo de estilização que era proposta, ao mesmo tempo tão detalhada e tão minimalista... Aliás os diferentes tipos de estilização de diversas épocas me fascinam! Vou acompanhando sua newsletter por aqui e espero que possamos ter boas conversas sobre arte (seja lá o que cada um acredita que ela é rs) :)

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