Homo Deus: quando o futuro, mesmo ruim, ainda pode te fazer pilhar.

Homo Deus: quando o futuro, mesmo ruim, ainda pode te fazer pilhar.

Acabo de sair de uma aula-encontro excelente. Conheçam o trabalho da Lidia Zuin, vale muito a pena. A plataforma é o Oli, a machine teaching do pessoal da Aerolito - Santiago Andreuza na cabeça.

Os participantes todos se manifestam, e as visões possíveis, vindas da Sci-Fi, muitas vezes se amontoam. Dentro disso tudo, se destaca com clareza algo: é meio que consenso ali a visão não-idealizada do Sapiens.

Todo mundo concorda que o Sapiens não é o topo da criação. Chamo de efeito Homo Deus. O Harari coloca isso como pré-requisito para entender sua obra, aliás.

E me vem o Tiago Mattos, sempre ele, o cara mais rápido que eu conheço, com a idéia que o DNA itself manda. Nós seríamos a casca, a moldura, para que o DNA possa sobreviver. O DNA criou o resto como consequência pra seguir se replicando, se perpetuando.

Se isso é verdade ou não, eu não sei, mas traz uma infinidade de desdobramentos possíveis e de respostas a algumas angústias. Pode servir para responder à aparente falta de sentido das coisas, da confusão evolucional que é prover o ser humano de sensibilidade e tirar dele a capacidade de entender o porque das coisas, o porque do acaso, da aleatoriedade. Se somos uma mera consequência e não a causa da vida, weeeeeell, a coisa muda de figura.....

E a aula vai sendo bordada assim, uma literal construção coletiva. Tem que ser bem preparado para poder participar, tem que ter um cimento prévio de cultura e reflexão para acompanhar. Mas o resultado não é menos que belíssimo.

A galera sente o Harari e seu Homo Deus como um consenso; mesmo que ele delineie futuros ruins, porque futuro é que nem apresentação no power point (aceita qualquer coisa), ele consegue fazer com que lidemos com as impossibilidades humanas, faz com que tenhamos compaixão por nós mesmos e que tracemos malabarismos pra ter esperança...

Sim, somos irrelevantes; sim, temos pouca autonomia real, ao sermos biologicamente preparados para responder sob alguns padrões fixos; sim, sabemos menos do que achamos que sabemos; e sim, hoje sabemos disso - que sabemos e escolhemos bem menos que acreditamos.

Mas ainda assim temos, como espécie, o cultivo da esperança - mesmo que os meios, a tecnologia e tudo o demais as vezes falhe. E a esperança, em uma geração, arranca leite de pedra, descobre a partícula de Deus, mapeia o framework que transforma uma molécula em outra coisa.. A esperança nos ensinou a editar o próprio DNA para que ele seja mais forte e perpétuo! Estamos ou nao a serviço dele? E mais do que isso, servos felizes?

Gente, coisas como a aula de hoje me fazem (às vezes) crer num futuro melhor. ;-)

Pois se (mesmo que a duras penas) estamos a serviço de DNA, vamos no final sobreviver. Nem que não seja mais sob o título de Ser Humano - e sim outra coisa maior e melhor.


Yesssssssss.

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