Hoje decidi me despir e espero que vocês façam o mesmo.
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Hoje decidi me despir e espero que vocês façam o mesmo.

Nos últimos meses publiquei inúmeras frases motivacionais que levassem à uma reflexão acerca de questões pessoais e profissionais.

Mais recentemente desvendei que a ideia por trás disso é trazer as pessoas para a Engaging, rede social que lançarei nessa segunda-feira, dia 30/07.

Na concepção está a ideia de transmutar situações desagradáveis em propósito e descoberta de pontenciais que permitam um novo olhar e uma caminhada frutífera.

Não tenho dúvida de que é necessário dividir a dor para poder seguir mais leve, deixando o que não faz mais sentido para trás.

Isso dito, sinto que preciso fazer um grande parênteses aqui. Não posso simplesmente falar de empatia, de dividir histórias sem abrir a minha própria, explicando a origem disso tudo.

E não tenho nenhum pudor em fazê-lo. Relações verdadeiras são baseadas em confiança e a transparência faz parte do processo.

Não sei quantas pessoas lerão esse texto, mas se eu puder impactar ao menos uma, estarei feliz!

É preciso que você acredite que falo por experiência própria. Sei das dores, das dificuldades, anseios, dúvidas e tudo mais que trataremos aqui em algum momento.

Mas digo com propriedade também: é possível dar a volta e encontrar um novo caminho de propósito. Essa rede é isso para mim e espero que seja para todos que aceitarem meu convite de conhecer a Engaging!

Portanto, é aqui que começo a me despir. Segue meu relato pessoal.

Sobre tabus…

Não sei bem o motivo, mas a sociedade não costuma tratar certas questões como depressão abertamente. Isso sempre me incomodou.

A pessoa que passa por isso acaba se sentindo ainda mais triste e excluída, piorando seu quadro.

Vamos falar abertamente?

Depressão é uma doença como outra qualquer e não são as pessoas fracas as únicas vítimas.

Essa é uma doença séria, que precisa de atenção e cuidado. E a primeira coisa que precisa ficar clara é que nem sempre a pessoa que passa por isso consegue fazer essa leitura. Portanto, tenhamos empatia para acolher e ajudar o outro a reconhecer e enfrentar essa questão.

Eu mesma passei por isso há três anos quando fui vítima de assédio moral. No início relutei, mas tive o olhar de pessoas que me ajudaram a entender meu quadro e buscar ajuda.

Com tratamento, me fortaleci e consegui me manter firme no meu trabalho apesar das questões que me levaram a ficar doente. Não joguei a toalha, fui resiliente. Não deixei de sofrer, mas não estava mais deprimida e isso foi fundamental.

Ao ser demitida no ano passado, voltei a ficar doente. Dessa vez, abalando inclusive minha saúde física.

E esse aspecto me leva a outro questionamento: Até quando insistir em um emprego que lhe faz mal? 

Uma das piores dores é a da ingratidão. Você sente que se doou, que vestiu a camisa, que fez o seu melhor apesar de inúmeras situações e depois de tudo é descartado como um papel higiênico sujo (desculpem a comparação, mas é preciso que entendam o sentimento).

Essa primeira sensação é avassaladora e você acaba por sentir raiva de si próprio. “Por que insisti e me doei tanto?” “Por que não busquei outro caminho?” “Por que não fui conversar com aquele headhunter que me procurou?”

Essas são apenas algumas das perguntas. E nem entramos na fase do medo do desemprego em si, das questões práticas que se seguem.

Olhando para trás consigo dar algumas respostas para essas questões. É verdade que eu gostava do que fazia e de muitas coisas, mas a partir do momento em que comecei a ser assediada e nada fiz, cavei minha própria derrocada.

Quando nos acomodamos e aceitamos certas coisas, perdemos nossa dignidade. Nada justifica! Hoje sei que resiliência não é algo sempre bom. Há que se ter cuidado com isso e estabelecer limites que lhe façam agir.

E esse agir traz novas questões: Por que somos mal vistos ao buscar reparação na justiça? Por que nos ameaçam dizendo que ao buscar nossos direitos teremos menos chances de nos recolocar? Por que assédio moral vale menos que hora extra aos olhos da justiça? Você precisa provar o dano moral, mas não pode se dirigir ao juiz responsável pelo seu julgamento! Oi?! Sim… Apenas “sins” e “nãos” para perguntas que não refletem toda a história…

Infelizmente para essas questões, não tenho respostas. São fatos, dogmas. Mas só cabe a nós questionar e cobrar mudanças. Se deixamos pra lá, seremos sempre vítimas acuadas. Como tudo que aceitamos em nosso país, mas isso é outra história.

Seguindo nesse relato não tão breve, preciso falar sobre outra verdade pouco falada.

Temos dificuldade de nos abrir com quem está mais próximo. Por mais que recebamos apoio e carinho, não é algo fácil. Em contrapartida, quando encontramos pessoas que estão passando pela mesma situação, tudo flui.

