As histórias de Janeiro de 2019
Veremos smartphones no futuro? Foto: Eddi Aguirre/Unsplash

As histórias de Janeiro de 2019

Começou o ano e muita coisa aconteceu. O Fórum Econômico Mundial e a CES dando alguns sinais importantes enquanto a Apple teve um mês turbulento. A Gillette assumiu uma posição firme contra a masculinidade tóxica, fazendo uma mea culpa. Os ecossistemas empreendedores passam por uma mudança importante e no Brasil um importante estudo sobre automação foi divulgado.


Davos esvaziado, automação no escuro e os sinais da crise

O Fórum Econômico Mundial em Davos foi marcado pela ausência de algumas importantes lideranças. O mais importante de Davos não foi aquilo que foi mostrado - como argumenta este contundente artigo do New York Times sobre como a automação é discutida pela elite econômica fora dos palcos. Se você tem medo da automação, este artigo da BBC é um ótimo ponto de partida para se preparar e se manter relevante no mercado de trabalho.

E enquanto isso, CEOs de destaque se mostram preocupados com a economia mundial, conforme pesquisa da PwC. Existe a preocupação de que o débito de algumas empresas gere uma importante crise econômica nos próximos meses e, embora não seja algo do tamanho da crise de 2008, boa parte da preocupação tem a ver com o cenário político internacional: o grau de cooperação não é o mesmo de outrora e importantes conflitos tem sido destaque - Guerra comercial (EUA x China) e Brexit (Reino Unido x União Européia) são tópicos que tem tirado a tranquilidade dos tomadores de decisão.


CES 2019 sem grandes destaques e marcada por polêmica

Não sou o maior entusiasta da CES e dos gadgets high-tech apresentados ali voltados para o consumidor, mas é um evento de tecnologia e varejo relevante. A manchete do robô sendo atropelado por um carro autônomo durante o evento é sintomática do quão problemática é a nossa relação com a tecnologia.

Para quem se interessa pelos gadgets, deixo essa lista de destaques publicada pela Wired (a quem eu confio na sua curadoria). Ninguém roubou a cena, mas os insights mais interessantes do evento são a importância que os fabricantes estão dando à voz e a tendência de estarmos nos encaminhando para uma era pós-smartphone. Coincidência ou não, as empresas líderes no setor de telefones celulares têm precisado baixar suas expectativas de venda.

A nota triste do evento fica por conta da decisão da organização na decisão de voltar atrás na premiação de um vibrador por uma suposta alegação de 'imoralidade'. Ficou parecendo um desmerecimento ao prazer feminino tendo em vista o histórico do evento que já premiou dispositivos eróticos voltados ao público masculino.

O mês para a Apple esquecer

O ano começou com as ações da Apple despencando por conta da queda das suas vendas na China, reforçando a impressão de que a empresa está num momento ruim nos últimos meses. E também em Janeiro a empresa demitiu 200 pessoas que faziam parte de um projeto de carros autônomos da empresa - rumores dão conta de que a empresa está mudando o direcionamento do projeto, desistindo da ideia de projetar um carro para se focar em software para esses veículos.


Gillette se posiciona contra a masculinidade tóxica

Marcas tomando posição tem se tornado uma norma, e agora foi a vez da Gillette. A marca dos barbeadores lançou um vídeo em que questiona os esteriótipos associados à masculinidade mirando o Super Bowl (maior evento do show-business americano e um espaço tipicamente masculino) com direito até mesmo a uma auto-crítica com relação a campanhas passadas da marca.

O anúncio dividiu opiniões. A caixa de comentários do vídeo no Youtube foi marcada por críticas de homens incomodados com o questionamento; Uma parte do público saudou a iniciativa e ressaltou a importância de uma marca com o porte da Gillette colocar esta discussão em pauta enquanto outros questionam as reais intenções da marca sugerindo que ela está se aproveitando de uma onda de ativismo para lucrar em cima.

Ainda que se espere posições das marcas, isso não significa que os posicionamentos agradarão a todos.


Repensando as startups

Quem já teve contato com startups sabe que muitas delas, mesmo em estágios iniciais, já tem planos para obter financiamentos ou o chamado exit (a compra por uma grande empresa). Mas esse modelo típico do mundo de startup está sendo repensado.

Israel, país conhecido pelo bem sucedido programa 'startup nation' que foi decisivo para fomentar o prolífico ecossistema local está precisando fazer ajustes importantes na sua relação com o empreendedorismo. Gigantes da tecnologia tem comprado startups locais e transformando-as em centros de pesquisa (que geram menos empregos), além de que suas ofertas salariais muito atraentes tem afastado profissionais de trabalharem com empresas locais.

Paralelamente, surge nos Estados Unidos um movimento de empreendedores que estão fugindo dos investimentos de Venture Capital. As ingerências dos investidores e a pressão por resultados mais rápidos tem feito com que empreendedores se esforcem até mesmo para recomprar a parte da empresa oferecida a investidores, tamanho o desgaste de relacionamento.


Automação à brasileira

Enquanto em Davos a automação fez parte de uma agenda não tão mostrada ao público, no Brasil, o Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações da UnB (Universidade de Brasília) publicou um estudo projetando o impacto da automação no nosso mercado de trabalho. Segundo o estudo, 54% dos postos de trabalho existentes hoje no Brasil estão sob o risco de serem permanentemente desativados por conta de avanços tecnológicos.

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