No meu caso, morria de medo de encontrar conhecidos na rua e evitava sair nos horários em que isso poderia acontecer porque em muitas ocasiões percebi que esse encontro deixava as pessoas ainda mais desconfortáveis do que eu porque ficavam sem graça de me perguntar o que eu estava fazendo, com medo de me magoar e constranger… 

Por outro lado, ao frequentar grupos de networking, tratávamos das dores e aflições sem o menor problema. Estávamos todos no mesmo barco, sabíamos o que era. E fazíamos assim nossa catarse coletiva.

Essa experiência me fez ver que eu não era diferente e que minha dor era a mesma de muitas outras pessoas e que com tantos desempregados, era preciso ampliar de alguma forma essa rede de apoio porque nem todos tinham a possibilidade de fazer parte de grupos como aquele que eu tive a benção de conhecer!

E assim eu achei meu caminho. A Engaging é isso! Na vontade de ajudar, me curei! 

Não vou dizer que não sinta medo. Abrir mão da segurança da CLT, dos benefícios, do plano de saúde e de todo o pacote que tinha, é desafiador para dizer o mínimo.

Além disso, empreender não é simples. Mas entendi também que estamos caminhando para um novo ciclo em que as relações trabalhistas estão mudando, assim como as profissões do futuro serão outras.

Portanto, era mesmo hora de seguir um caminho solo. Temos que saber ler o cenário e o momento de parar de insistir no mesmo modelo.

Qual é o seu ciclo? Essa é uma pergunta fundamental! Com essa resposta, precisamos buscar o caminho, fazer o ajuste e é isso que essa rede pretende ser também. Uma bússola que ajude na leitura.

Enquanto não somos capazes de entender para onde vamos, precisamos fazer cortes, ajustes e nos capacitar e isso também será tratado na Engaging, por especialistas de cada setor. Pessoas que vão dividir seu conhecimento para nos ajudar.

Lembremos que independente do nosso momento atual, precisamos pensar no dia de amanhã e ajudar é sempre possível. Seja com empatia, seja com uma recomendação ou compartilhando conhecimento.

 Para fechar esse relato, queria mencionar uma última questão. De todos os confrontos, olhar-se no espelho talvez seja o mais complicado.

Geralmente somos bem impiedosos com a "pessoinha" que mora dentro da gente. Carregamos medos, culpas e nos sabotamos em muitos momentos. Não é saudável e sustentável por muito tempo.

Portanto, permita-se ser quem você é, fazer o que lhe dá prazer e sobretudo: errar sem medo. É na tentativa e erro que a resposta aparece. E assim aos poucos, vamos lapidando o que for necessário.

No meu caso, sei que enfrentarei algumas críticas e que nem tudo está perfeito como gostaria. Sinto ansiedade, é claro. Mas ela não me paralisa. O importante é seguir com a certeza de estar fazendo o meu melhor enquanto vou aprendendo e corrigindo a rota. 

É isso. Espero que minha jornada tenha lhe feito pensar. Não tenha vergonha da sua história. Não permita que ninguém lhe tire a autoestima e a alegria. Não fique acomodado em algo que não lhe faça bem. Busque o seu propósito!

Estamos Juntos!

🌹Suzie Alberti

Formação de Liderança✨️ Programação Neurolinguística, Mapeamento de Maturidade Emocional, Design Thinking e Mulher Empreendedora que busca tecnologias e tendências para Apoiar, quem quer Empreender🌟 🎯 Apoio & Conexões

6 a

Claudia, parabéns. Inspirador seu depoimento é *conversou* comigo, que vivo uma fase semelhante de desafiadora decisão. Qual rumo seguir. Creio que não fui, não somos, comumente preparados para tomar decisões e sustentar a decisão tomada, para isso precisamos ter maturidade emocional. Vivo um dilema, apesar dos meus quase 50 anos de vida e 30 de carreira, sendo que 20 anos, dedicados à boas transformações humanas, área que amo. Tenho lido muito, ouvido meu coração, já que desde Janeiro de 2017, mudei radicalmente da grande cidade, apartamento para uma chácara no interior. Este espaço propícia muito o contato com meu silêncio, ao mesmo tempo, com meus monstrinhos....rs que me põe à prova e uma delas, *Nossa ajudei tanta gente nestes 20 anos. .... E como não sou capaz de me ajudar?* ....Aos poucos vou percebendo que eu ajudo e posso buscar ajuda e isso não me torna menos competente e capaz. É um processo. Está caminhando e fortalecendo. Continue seu movimento. Sucesso e se eu puder contribuir, o farei com maior prazer! Sucesso e paz👐

Priscila França de Figueiredo

Mãe do Pedro / Advocacy / Relações Governamentais / Articuladora de Redes Sociais / Terceiro Setor / Gestão Pública / Gestão de Projetos

6 a

Que emocionante, humano e encorajador seu texto! Me enxerguei demais em suas palavras! Já me cadastrei no site! Parabéns pela sua iniciativa em compartilhar e caminhar conosco nessa reinvenção! Estamos juntas! Ah! Solicitei conexão aqui no IN pra você! Forte abraço!

Fernando Marcondes,CFP®

Senior Financial Partner at Davos Financial Partnership

6 a

Parabéns pelo relato e boa sorte nessa nova caminhada.

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